Capítulo vinte

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Eleanor Quinn

Acordei sentindo uma dor tão forte na cabeça que mal consegui abrir os olhos.

Não havia mais nenhum pano contra meus lábios, mas pude sentir cordas ao redor dos meus pulsos que estavam unidos.

Minha garganta implorava por água, como se houvesse algo queimando-a.

Quando finalmente consegui abrir os olhos, vi que estava em um quarto; as paredes eram em um tom amarelo pastel, o piso de madeira, e só havia a cama - que eu estava deitada - e uma escrivaninha ao lado dela nele.

Tentei me sentar, mas de nada adiantou. Parecia que meu corpo ainda estava dormente.

Lembro-me bem de estar na corrida, de ver o carro do Matt explodir, de sentir uma mão me tirando de lá e, após isso, de estar num carro, completamente adormecida.

Mas, e agora? Onde eu estou?!

Mais lágrimas começaram a brotar em meus olhos, bem como o medo em meu corpo, disseminando-se como sangue.

Será que Ivy e Miles estão bem? Será que eles também foram sequestrados? Como Matteo está? Onde eu estou?

As perguntas sumiram assim que escutei passos subindo degraus até se aproximarem da porta de madeira fechada.

Novamente, o medo voltou a correr em minhas veias, como se fosse uma corrida.

Houve um momento antes que ela se abrisse e revelasse aquele mesmo homem da corrida.

Tentei dizer algo, mas minha garganta estava mais seca do que eu pensei.

Ele pareceu perceber isso e andou até mim em passos lentos, com uma garrafa de água em uma das mãos.

- Sede? - ele ignorou as lágrimas.

Não vi outra opção a não ser concordar.

Com uma mão, ele segurou meu braço e me puxou para cima, me deixando sentada com gentil facilidade.

- Abra a boca. - Demandou sem nenhuma emoção.

Assim que fiz, ele abriu a garrafa e despejou um pouco em minha boca e só parou quando eu me afastei.

- Consegue falar agora? - disse enquanto fechava a garrafa e deixava-a na escrivaninha.

- Onde eu estou? - consegui dizer.

- Em uma casa, e sim, só direi isso.

Por incrível que pareça, mesmo depois de ter tido um pano contra minha boca, ser levada até um carro, ser trazida para um lugar que eu não conheço e ter minhas mãos amarradas, eu não consigo acreditar que eu realmente fui sequestrada.

Nunca pensei que um dia isso aconteceria, acho que ninguém pensa nisso até que aconteça. E realmente aconteceu!

- Por quê? - perguntei novamente.

- Meio óbvio, não? Se eu te contar seria tudo mu...

- Não, por que me sequestrou? - ele pareceu entender agora.

Seu olhar se desviou do meu, indo para o chão, mas sua expressão ainda era estoica.

- Negócios.

- Que negócios?

Um escárnio saiu de seus lábios.

- Se essa foi a resposta que eu te dei, será a resposta que você terá, ruiva. - Colocou as mãos no bolso da calça de moletom que usava.

- Não posso saber nem o porquê de eu ter sido sequestrada?

- Não acho que você está em posição de exigir explicações, sabe? - cruzou os braços. - Nunca se sabe o que eu posso fazer se eu perder a paciência com essa sua persistência.

Olhei para o meu colo, sentindo o olhar dele em mim. Eu conseguia sentir a tensão no ar e, se eu quisesse, poderia até mesmo cortá-la de tão palpável.

- Posso saber o seu nome? - voltei meu olhar para ele.

Ele demorou a responder, mas, ainda sim, não vi nenhum vislumbre de hesitação nele. Na verdade, ele parecia ser bem confiante de si.

- Meu nome é Elliot. - Respondeu, parecendo com pressa de repente - Eu tenho que ir agora, se você fizer alguma besteira... - ele não precisou terminar, eu já imaginava.

E, sem mais nem menos, ele saiu do quarto, deixando-me novamente sozinha com o medo.

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