65| Tenha fé

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CAMERON POWELL

A enfermeira fez as checagens, mas de forma lenta, como se quisesse prolongar a sua permanência ali. Eu continuei em silêncio, torcendo para que ela saísse da sala o quanto antes.

- Fiquei sabendo que você pediu ela em noivado no dia do acidente. Você deve estar horrorizado, não é? - Ela disse puxando assunto.

- Sim, você não imagina o quão isso é terrível pra mim. - Digo.

- Eu imagino sim... - Ela disse me olhando. - Mas fazem quatro meses né? E... ela ainda tem a previsão de ficar em coma alguns anos. - Ela diz.

Não entendi por que ela estava falando daquele jeito. "Já faz tempo." Será que ela está insinuando alguma coisa?

- O que quer dizer? - Perguntei.

- Não... nada. - Ela disse.

- Fala. - Disse.

Ela suspirou.

- Você não... vai ficar exausto? Esperar ela por tanto tempo assim... - Ela disse.

- Exausto? - A olhei seriamente. - Eu jamais ficaria exausto. Eu posso esperar ela o quanto tempo for, nem que eu morra esperando por ela. Mas meu amor por minha mulher não vai mudar nunca.

Ela me olhou e esboçou um sorriso perverso, que se espalhou lentamente por seu rosto.

- É o que vamos ver... - Ela disse sorrindo, mordeu seus lábios lentamente enquanto me olhava e então saiu da sala.

Compreendi o que ela quis dizer, mas jamais conseguirá o que deseja. Meu amor por Emy é infinito, eu a amo acima de tudo.

(...)

O tempo passava, mas de uma forma lenta. Eu observava meus filhos crescendo, dia após dia, como se fossem pequenas joias raras que eu precisava proteger. E, de fato, eles são minhas joias mais preciosas. Eles ganhavam presentes com frequência, vindos dos meus amigos, do Benjamin, Brian, Stanley, Theo, e, claro, dos meus pais. E eu também sempre os mimava. Mais do que tudo, eu zelava pela saúde deles, fazia questão de mantê-los sempre fortes e saudáveis. Levava-os constantemente para ver a Emy, e eles ficavam encantados, admirando a mãe com olhares cheios de carinho.

Embora o tempo parecesse arrastar-se sem a presença de Emy, às vezes ele passava rápido demais. Tinha momentos de alegria, risadas que me faziam esquecer um pouco da falta, mas nada se comparava ao vazio que sentia sem ela ao meu lado.

TRÊS ANOS DEPOIS...

Três longos anos se passaram, e agora meus filhos já tinham exatos três anos. Esses últimos anos foram tempos de provação para mim, três anos de angústia e esperança, desejando todos os dias que a Emy acordasse. Quase diariamente, eu me pegava chorando ao recordar cada instante que vivemos juntos. Mas, apesar de tudo, nunca deixei de visitá-la. Nem um só dia. Eu estava sempre ao lado dela, torcendo em silêncio por sua recuperação.

HERANÇA SOMBRIA: O LEGADO DO SERIAL KILLER Onde histórias criam vida. Descubra agora