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Demorei? Sim, desculpinha...


***

1 semana depois...

Procurei por dias, mas em nenhum lugar era noticiada a morte suspeita de alguém. Noticias assim correm como o vento em minha cidade, que é minúscula, apenas um pequeno distrito do interior, mas ainda assim, nenhum desaparecimento, nenhum crime de ódio.

Nada

Comecei a questionar minha sanidade.

Depois de ver aquele... aquele coração ainda sangrento, por Deus, quis correr de volta para casa, para a segurança de meu quarto, mas logo percebi, não estou segura lá, aquelas quatro finas paredes não me tornam invisível aos olhos daquele homem, não impedem que ele entre, que ele me

toque.

O que ele quer?

O corpo... o corpo daquele homem... aberto e deitado tão perto de mim... sangrento... com as vísceras para fora... cheio de flores...

... de Lírios.

Empurrei com um galho o coração para dentro da caixa, a amarrei de volta com o laço, e a joguei na lata de lixo, cobrindo o papel laminado dos olhos de todos com folhas secas e sacos de lixo. Depois disso corri para dentro, tranquei a porta do meu quarto e fui até a janela.

O homem não apareceu mais aquela noite.

Agora, uma semana depois, é como se não tivesse se passado um único dia. Me sinto como há um ano, quando acordei naquele beco. Me sinto assustada, vulnerável, como medo de tropeçar em outro presente que vai me tirar o sono por dias, semanas...

Um presente para você. Espero que goste.

Deveria dizer isso para alguém, para minha própria proteção, mas para quem? Meu pai acreditaria em mim? Ele pareceu preocupado quando veio correndo para meu quarto ao som dos meus... ao som da minha voz.

Mas ele também zombou de mim e de meus sentimentos quando falei que não estava pronta para casar com Lucian, me chamou de egoísta, imatura e covarde, não me deixou explicar minhas razões, e depois de ver a forma como ele reagiu, logo percebi que ele não acreditaria em mim.

Porque deveria? Lucian sempre foi como o filho que ele nunca teve, sempre esteve por perto desde que eramos crianças, sempre o menino de seus olhos, as vezes eu acredito que meu pai o ama mais que a mim.

Pensei em contar para Abigail naquela mesma madrugada, quando ela passou a noite ao meu lado, me consolando, sendo a boa amiga que as vezes acredito não merecer, mas desisti assim que refleti melhor, pois se eu não tinha certeza do que acontecia, como poderia explicar de uma forma crível?

Um homem estranho que me vigiou por poucos minutos, sequer chegou perto de mim, me deixou um coração sangrento e depois foi embora como se nada tivesse acontecido? Parece estranho demais para acreditar, eu mesma não tenho plena certeza se aquilo que vi foi real.

Surgiu também o questionamento: o homem que me deixou aquele coração dentro de uma caixa de presentes é o mesmo que abriu aquele corpo e encheu de flores? Se for, o que ele pode querer comigo?!

Porque ele está fazendo isso?

Parte de mim não sabe se quer descobrir...

***

As férias acabaram, e eu poderia dizer que me sinto feliz em voltar as aulas, mas apesar de a escola ser quase que um refúgio em dias ruins, não sou a nerd que todos acreditam que eu seja, nunca fui.

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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𝐎𝐑𝐅𝐄𝐔 - 𝐃𝐀𝐑𝐊 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄 +𝟏𝟖Onde histórias criam vida. Descubra agora