Rebellion: Ascenção do Pesadelo (Lançando Semanalmente)

Capítulo II - Entre Dentes e Garras

Eldon e Alice caminhavam pela floresta densa, a vegetação espessa cercando-os por todos os lados, enquanto o som das folhas ao vento e o crepitar dos galhos secos sob seus pés criavam uma sinfonia sutil de natureza viva. A luz do sol, filtrada pelas copas das árvores, lançava sombras tremulantes no chão irregular, dando à paisagem um ar misterioso. Alice, inquieta, ia cantarolando melodias desconexas, saltitando de vez em quando, completamente alheia à tensão que permeava o ar. O leve som de sua voz começava a incomodar Eldon.

— Onde é que estamos indo mesmo? — perguntou Alice, sem interromper seu ritmo alegre.

Eldon, sério e focado, não desviou os olhos da trilha sinuosa à sua frente. Seus sentidos estavam sempre alerta, a tensão no ar era palpável, e cada movimento da floresta ao redor parecia ser analisado por seu olhar afiado.

— Atrás dos desgraçados que tentaram me matar. — Ele respondeu, a voz grave e firme.

— E o que vamos fazer quando os encontrarmos? — Alice perguntou despreocupada, girando sobre seus calcanhares, como se estivesse apenas numa simples caminhada.

— Vamos lhes dar os parabéns, o que você acha? — Eldon respondeu com sarcasmo seco. — Quero arrancar a cabeça daqueles miseráveis um a um.

— Ok, mas por que eu estou indo junto mesmo? — Ela perguntou, franzindo a testa, pensativa. — Tipo, eu não tenho nada a ver com isso tudo...

O leão parou por um momento e lançou-lhe um olhar severo, seus olhos brilhando sob a luz fraca que atravessava a floresta.

— Você me ajudou a sobreviver. Se eles souberem que você se envolveu, vão acabar lhe perseguindo também.  — Ele respondeu com uma franqueza que fez Alice engolir em seco.

— Ah... tinha esquecido dessa parte. — Ela murmurou, esfregando a nuca e desviando o olhar.

Conforme caminhavam, a floresta foi se abrindo aos poucos, dando lugar a um vilarejo pequeno e envelhecido. As casas simples, de madeira desgastada, formavam uma fileira irregular ao longo da rua principal, suas janelas estreitas observando os dois com um ar de curiosidade e desconfiança. Os aldeões, ao avistarem Eldon e suas múltiplas ataduras, interrompiam suas atividades, olhando-o com uma mistura de respeito e medo. Eldon, no entanto, ignorou os olhares inquisitivos, mantendo seu foco à frente, enquanto seus ouvidos atentos captavam cada sussurro e movimento ao redor.

Ao chegar em frente a uma casa de aparência modesta, com a porta entreaberta e a madeira antiga rangendo com o vento, Eldon parou. Sem hesitar, empurrou a porta com a pata e entrou, encontrando o interior em completo caos. Móveis revirados, objetos quebrados e uma quantidade preocupante de sangue manchando as paredes e o chão indicavam que algo terrível havia acontecido ali.

Alice parou ao lado dele, olhando a cena com os olhos arregalados.

— Está bem óbvio que aqui houve um assassinato e levaram o corpo, né? — comentou ela, tentando não parecer impressionada.

— Shhh... — Eldon levantou a mão, pedindo silêncio. — Isso está muito previsível. Se realmente houvesse uma briga aqui, ainda haveria curiosos na porta. Isso é uma armação... uma distração.

Alice olhou ao redor, confusa.

— Então, o que isso significa?

— Que de duas, uma: ou ele ainda está próximo daqui ou ele ainda está dentro desta casa, escondido... Então... qual das duas opções é a certa, Dankan? — Eldon levantou a voz um pouco, olhando em direção ao chão. — Você ainda está aqui dentro, não é?

Sem esperar uma resposta, Eldon golpeou o piso de madeira com força, quebrando-o em pedaços e revelando um compartimento secreto abaixo da casa. Ele saltou para o espaço sombrio, onde a água cobria o chão até a altura de seus joelhos, a escuridão engolindo o restante do ambiente. O cheiro de umidade e ferrugem invadiu suas narinas enquanto ele se movia lentamente, seus olhos ajustando-se à pouca luz que escapava pelas frestas da casa.