XII

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Alguns meses depois.

Rodolffo não deixou a sua casa, mas passava a maior parte do tempo junto de Juliette e dos filhos.   Muitas vezes eles inventavam uma dor de barriga ou outra  qualquer para que o pai dormisse ali.

Habitualmente era Santiago o mais descarado, mas hoje foi a vez de Sofia e não era fingida.

- Mamãe,  estou com dor de cabeça e com cólicas.  Vem comigo lá no meu quarto.

Juliette acompanhou-a e ela sentou-se na cama.

- Mamãe,  meu período chegou.   Isto é horrível.

- Chegou filha?  A minha menina já é mocinha.

- Eu não gosto.  Não tem outro jeito?

- Colocaste o absorvente como eu ensinei?

- Sim, mas porque a minha cabeça dói?

- Porque há casos assim.  Vou dar-te um comprimido e trazer um saco de àgua quente para aliviar as cólicas.
Fica aí deitada.

- Mãe, não contes ao pai.  Tenho vergonha.

- Não tenhas.  É tudo natural e o pai vai gostar de saber que a bébé dele virou mocinha.  Vou trazer-te também um chá.  Vais ver que isso passa rápido.

Rodolffo viu-me pegar no comprimido e no chá e quis saber para que era.

- Depois conto.  Deixa-me ir levar isto à Sofia.

Juliette subiu e ficou um bom bocado a conversar com Sofia sobre assuntos femininos.

- As duas vão ficar aí toda a noite? - perguntou Rodolffo na porta do quarto de Sofia.

- Já estava a ir.  Descansa bem, minha princesa.

- O que tens Sofia?

- É só uma dor de cabeça, pai.  Já vai passar.

Rodolffo chegou perto dela e deu-lhe um beijo de boa noite, saindo em seguida com Juliette que foi dar boa noite ao filho.

Já no quarto de Juliette,  Rodolffo estava preocupado.

- Tenho medo de uma noite destas não estar cá e vocês precisarem de mim.

- Isso tem remédio.  Muda-te para cá.  Tu já passas mais tempo aqui do que em tua casa.

- É o que mais quero, mas e tu, também queres?

- Vamos tentar.  Os nossos filhos sonham com isso e confesso que eu também.

- E porque não pedias?

- E porque não vinhas de vez?

- Não queria ser invasivo.  Esta é a tua casa.

- Nossa casa.  E já invadiste os nossos corações que uma casa não faz tanta diferença.

- Amanhã mesmo vou tratar de trazer as minhas coisas e entregar a casa.
Agora, conta-me o que se passa com a Sofia.

- Virou mocinha, mas pediu para não te dizer.  Diz que tem vergonha.

- Mocinha já?  Ah não,  vou perder a minha menina.

- Perder como?  Ela será sempre a nossa menina.

- Sabes que não é assim.  A cabeça muda, o corpo muda e nós deixamos de ser os confidentes.  Depois vêm os primeiros amores e aí eu não estou preparado.  Não vivi a infância deles e num piscar de olhos eles tornam-se adultos.

- Ai que drama Rodolffo! Vê lá o que vais conversar com ela amanhã.   Anda, vamos dormir.

- Não quero dormir.  Estou triste, quero namorar.

Juliette deu um tapinha no braço dele e ele puxou-a para cima dele iniciando um beijo que prometia uma boa noite.

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