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AVISO: Neste capítulo contem tentativa de abuso sexual 


***


Pandemônio? Disse que não era nada do demônio, Abigail!

— Não seja tão puritana, Lírio — ela bufa e entrelaça nossos braços antes de me arrastar até a fila da entrada do prédio de tijolos escuros e neons — Boates assim curtem nomes chamativos como esse, mas não costumam ser diferentes de qualquer outra. Apenas bebida, pegação e muita dança, na maioria das vezes.

Enrugo meu rosto:

— Não conheço nenhuma, não tenho como comparar.

— Sorte sua eu estou aqui. Vou desvirginar você, minha amiga — ela estreita seus olhos felinos e bufa uma risada para a minha expressão pálida — Não se preocupe, vou estar grudada em você todo o tempo. Quando a noite acabar vai estar ansiosa para fugir de casa de novo.

Prefiro acreditar em Abigail, ela é acostumada a frequentar lugares assim desde saiu da casa dos pais aos 16 anos.

Ela me contou que não foi uma decisão fácil, mas também estava ansiosa pela independência, e quando conseguiu um emprego de garçonete em uma lanchonete de bairro e teve em mãos seu primeiro pagamento, viu daquela a oportunidade para começar a procurar apartamentos baratos.

"— Não é tão ruim, pelo menos não tenho que compartilhar o banheiro com ninguém, e posso sair de noite sempre que quiser. Minha mãe vivia pegando no meu pé"

Abigail ainda acompanha sua mãe para a igreja nos finais de semana, uma condição que sua mãe impôs, ela nunca foi tão rígida, não como meu pai, mas sempre demonstrou o quanto ama Abigail, diferente de Augustus de Sideris.

Abigail sempre foi rebelde, sempre com muita atitude, corajosa e cabeça quente, um completo oposto de mim, que para ganhar a aprovação de meu pai, me forço a moldar quem sou para algo que ele gostaria que eu fosse, mas o que ganho com isso além de desaprovação, desgosto e repúdio?

Porque não posso ser um pouquinho como Abigail, pra variar? Só uma vez, antes de voltar a realidade.

A música está alta mesmo do lado de fora, as paredes do prédio parecem vibrar. As luzes vermelhas são intensas e todas aquelas pessoas gritando, falando e se agarrando nas esquinas fazem minha pele arrepiar.

Me sinto uma criancinha idiota no mundo dos jovens rebeldes.

— A bonitinha aqui tem quantos anos?

Uma voz rouca resmunga e vejo um homem enorme de preto parado em frente a nós. Com certeza o segurança do lugar.

— Ela é maior de idade, Lukas. Lírio, me dá sua identidade.

Me apresso em puxar o documento da bolsa e entrego a ela. Abigail exibe para o segurança, segurando o papel com a ponta de suas unhas cumpridas e pretas. O homem gigante bufa e gesticula com a cabeça em direção à porta.

— Porque ele não pediu a sua identidade também? — questiono enquanto deixo Abigail entrelaçar nossos braços e me arrastar pela porta em direção as luzes e a música.

— Não é a minha primeira vez aqui, e Lukas é meu vizinho, sabe muito bem que não sou menor de idade.

Ela chacoalha as sobrancelhas, não sou ingênua o suficiente para não saber o que ela quer dizer com isso.

Enquanto entramos um homem com cheiro de álcool e com os cabelos molhados se aproxima e dá uma fungada em meu pescoço. É tão abrupto que dou um grito quando sinto seu nariz gelado tocar minha pele quente.

𝐎𝐑𝐅𝐄𝐔 - 𝐃𝐀𝐑𝐊 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄 +𝟏𝟖Onde histórias criam vida. Descubra agora