VIII

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O almoço foi completamente dominado pela conversa dos gémeos.

Santi como sempre estava ligado à corrente.  Queria saber onde Rodolffo vivia antes de ir morar para ali.

Ele olhava para Juliette e ela sorria.

- Eu morava na Austrália.

- Sozinho?  Quer dizer, não tens filhos?

- Não.  Eu acho que não.

- Achas?  Onde está a tua mulher?

- Tu és mesmo distraído Santi.  Por acaso estás a ver a aliança no dedo dele?  Vê-se mesmo que é solteiro. - disse Sofia um pouco irritada.

- Meninos!!! Parem com esse interrogatório.  O Rodolffo é visita e isto não é nenhum tribunal.

Rodolffo olhou para ela e agradeceu com o olhar.

- Mamãe já terminámos.  Podemos sair da mesa?

- Peçam licença também à visita.

- Podemos?

- Podem.  Se a mamãe deixa eu também.

- Podem ir descansar um pouco se quiserem ir ao parque mais tarde.

- Eu vou jogar PS.  Vens Sofia?

- Posso escolher o jogo?

- Podes.

- Eles são assim sempre tão agitados?

- Sempre.  Tem dias que eu tenho que dar um basta.  Queres café?

- Se me acompanhares.

- Senta lá na salinha que eu levo.  Vou só levantar a mesa.

- Eu ajudo-te.

Retiraram os pratos da mesa, Juliette fez o café e colocou em duas chávenas.   Entregou uma a Rodolffo e foram para a sala.

- Agora que estamos sózinhos,  o que querias dizer-me para me convidares a vir?

- Não é fácil para mim, mas eu não podia não o fazer.  O destino colocou-nos de novo no caminho um do outro e isso é um sinal.

- Foste tu que me afastaste de ti.

- Eu sei e muito me arrependi.

- Porque não me procuraste?

- Procurei.  Tu já tinhas ido embora sem ao menos te despedires.  Eu sinto que merecia um adeus.

- Estava magoado.  Contigo, com a minha família.   Eu só queria ir para longe e esquecer.

- E agora voltaste.  Porquê?

- Senti que devia vir.  Não sei porquê,  mas de repente tive essa necessidade.

- E o destino colocou-te como meu vizinho.  É muita ironia.

- Porquê Juliette?  Isso incomoda-te?  Chamaste-me para me pedir que vá embora de novo?  Não vou.  Não sem esclarecer umas dúvidas.

- Que dúvidas?

- Várias.   Por exemplo:  tens dois filhos,  mas vives só com eles.  Onde está o pai?

Juliette olhou-o nos olhos e as lágrimas teimavam em correr.

Rodolffo segurou nas mãos dela.

- Só preciso que confirmes a minha desconfiança.  Os gémeos são meus?

Ela não conseguiu falar, apenas assentiu com a cabeça.
Desculpa - foi a única palavra que saiu.

Rodolffo levou as mãos dela aos lábios e beijou-as.

- A primeira vez que vi o Santiago,  ainda sem saber que era teu filho, eu senti algo estranho.

- Eu procutei-te para contar.  Eu estava tão feliz, ia pedir perdão e para voltarmos, mas tinhas ido embora.

- Porque não disseste à minha mãe.  Se ela me dissesse eu teria voltado a correr.

- Não sei.  Raiva, estupidez e egoísmo.

- Eles nunca tiveram um homem na vida deles?

- Nunca.  Eu vivi para eles.  Não me relacionei com mais ninguém.

- Porquê?

- Não quis.  Eram dois bébés e tinha medo que fossem maltratados.  Foi eu e eles apenas.  Eu vivo em função deles.

- Deve ter sido duro para ti.  Solteira e com dois filhos?

- Dei um jeito.  Eu trabalho em casa.  O tempo é gerido de maneira diferente.

- Mas financeiramente foi difícil, não?

- Eu não ganho mal e como vês a minha casa não é de luxos, mas aqui dentro há muito amor.  Espero que me perdoes por tudo.

- Quem sou eu para julgar?  Podia ficar bravo porque eu tinha direito a saber e blábláblá, mas soube da tua boca e não por terceiros.  Isso para mim diz-me muito.
Tenho pena de ter perdido onze anos da vida deles, mas ainda teremos muito tempo para nos conhecermos.

- Obrigada.  Fiquei surpresa com a tua reacção.   Esperava muito xingamento e gritaria.

- Tu sabes que eu não sou assim.  Vem cá, dá-me um abraço.

Juliette aproximou-se e Rodolffo abriu os braços que a envolveram totalmente.  Juliette apoiou a cabeça no peito dele e deixou-se ficar nos braços dele.

- Vocês vão  namorar???

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