Adrien Agreste, desde os nove anos, vivia sob a rigidez de uma disciplina militar na maior academia do país. O ambiente austero e a ausência constante de seus pais moldaram sua infância em uma solidão quase palpável. Ele estava sempre cercado por colegas, mas as relações eram superficiais, baseadas em respeito e rivalidade, nunca em amizade verdadeira.
Aos dezesseis anos, sua vida tomou um rumo ainda mais sombrio. No dia anterior ao início da guerra mundial, um ataque brutal ceifou a vida de seus pais, deixando um vazio que ele jamais conseguiria preencher. Desde então, Adrien carregou a dor da perda como um fardo invisível, um peso que o seguia em cada passo, mesmo quando se tornava o líder militar da base aérea.
Embora fosse admirado e reconhecido por sua coragem e habilidades, o sucesso não trazia conforto. Ele passava os dias comandando missões, mas as noites eram preenchidas por um silêncio opressivo, repleto de memórias que não podiam ser apagadas. A fama e o respeito que conquistara no exército não conseguiam aliviar a tristeza que pulsava em seu coração. Assim, ele se tornava cada vez mais recluso, lutando contra a solidão em uma vida cercada por pessoas, mas, ao mesmo tempo, eternamente isolado.
— Marinette... — ele murmurou, pegando um cigarro e acendendo-o, a fumaça subindo lentamente em direção ao céu estrelado. Enquanto fumava, seus pensamentos eram preenchidos por lembranças dela, uma mistura de desejo e frustração.
A bruxa tinha sido um sopro de vida em meio à sua solidão, capaz de derreter o gelo que havia se formado em seu coração. Ele observava as ondas do mar, suas sombras dançando na escuridão, refletindo a tempestade interna que ele lutava para controlar.
— Você é a única que conseguiu tocar em mim de verdade — ele pensou, um misto de nostalgia e desespero invadindo sua mente. As provocações dela, a forma como desafiava suas emoções, tudo parecia tão distante e ao mesmo tempo tão presente.
— E agora... estou preso nesse dilema. O que fazer com esse amor que não posso admitir? — ele suspirou, sentindo o peso da responsabilidade e o desejo de proteger Marinette, mesmo que isso significasse afastá-la. A luz do luar refletia em suas lágrimas não derramadas, simbolizando a luta entre sua posição e seus sentimentos.
— Eu sou o líder militar, enfrentei canhões e tiros, quase perdi a vida com um disparo no ombro — ele murmurou, a voz firme, mas os olhos traíam a fragilidade que carregava. — Mas nada disso nunca afetou meu coração.
Enquanto o vento do mar soprava suavemente, Adrien se perdeu em seus pensamentos, cada onda parecendo ecoar suas dúvidas.
— Marinette... você é a única que conseguiu quebrar as barreiras que eu ergui. É você quem faz meu coração acelerar, que reacende sentimentos que eu acreditava mortos.
Ele fixou o olhar no horizonte, onde o céu e o mar se encontravam, refletindo sua confusão interna.
— Agora, estou preso em um conflito. Como posso proteger alguém tão precioso e, ao mesmo tempo, manter a distância que meu dever exige? — Um peso imenso se instalou em seu peito. — Essa é a verdadeira batalha que não sei como vencer.
— Eu te amo... — ele murmurou, a sinceridade em suas palavras quebrando a noite silenciosa. — Não consigo acreditar que meu coração pertence a você, bruxa.
Com um gesto brusco, ele apagou o cigarro, as cinzas caindo como os fragmentos de sua vida que ele não conseguia mais segurar. O peso das suas emoções o envolvia, e a luta interna se tornava cada vez mais exaustiva.
— Você é a única que me faz sentir algo além do dever e da obrigação. Mas como posso amar alguém que está tão distante do que a sociedade espera de mim? — Adrien se questionava, sua mente em um turbilhão.

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A Feiticeira da Ilha
FanfictionAdrien Agreste, um líder militar, se depara com Marinette Dupain Cheng, uma bruxa acusada de matar seu marido e fugir da prisão.