64| Keila Morgan

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CAMERON POWELL

QUATRO MESES DEPOIS...

Já se passaram quatro meses, mas parecem quatro anos. Esses últimos meses foram incrivelmente difíceis. Cuidar de um bebê já é um desafio, mas imagine cuidar de três? É uma tarefa monumental, especialmente quando se faz isso sozinho. Todos os dias eu ia ao hospital visitar a Emy, como de costume, mas passava a maior parte do tempo em casa, cuidando dos bebês.

Havia dias em que nem conseguia dormir; era exaustivo. De vez em quando, meus amigos, meus pais e até a Chloe me ajudavam, mas eu não queria sobrecarregar ninguém. Preferia fazer o sacrifício por conta própria. Não estou reclamando, porém. Cuidar deles me traz um certo consolo, como se, de alguma forma, a Emy ainda estivesse aqui comigo.

Os bebês já tinham cinco meses, e de vez em quando eu os levava ao hospital para visitar a mãe deles. Embora eles ainda não entendessem o motivo de estarem ali, eu sentia que precisava levá-los. De alguma forma, sabia que isso trazia alegria para a Emy. Toda vez que ela ouvia o choro de um dos bebês, um pequeno sorriso surgia em seu rosto. Era sutil, mas o suficiente para eu saber que, no fundo, ela reconhecia seus filhos. Sabia que, apesar de tudo, eles ainda estavam conectados a ela.

Hoje mesmo eu trouxe os bebês para visitar a Emy. Planejava passar a tarde lá, em silêncio, como sempre fazia. Trouxe um buquê de rosas pretas, suas preferidas, e as coloquei em um vaso ao lado da cama, como de costume. O quarto parecia mais vivo com as flores, embora o peso da ausência sempre estivesse presente. Mesmo assim, estar ali, com os bebês por perto, me trazia uma sensação de paz, como se, de alguma forma, ela ainda estivesse conosco.

- Olha ali, é a mamãe. - Disse sorrindo enquanto olhava para a Audrey.

Vincent e Adeline estavam dormindo no carrinho.

Logo, ouvi batidas suaves na porta e, em seguida, uma voz feminina pedindo licença para entrar. Quando a porta se abriu, vi uma mulher que parecia ser uma enfermeira nova. Nunca a tinha visto antes. Ela era loira, com um olhar gentil, e usava o uniforme do hospital.

- Boa tarde. Me chamo Keila, e a partir de agora, ficarei responsável pelos cuidados da senhorita Emilly. - Ela disse sorrindo.

- Boa tarde. Esta certo então, obrigado. - Disse com um sorriso mínimo.

A enfermeira nova caminhou até a Emy, silenciosamente verificando os equipamentos e os sinais vitais, certificando-se de que tudo estava indo bem. Enquanto fazia isso, notei que, de vez em quando, ela lançava olhares discretos na minha direção, acompanhados de sorrisos leves, quase tímidos. Era como se quisesse dizer algo, mas hesitava. Permaneci em silêncio, apenas observando, enquanto ela continuava com seu trabalho.

- Lindos bebês. São de vocês dois? - Ela perguntou.

- Sim. São nossos filhos. - Disse.

- Lindos. - Ela disse sorrindo.

- Obrigado. Puxaram toda beleza da mãe deles. - Disse.

- Puxaram a beleza do pai também. - Ela disse me olhando com um sorriso.

- Ah, obrigado. - Disse sem dar um sorriso.

HERANÇA SOMBRIA: O LEGADO DO SERIAL KILLER Onde histórias criam vida. Descubra agora