3. Acidentes acontecem

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Pov Chiquita

Eu, sempre achei que aniversários eram um momento para comemorar a vida e renovar os laços familiares. Hoje, no aniversário de Suho, parecia que todos os sentimentos estavam à flor da pele. A casa de Rose e Suzy estava cheia de sorrisos, presentes e o barulho típico de uma família que havia enfrentado muita coisa, mas que ainda se mantinha unida. Ahyeon estava ao meu lado, segurando a mão de Suho enquanto ele mostrava orgulhoso os balões coloridos espalhados pela sala.

- Eu quero aquele de dinossauro! - Suho apontou, sorrindo para Ahyeon, que apenas riu.

- Você pode ter todos que quiser hoje, aniversariante. - Ahyeon respondeu, bagunçando o cabelo dele com carinho.

Era bom ver Ahyeon assim, descontraída. O último ano tinha sido difícil para nós, mas em momentos como esses, com as famílias reunidas, parecia que as coisas podiam voltar a ser simples por um tempo.

Ao meu lado, minhas mães, Jennie e Lisa, estavam cuidando de Apolo. Ele, com seus três anos de energia interminável, corria pelo quintal como se o mundo inteiro fosse dele. Ah, Apolo… tão diferente da Yuna. Enquanto ele gritava e chamava todo mundo para brincar, Yuna observava de longe, sempre comunicando-se através da linguagem de sinais. Eu adorava vê-la se expressar com tanta clareza, mesmo sem emitir som algum. Yuna tinha uma presença forte, e sua conexão com o irmão mais novo era especial, mesmo que Apolo não entendesse completamente os sinais ainda.

- Apolo, vem cá! - Jennie o chamava, tentando fazer com que ele ficasse quieto por pelo menos alguns minutos. Mas ele apenas ria e continuava correndo.

Yuna olhou para mim e para Ahyeon, fazendo um sinal rápido com as mãos.

- Ele nunca para, não é? - Essa frase me fez lembrar do Su-ho quando era pequeno, eles se parecem em questão de personalidade.

Eu ri e respondi com minhas próprias mãos, ainda me adaptando à fluência que Yuna possuía. - Nunca, maninha.

Enquanto todos estavam envolvidos nos preparativos para o bolo e as brincadeiras com Suho, uma mensagem inesperada chegou no celular da mamãe Jen. Eu a vi franzir o rosto, confusa. Depois de alguns segundos, ela olhou para mim e para Ahyeon, como se estivesse prestes a nos dizer algo, mas antes que pudesse falar, Lisa se aproximou, tocando-lhe o braço com uma expressão tensa.

- Jisoo estava voltando hoje, não estava? - Lisa perguntou, sua voz carregada de preocupação.

Eu senti um frio na espinha ao ouvir aquilo. A Tia Jisoo, que estava no Canadá há tanto tempo, planejava fazer uma surpresa e voltar para a Coreia do Sul no aniversário de Suho. Era para ser uma grande comemoração. Mas algo no tom da mãe, Lalisa, me fez parar de respirar por um segundo.

Jennie deu um suspiro pesado, seus olhos arregalados.

- Ela sofreu um acidente quando estava saindo do aeroporto e vindo pra cá.

Naquele instante, o ar ao meu redor pareceu congelar. Eu olhei para Ahyeon, que também havia escutado. O rosto dela, que antes estava tão relaxado e despreocupado, agora era uma máscara de preocupação.

-  Como assim? O que aconteceu? - Ahyeon perguntou, tentando manter a calma.

Jennie olhou para o celular novamente, as mãos trêmulas.

- Eu... eu não sei direito. Recebi uma mensagem de uma amiga dela. Parece que foi um acidente grave, mas ainda não sabemos os detalhes.

Tudo que eu conseguia pensar era que Jisoo estava voltando para nós. Ela planejava nos surpreender, aparecer no meio da festa de Suho e trazer sua alegria de volta às nossas vidas. Mas agora, em vez de abraços e sorrisos, estávamos à beira de uma tragédia.

Ahyeon imediatamente se levantou, pegando seu celular.

- Eu vou ligar para o hospital. Talvez eles tenham alguma informação. - Mesmo de folga, a parte médica dela sempre assumia o controle em momentos de crise.

Enquanto Ahyeon ligava, Jennie e Lisa tentavam acalmar as crianças. Suho, sem ter ideia do que estava acontecendo, estava ansioso para cortar o bolo, e Apolo continuava correndo pelo jardim e se sujando todo de grama molhada, enquanto Yuna observava de longe. A inocência deles contrastava com o turbilhão de emoções que nós, adultos, estávamos enfrentando.

A mamãe Jen, se aproximou de mim, a tensão visível em seu rosto.

- O que a gente faz agora? Como... como explicamos isso para a família? A gente nem sabe se ela está bem.

Eu coloquei a mão no ombro dela, tentando transmitir alguma calma, mas a verdade era que eu também estava à beira do pânico.

- Vamos esperar por mais notícias. Talvez ela esteja bem. Vamos pensar positivo. Ahyeon já está buscando informações.

Minutos depois, Ahyeon voltou para a sala, seu rosto pálido. Eu sabia que, qualquer que fosse a notícia, não seria boa.

- Jisoo foi levada para o hospital, mas... ainda estão avaliando. Ela sofreu alguns ferimentos graves, ela está viva.

Ahyeon tentou manter a calma, mas eu conseguia ver o pavor em seus olhos. Mesmo eu vendo seu lado carinhoso e fofo, poder conhecer um pouco do seu lado médico é interessante, ela não está com uma feição de preocupação com a tia, e sim com uma expressão de médico para responsável do paciente.

Jennie cobriu o rosto com as mãos, os ombros tremendo. Lisa a puxou para um abraço apertado, tentando confortá-la.

- Nós deveríamos ir para o hospital - eu sugeri, a urgência na minha voz e as lágrimas brotando nos meus olhos eram visíveis. - Ela vai precisar de nós lá.

Ahyeon assentiu. - Eu vou com vocês. Preciso ver como ela está e se posso ajudar de alguma forma.

O aniversário de Suho, que deveria ser o ponto alto do dia, agora estava completamente em segundo plano. Eu olhei para ele, ainda feliz, rodeado de balões e brinquedos. Ele não entendia a gravidade do que estava acontecendo, e talvez isso fosse bom. Nós não queríamos estragar o dia delE, mas, ao mesmo tempo, Jisoo era uma parte vital de nossas vidas.

- E as crianças? - Lisa perguntou, ainda abraçando Jennie. - Elas não podem ir para o hospital. Será muita confusão.

- Eu posso ficar com elas aqui. - Rose apareceu na sala, parecendo ter ouvido parte da conversa. - Vocês vão para o hospital e me avisem sobre Jisoo assim que tiverem notícias.

Eu olhei para Ahyeon. A expressão dela estava fechada, mas eu sabia que, por dentro, ela estava devastada. Jisoo sempre foi um ponto de apoio para ela, e agora, vê-la em perigo a deixava sem chão. Apertei sua mão.

- Vamos. Ela precisa de nós, amor.

Ahyeon apenas assentiu. E assim, deixamos para trás a festa de aniversário de Suho, que ainda estava alheio a tudo. O dia que começou com risadas e celebrações agora era marcado pela incerteza e medo.

O caminho para o hospital parecia durar uma eternidade, e a cada minuto que passava, eu não conseguia evitar imaginar como seria nossa vida se Jisoo não estivesse mais nela. Mas me recusava a acreditar nisso. Não hoje. Não no aniversário de Suho, no meio de uma reunião familiar que deveria ser de felicidade.

Jisoo precisa ficar bem. Ela simplesmente tem que ficar BEM!

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Sintonia | Chiyeon G!POnde histórias criam vida. Descubra agora