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Ao passar por um lado do salão, notei, pela janela, a visão que tanto temia: uma mulher estava do lado de fora, acompanhada por outra que parecia preocupada. Ela oferecia água enquanto a jovem, em seu estado de embriaguez, lutava para se manter em pé. Um sentimento de culpa começou a me consumir. Por que não fiz nada antes para impedir que ela chegasse a esse ponto?

Tomado pela urgência, peguei um lenço e caminhei em direção à porta. Ao sair, ofereci o lenço à mulher, que olhou para mim com uma expressão de alívio misturado com reprovação.

— Avisei para não beber muito! — A mulher proferiu, claramente frustrada, enquanto olhava para a jovem com um misto de preocupação e desapontamento.

— O que aconteceu? — Perguntei, tentando manter a calma, enquanto me aproximava.

Ela olhou para mim, seus olhos brilhando de um jeito que apenas a embriaguez poderia provocar. O desejo de protegê-la tomou conta de mim, mas eu sabia que precisava agir com cuidado.

— Ela bebeu demais, ela nunca tinha bebido dessa forma. Preciso levá-la pra casa — a mulher disse, sua voz carregada de preocupação.

— Posso ajudar — ofereci, sentindo que a situação exigia minha intervenção. A jovem começou a balançar a cabeça, parecendo lutar contra a tontura. Meu coração apertou ao vê-la assim.

A mulher olhou para mim, avaliando. — Você nos conhece?

— Não, mas não posso deixá-la assim. — Eu realmente não sabia quem era, mas havia algo nela que me atraía irresistivelmente, um impulso de protegê-la.

Ela hesitou, mas finalmente assentiu. — Tudo bem, mas precisamos ser rápidos. Ela não está em condições de se locomover sozinha.

Me aproximei da jovem, colocando um braço ao redor dela para dar suporte. Ela se virou para mim, seus olhos confusos encontrando os meus.

— Oi... — ela murmurou, o sorriso bobo ainda presente em seu rosto. — Quem é você?

— Sou um amigo, e estou aqui para ajudar. Vamos te levar pra casa, tudo bem?

Ela tentou sorrir novamente, mas a expressão dela denunciava a dificuldade de se manter ereta. Eu a segurei um pouco mais firme, sentindo a necessidade de protegê-la.

— Precisamos sair agora — disse a mulher, começávamos a caminhar juntos em direção à saída. A atmosfera do salão parecia distante, como se estivéssemos em outro mundo, focados apenas na jovem que precisava de ajuda.

Coloquei-a no meu carro, e a mulher a seguiu, acomodando-se no banco de trás ao lado dela. O ambiente era tenso, e a jovem parecia mais relaxada agora, embora ainda um pouco desorientada.

— Qual é o endereço? — perguntei, ligando o motor e fazendo uma curva para sair do estacionamento.

A mulher, forneceu o endereço com uma voz calma, mas firme. Assim que ela terminou, comecei a dirigir, sem me importar com nada ao meu redor. Meu foco estava em chegar a esse lugar seguro para a jovem.

— Você está bem? — perguntei, olhando pelo retrovisor para vê-la mais de perto. Ela sorriu de maneira desajeitada, como se tentasse se segurar na realidade.

— Um pouco tonta... — ela respondeu, seu tom de voz suavemente melódico.

— É normal, você bebeu um pouco demais. — Eu disse, tentando tranquilizá-la. — Mas você vai ficar bem.

— Desculpe... — ela murmurou, sua expressão se tornando séria. — Não era minha intenção...

— Tudo bem. O importante agora é você chegar em casa em segurança. — A mulher ao lado dela pareceu concordar, lançando um olhar de apreensão para ela.

Dirigi em silêncio, apenas ouvindo o som do motor e as interjeições ocasionais da jovem, que tentava se recompor. A cada esquina, eu sentia que nossa conexão se tornava mais forte, mesmo sem saber ainda seu nome. O que eu sabia era que havia algo nela que me atraía de uma maneira inexplicável.

Não demorou para chegarmos ao endereço, um sobrado elegante que refletia o gosto apurado da mulher e da jovem. Assim que estacionei, saí do carro e ajudei a tirá-la do banco de trás, envolvendo-a com cuidado para que não caísse. A mulher observou, preocupação evidente em seu olhar.

— Obrigada por tudo — ela disse, enquanto eu a apoiava.

— Não precisa agradecer. Era o mínimo que eu poderia fazer — respondi, sentindo uma leve sensação de alívio por ter conseguido trazê-las em segurança.

A mulher puxou um pequeno bloco de anotações do bolso e pediu meu número de telefone. Hesitei por um instante, mas acabei passando. Era apenas um número, não havia mal nisso. Ela sorriu, a gratidão nos olhos.

— Prometo que te recompensarei por isso, mesmo que você insista que não precisa — disse ela, mas eu a interrompi.

— Não é necessário, realmente. Estou feliz em ajudar.

Mas a última palavra foi dela, e logo em seguida, as duas entraram no sobrado. Fiquei parado por um momento, sentindo uma mistura de emoções enquanto observava a porta se fechar atrás delas. Depois de alguns segundos, sacudi a cabeça, tentando afastar os pensamentos. O que estava acontecendo comigo?

Voltei para a festa, meu coração ainda acelerado pela experiência. Precisava encontrar meu padrinho e desabafar sobre o que havia acabado de acontecer. O clima da festa estava ainda mais animado, mas eu estava distante, minha mente cheia daquela jovem desconhecida que havia cruzado meu caminho.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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