"Eu tive tudo e, em seguida, a maior parte de você, um pouco e agora nenhum de você. Leve-me de volta à noite em que nos conhecemos."
𝚃𝚑𝚎 𝚗𝚒𝚐𝚑𝚝 𝚠𝚎 𝚖𝚎𝚝 - 𝙻𝚘𝚛𝚍 𝙷𝚞𝚛𝚘𝚗
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Depois de perder muito tempo tentando encontrar a rua principal, finalmente chego à cidade. Ela está vibrante e iluminada, com prédios incrivelmente altos, suas luzes refletindo no asfalto molhado pela garoa fina que começava a cair. Lojas e hotéis se alinhavam pelas ruas, exibindo vitrines chamativas e letreiros piscantes. Carros passavam como vultos, rápidos, suas luzes cortando a noite. As pessoas se moviam como sombras, apressadas, parecendo estar sempre com algum lugar melhor para estar, algum compromisso mais importante que o anterior.
Para Dayana, aquilo parecia um novo mundo. Desde o falecimento de sua mãe, ela havia se tornado uma espécie de prisioneira em sua própria casa, limitando seus passeios a um pequeno mercado atrás da rua onde morava. Agora, com a cidade ao seu redor, o contraste entre a vida que ela conhecia e a energia desse lugar pulsante a fazia se sentir pequena e desorientada.
Depois de entrar em vários hotéis, pedindo ajuda e informações sobre apartamentos ou qualquer lugar onde pudesse passar a noite, o desespero começou a se instalar. Cada recepcionista, com seu sorriso polido, apenas balançava a cabeça e repetia, como um disco arranhado: “Sem vagas”. Após a terceira negativa, desalentada, coloco a mala no chão e me sento em cima dela, observando as pessoas ao redor, tentando entender onde havia errado ao pensar que encontrar abrigo seria fácil.
O vento forte balança as árvores ao longo da calçada, o barulho das folhas secas sendo arrastadas ecoa pela rua. Minhas mãos estão geladas, e eu as esfrego nervosamente, tentando aquecer um pouco os dedos. De repente, uma música baixa, quase como um sussurro, começa a invadir meus ouvidos. Ela parecia vir de algum lugar distante, mas era inegavelmente atraente. Meu corpo, tomado pela curiosidade, se levanta quase automaticamente. Pegando minha mala, sigo o som, que me leva até uma boate. As luzes vermelhas que piscam na fachada são como um convite silencioso, e o movimento intenso de pessoas entrando e saindo do local apenas alimenta minha decisão de seguir adiante. Talvez ali eu pudesse encontrar o que estava procurando, ou ao menos passar a noite sem ter que vagar pelas ruas sem rumo.
Aproximo-me da entrada, e dois seguranças corpulentos me observam com olhos atentos, mas indiferentes. Por um breve momento, hesito. O ambiente não era o mais acolhedor, e a expressão desconfiada dos seguranças me deixava alerta. Mas me recuso a voltar atrás. Passo por eles, mantendo a cabeça erguida, e entro.
Assim que cruzo as portas, sou recebida por uma cacofonia de sons e luzes. O espaço é imenso, uma verdadeira catedral da perdição, onde todos os vícios humanos pareciam estar concentrados. Olho para cima e vejo que o primeiro andar abriga a boate principal. O teto é alto, as paredes cobertas por espelhos que refletem as luzes piscantes. No centro do salão, uma mulher seminua dança sensualmente em um pole dance, enquanto homens ao redor jogam dinheiro sobre ela, como se fosse uma espécie de ritual. Sinto-me deslocada, mas não consigo deixar de olhar. Há algo de hipnótico na forma como o lugar pulsa, como se fosse uma criatura viva, devorando lentamente todos os que se aventuravam por ali.
Desvio o olhar e encontro uma cadeira no canto mais afastado. Sento-me, ainda segurando minha mala, e observo o ambiente ao meu redor. As pessoas bebem, fumam, e o cheiro inconfundível de drogas no ar faz meu estômago revirar. Tento me concentrar em algo, qualquer coisa, que me distraia daquele cenário decadente.
Estava tão absorta em meus pensamentos que não percebo quando um homem alto se aproxima e se senta ao meu lado. Seu perfume forte me tira do transe, e eu me viro rapidamente, um pouco assustada.
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HIDDEN NIGHT - 𝘑𝘦𝘰𝘯 𝘑𝘶𝘯𝘨𝘬𝘰𝘰𝘬
FanfictionDayana, uma jovem de 24 anos, foi expulsa de casa pelo próprio pai, viciado em jogos de azar, que a culpou por sua má sorte. Sem outra opção, ela se vê obrigada a enfrentar o mundo sozinha. Em busca de sobrevivência, Dayana decide trabalhar como aco...