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Alguns dias se passaram e logo chegou o dia 10 de dezembro. A festa de boas-vindas para os novos estudantes, professores e demais funcionários estava prestes a começar. O clima na universidade era de entusiasmo e renovação, mas para mim, era apenas mais uma noite. Eu não esperava muito dessa celebração, exceto o habitual: algumas conversas triviais e sorrisos educados. Contudo, havia algo diferente no ar, uma inquietação que eu não conseguia explicar.

Coloquei meu paletó e me olhei no espelho por um instante. Tudo parecia estar em ordem, pelo menos por fora. Internamente, ainda carregava a exaustão dos últimos anos, mas a rotina me mantinha em movimento. Aquela festa, por mais banal que parecesse, poderia ser o começo de algo novo - ou talvez apenas mais uma noite qualquer. Embora, eu também pudesse apenas aproveitar com meu padrinho, ele quem conseguiu me convencer estar presente hoje.

Suspirei e saí, pronto para o que viesse.

Enquanto dirigia, já próximo ao salão de festas, um lugar grandioso e iluminado, o GPS me pregou uma peça e me levou por uma rua diferente. Ao fazer a curva, abaixei o vidro do carro, como de costume, para ter uma melhor visão da estrada. Foi nesse momento que a vi. Uma jovem de feições serenas, com longos cabelos que caíam até o meio das costas, caminhava com passos firmes. Vestia um vestido branco longo, que contrastava com sua expressão séria e distante. Ao seu lado, uma senhora que julguei ser sua mãe a acompanhava, mantendo o mesmo ritmo.

Algo naquela cena me fez desacelerar por um instante. Havia uma familiaridade na postura da jovem, algo que me chamou a atenção, mas antes que eu pudesse racionalizar, segui em frente, retomando o caminho para a festa.

Mas aquela imagem ficou em minha mente por mais tempo do que eu esperava, uma curiosidade vaga sobre quem poderia ser.

Parecia que eu já a conhecia, mas não conseguia lembrar de onde. Havia algo em sua postura, em seu olhar, que me trazia uma sensação estranha de familiaridade. Sempre tive um certo fascínio por mulheres bonitas, especialmente aquelas que despertavam algum tipo de mistério. E sempre valorizei a química, mais do que qualquer outro aspecto, em qualquer tipo de relação.

— Algo errado? — perguntou meu padrinho, que estava ao meu lado no carro. Ele sempre me acompanhava nesses eventos importantes, como uma figura paterna que havia assumido esse papel após a morte do meu pai.

Suspirei, afastando os pensamentos. - Nada, acho que foi só impressão. Talvez eu nunca a encontre de novo, a vida tem dessas coisas.

Ele assentiu, sem fazer mais perguntas, e continuamos o caminho até o salão. A festa aguardava, mas parte de mim continuava presa àquela imagem, uma curiosidade inexplicável.

Quando chegamos ao salão, fomos bem recebidos pela equipe de recepção. O ambiente estava animado e festivo, uma mudança bem-vinda do que havia sido a minha vida nos últimos anos. Depois do que aconteceu na antiga escola, fiz de tudo para construir uma imagem ainda melhor para mim. Tive sorte de que o caso com a aluna, cuja nome já nem me lembrava mais, não tivesse vindo à tona. Maldita seja aquela professora onde quer que ela esteja, por ter causado tantos problemas e perturbações na minha vida.

Meu padrinho e eu nos dirigimos ao bar, e eu tentei me integrar ao ambiente, focando no presente e na oportunidade de estabelecer novas conexões.

As pessoas gostavam bastante de mim, o que me tornava bastante visível no evento. Enquanto conversava com algumas pessoas que se aproximavam do bar, algo me chamou a atenção e me deixou extremamente surpreso. A mulher que eu havia visto mais cedo estava ali, no salão. Ela entrou, trazendo consigo um presente para a diretora da universidade, que estava promovendo a festa. Após entregar o presente, ela abraçou a diretora com uma naturalidade que parecia confirmar a proximidade entre elas.

Meu coração palpitou. Ela era ainda mais linda de perto, e a impressão que tive ao vê-la anteriormente parecia insignificante comparada à sua presença real.

Eu a observava de longe, mas ela sequer parecia notar minha presença. A vontade de me aproximar e falar com ela era grande, mas não sabia exatamente como chamar sua atenção. Sentia-me nervoso e incerto sobre a abordagem correta. As palavras pareciam se perder na minha mente, e a ansiedade de não saber como iniciar a conversa me deixava cada vez mais desconfortável.

Eu não podia perdê-la.

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