O almoço foi completamente dominado pela conversa dos gémeos.
Santi como sempre estava ligado à corrente. Queria saber onde Rodolffo vivia antes de ir morar para ali.
Ele olhava para Juliette e ela sorria.
- Eu morava na Austrália.
- Sozinho? Quer dizer, não tens filhos?
- Não. Eu acho que não.
- Achas? Onde está a tua mulher?
- Tu és mesmo distraído Santi. Por acaso estás a ver a aliança no dedo dele? Vê-se mesmo que é solteiro. - disse Sofia um pouco irritada.
- Meninos!!! Parem com esse interrogatório. O Rodolffo é visita e isto não é nenhum tribunal.
Rodolffo olhou para ela e agradeceu com o olhar.
- Mamãe já terminámos. Podemos sair da mesa?
- Peçam licença também à visita.
- Podemos?
- Podem. Se a mamãe deixa eu também.
- Podem ir descansar um pouco se quiserem ir ao parque mais tarde.
- Eu vou jogar PS. Vens Sofia?
- Posso escolher o jogo?
- Podes.
- Eles são assim sempre tão agitados?
- Sempre. Tem dias que eu tenho que dar um basta. Queres café?
- Se me acompanhares.
- Senta lá na salinha que eu levo. Vou só levantar a mesa.
- Eu ajudo-te.
Retiraram os pratos da mesa, Juliette fez o café e colocou em duas chávenas. Entregou uma a Rodolffo e foram para a sala.
- Agora que estamos sózinhos, o que querias dizer-me para me convidares a vir?
- Não é fácil para mim, mas eu não podia não o fazer. O destino colocou-nos de novo no caminho um do outro e isso é um sinal.
- Foste tu que me afastaste de ti.
- Eu sei e muito me arrependi.
- Porque não me procuraste?
- Procurei. Tu já tinhas ido embora sem ao menos te despedires. Eu sinto que merecia um adeus.
- Estava magoado. Contigo, com a minha família. Eu só queria ir para longe e esquecer.
- E agora voltaste. Porquê?
- Senti que devia vir. Não sei porquê, mas de repente tive essa necessidade.
- E o destino colocou-te como meu vizinho. É muita ironia.
- Porquê Juliette? Isso incomoda-te? Chamaste-me para me pedir que vá embora de novo? Não vou. Não sem esclarecer umas dúvidas.
- Que dúvidas?
- Várias. Por exemplo: tens dois filhos, mas vives só com eles. Onde está o pai?
Juliette olhou-o nos olhos e as lágrimas teimavam em correr.
Rodolffo segurou nas mãos dela.
- Só preciso que confirmes a minha desconfiança. Os gémeos são meus?
Ela não conseguiu falar, apenas assentiu com a cabeça.
Desculpa - foi a única palavra que saiu.Rodolffo levou as mãos dela aos lábios e beijou-as.
- A primeira vez que vi o Santiago, ainda sem saber que era teu filho, eu senti algo estranho.
- Eu procutei-te para contar. Eu estava tão feliz, ia pedir perdão e para voltarmos, mas tinhas ido embora.
- Porque não disseste à minha mãe. Se ela me dissesse eu teria voltado a correr.
- Não sei. Raiva, estupidez e egoísmo.
- Eles nunca tiveram um homem na vida deles?
- Nunca. Eu vivi para eles. Não me relacionei com mais ninguém.
- Porquê?
- Não quis. Eram dois bébés e tinha medo que fossem maltratados. Foi eu e eles apenas. Eu vivo em função deles.
- Deve ter sido duro para ti. Solteira e com dois filhos?
- Dei um jeito. Eu trabalho em casa. O tempo é gerido de maneira diferente.
- Mas financeiramente foi difícil, não?
- Eu não ganho mal e como vês a minha casa não é de luxos, mas aqui dentro há muito amor. Espero que me perdoes por tudo.
- Quem sou eu para julgar? Podia ficar bravo porque eu tinha direito a saber e blábláblá, mas soube da tua boca e não por terceiros. Isso para mim diz-me muito.
Tenho pena de ter perdido onze anos da vida deles, mas ainda teremos muito tempo para nos conhecermos.- Obrigada. Fiquei surpresa com a tua reacção. Esperava muito xingamento e gritaria.
- Tu sabes que eu não sou assim. Vem cá, dá-me um abraço.
Juliette aproximou-se e Rodolffo abriu os braços que a envolveram totalmente. Juliette apoiou a cabeça no peito dele e deixou-se ficar nos braços dele.
- Vocês vão namorar???
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu amor-perfeito
FanfictionPor mais voltas que a vida dê, sempre haverá algo marcante que um dia há-de reaparecer para desestabilizar.