Capítulo III - Embate na Sala do Trono

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Trevor adentro a sala do trono do castelo de Werean com passos firmes, porém carregados de tensão. Seu coração batia acelerado, e cada movimento era pesado com o peso das últimas semanas. Ele não era mais o mesmo príncipe de antes. Agora, ele tinha visto coisas que o mudaram para sempre. À sua frente, o trono imponente, feito de um metal escuro e brilhante, refletia a luz das tochas que decoravam o ambiente. Acima dos degraus que levavam ao trono, sentado no mesmo, em uma posição de poder absoluto, estava o rei, seu tio, uma figura misteriosa que irradiava autoridade com um simples olhar.

Trevor se ajoelhou diante dos degraus, inclinando-se profundamente, com a cabeça baixa. Sua respiração curta, quase nervosa.

- Meu rei, trago infortúnios. - Trevor falou, sua voz carregada de tensão e pesar. Ele manteve a cabeça abaixada, como se não tivesse coragem de encarar diretamente seu tio.

O rei permaneceu imóvel por um momento, seus olhos pesados avaliando o sobrinho com uma mistura de desprezo e decepção. Depois de um longo silêncio, ele finalmente falou, sua voz grave ecoando pela câmara.

- Você só tem causado problemas ultimamente, príncipe. - O título "príncipe" saiu como uma ofensa. - Visões apocalípticas, ações contra minha vontade... Traição contra o trono é um crime imperdoável, como você bem sabe. Desobediência não será tolerada, nem mesmo do filho de meu irmão. - O rei se levantou de seu trono, os passos pesados ecoando pela sala, e caminhou até uma janela alta que oferecia vista para a cidade abaixo. Suas costas largas e musculosas eram a imagem de força contida, e seus cabelos grisalhos caíam até os ombros como a juba de um leão envelhecido.

Trevor hesitou antes de falar, sentindo o peso das palavras de seu tio. Levantou-se lentamente, ainda com os olhos no chão.

- Nossas intenções eram nobres, como eu lhe disse antes. - Trevor olhou finalmente para o rei, seus olhos emanavam um misto de urgência e desespero. - Se eu estiver certo... se o oráculo estiver certo, isso pode ser a chave para mudar o rumo de nosso destino. Para acabar com nossos conflitos de uma vez por todas.

O rei permaneceu em silêncio, seus olhos observando as movimentações dos súditos nas ruas. Trevor respirou fundo, tentando encontrar as palavras certas para expressar o caos que fervilhava em sua mente.

- O senhor sabe que há uma guerra vindo. As coisas não são mais como eram antes! - Trevor ergueu a voz, mais do que pretendia, mas não conseguiu conter sua frustração. - Eu tinha de fazer alguma coisa!

A reação foi imediata. O rei virou-se abruptamente, sua expressão de fúria era tão intensa que fez Trevor desviar os olhos, abaixando a cabeça novamente em submissão.

- Baixe o tom de voz quando falar comigo, criança! - O rei avançou alguns passos, sua presença era sufocante, e Trevor sentiu o suor frio escorrer pela sua nuca.

- Perdoe-me, senhor. - murmurou Trevor, trêmulo, tentando controlar o turbilhão de emoções dentro de si.

O rei o observou por mais alguns instantes antes de se voltar novamente para o trono. Seu tom de voz, agora mais calmo, mas ainda carregado de desprezo, voltou a ecoar na sala.

- Onde está Sebastian? - Ele perguntou, sentando-se novamente no trono, suas mãos batendo ritmicamente nos braços da cadeira, impacientes.

Trevor hesitou por um momento, seu coração acelerando. Ele abriu a boca para responder, mas antes que pudesse pronunciar uma palavra, uma sombra se moveu ao lado dele. Sebastian, seu irmão, apareceu com um sorriso cínico, colocando uma mão firme no ombro de Trevor.

A tensão na sala aumentou imediatamente. Trevor, instintivamente, deu um passo à frente, colocando-se entre o trono e seu irmão, seus músculos tensos, prontos para o que quer que viesse. O rei observava a cena em silêncio, seus olhos estreitos, como se estivesse esperando algo.

Sebastian manteve sua expressão tranquila, quase indiferente, enquanto caminhava pela sala, seus olhos vagando preguiçosamente pelas tapeçarias e adornos, como se fosse a primeira vez que visse o lugar.

- O que houve, Sebastian? Tem algo a me dizer ou relatar? - A voz do rei soou novamente, fria, mas curiosa.

- Havia um traidor entre nós, meu rei. - Trevor falou rapidamente, seus olhos fixos em Sebastian. Sua mão direita, coberta pela armadura, aberta revelando garras afiadas. Ele sabia que algo estava errado, profundamente errado.

Sebastian, sem perder o ritmo, deu um sorriso de canto para Trevor antes de responder.

- Fomos seguidos por Desmodus para o outro lado. - disse Sebastian, casualmente, como se estivesse relatando um evento trivial. - No entanto, ainda não temos informações sobre quem ou o que fez atravessar conosco. - Ele piscou para Trevor, que fervia de raiva.

- Você causou aquilo! - Trevor rugiu, avançando em direção ao irmão. - Só nós sabíamos!

Mas antes que pudesse atacar, o rei levantou a mão e, com um gesto, parou Trevor em seu lugar.

- BASTA! - O rei gritou, sua voz ressoando pelas paredes de pedra. Ele desceu os degraus com passos firmes, parando ao lado de Trevor. Seus olhos furiosos penetravam os de seu sobrinho. - Eu não irei tolerar outra tolice sua, príncipe. - Sua mão pesada pousou no ombro de Trevor, como um aviso silencioso. - Você colocou em risco não apenas sua linhagem, mas também a segurança da princesa Cassandra.

A menção à princesa fez o coração de Trevor parar por um momento. Ele a amava em segredo, mais do que qualquer coisa, e a ideia de tê-la colocado em perigo o fez sentir um nó na garganta.

- Ela está segura? - Trevor perguntou, sua voz agora suave e cheia de preocupação.

- Ela está viva. - O rei respondeu com frieza. - Mas suas asas... suas asas foram arrancadas. Ela está a salvo em seu reino agora, longe de suas loucuras sobre o fim do mundo.

Trevor sentiu um golpe em seu peito ao ouvir aquelas palavras. Ele abaixou a cabeça, a culpa e a dor pesando sobre ele.

Antes que pudesse responder, Sebastian deu um passo à frente.

- Senhor, se me conceder a liberdade, eu pessoalmente irei atrás de Desmodus. - Sebastian falou com confiança, seu tom calmo e calculado. - Farei justiça. Eles aprenderão a não mexer com o reino de Werean. Nosso objetivo era nobre, e triunfaremos no final.

O rei olhou para Sebastian por um momento, depois assentiu lentamente.

- Que assim seja então, Sebastian. - O rei disse, sua expressão mostrando satisfação. - Vá.

Trevor e Sebastian saíram da sala, as portas de madeira pesada se fechando atrás deles com um baque surdo. Assim que estavam a sós no corredor, Trevor não conseguiu conter sua raiva. Ele agarrou Sebastian pelo pescoço e o empurrou contra a parede com força, levantando-o do chão.

- Calma, irmãozinho. - Sebastian disse com um sorriso tranquilo, sem oferecer resistência.

- Eu sei que foi você, Sebastian. - Trevor sussurrou entre dentes, sua voz cheia de fúria. - Alaric pode não me ouvir, mas eu sei o que você fez. Você traiu nosso reino, e se eu pudesse, eu te mataria aqui mesmo.

Sebastian riu, um som baixo e debochado.

- Cães que ladram não mordem, irmãozinho. - Ele disse suavemente. - Minhas mãos estão limpas, até que se prove o contrário. E você não pode provar nada.

Trevor apertou ainda mais o pescoço de Sebastian, seus dentes cerrados de raiva.

- Você vai pagar por isso, Sebastian. De um jeito ou de outro.

Sebastian deu um leve empurrão para se soltar e, com um sorriso sarcástico, se afastou de Trevor.

- Veremos, irmão. - Ele disse, sua voz cheia de veneno. - Veremos.

Sebastian se afastou pelo corredor, deixando Trevor sozinho com sua raiva e suas dúvidas. "Raphael, onde você está?", pensou o príncipe indo em busca do único aliado que poderia ajuda-lo neste momento.

Rebellion: Ascenção do Pesadelo (Lançando Semanalmente)Onde histórias criam vida. Descubra agora