Alguns meses depois.
Rodolffo não deixou a sua casa, mas passava a maior parte do tempo junto de Juliette e dos filhos. Muitas vezes eles inventavam uma dor de barriga ou outra qualquer para que o pai dormisse ali.
Habitualmente era Santiago o mais descarado, mas hoje foi a vez de Sofia e não era fingida.
- Mamãe, estou com dor de cabeça e com cólicas. Vem comigo lá no meu quarto.
Juliette acompanhou-a e ela sentou-se na cama.
- Mamãe, meu período chegou. Isto é horrível.
- Chegou filha? A minha menina já é mocinha.
- Eu não gosto. Não tem outro jeito?
- Colocaste o absorvente como eu ensinei?
- Sim, mas porque a minha cabeça dói?
- Porque há casos assim. Vou dar-te um comprimido e trazer um saco de àgua quente para aliviar as cólicas.
Fica aí deitada.- Mãe, não contes ao pai. Tenho vergonha.
- Não tenhas. É tudo natural e o pai vai gostar de saber que a bébé dele virou mocinha. Vou trazer-te também um chá. Vais ver que isso passa rápido.
Rodolffo viu-me pegar no comprimido e no chá e quis saber para que era.
- Depois conto. Deixa-me ir levar isto à Sofia.
Juliette subiu e ficou um bom bocado a conversar com Sofia sobre assuntos femininos.
- As duas vão ficar aí toda a noite? - perguntou Rodolffo na porta do quarto de Sofia.
- Já estava a ir. Descansa bem, minha princesa.
- O que tens Sofia?
- É só uma dor de cabeça, pai. Já vai passar.
Rodolffo chegou perto dela e deu-lhe um beijo de boa noite, saindo em seguida com Juliette que foi dar boa noite ao filho.
Já no quarto de Juliette, Rodolffo estava preocupado.
- Tenho medo de uma noite destas não estar cá e vocês precisarem de mim.
- Isso tem remédio. Muda-te para cá. Tu já passas mais tempo aqui do que em tua casa.
- É o que mais quero, mas e tu, também queres?
- Vamos tentar. Os nossos filhos sonham com isso e confesso que eu também.
- E porque não pedias?
- E porque não vinhas de vez?
- Não queria ser invasivo. Esta é a tua casa.
- Nossa casa. E já invadiste os nossos corações que uma casa não faz tanta diferença.
- Amanhã mesmo vou tratar de trazer as minhas coisas e entregar a casa.
Agora, conta-me o que se passa com a Sofia.- Virou mocinha, mas pediu para não te dizer. Diz que tem vergonha.
- Mocinha já? Ah não, vou perder a minha menina.
- Perder como? Ela será sempre a nossa menina.
- Sabes que não é assim. A cabeça muda, o corpo muda e nós deixamos de ser os confidentes. Depois vêm os primeiros amores e aí eu não estou preparado. Não vivi a infância deles e num piscar de olhos eles tornam-se adultos.
- Ai que drama Rodolffo! Vê lá o que vais conversar com ela amanhã. Anda, vamos dormir.
- Não quero dormir. Estou triste, quero namorar.
Juliette deu um tapinha no braço dele e ele puxou-a para cima dele iniciando um beijo que prometia uma boa noite.
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Meu amor-perfeito
FanfictionPor mais voltas que a vida dê, sempre haverá algo marcante que um dia há-de reaparecer para desestabilizar.