Capítulo 05 - me desculpa, pedro

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Pov João

um mês para a descoberta.

– João, você tá bêbado. Isso não é uma boa ideia — Pedro diz firme, mas cuidadoso.

A rejeição me faz sentir um frio na barriga e um peso na consciência. Tento me recompor, forçando um sorriso envergonhado.

– É, você tem razão. Me desculpa, Pedro — murmuro, sentindo a vergonha tomar conta do meu corpo.

– Melhor você ir pra casa... está ficando tarde — ele sugere, olhando para o relógio.

– Verdade — concordo, tentando abrir o aplicativo do transporte no meu celular. No entanto, minhas mãos estão suadas e a tela parece embaçada, não sei ao certo o que estou fazendo.

Pedro parece perceber a minha dificuldade e diz:

– João, você está sem condições de ir embora sozinho. Pode deixar que eu peço um Uber e te deixo em casa.

– Não, Pedro, não se preocupa com isso, eu tô bem, sério! — tento insistir, mas minha voz não parece sair tão convincente quanto eu gostaria.

– Vamos, o carro chega em 5 minutos — ele diz, com um tom decidido.

Acabo cedendo indo de encontro com nossos amigos, para nos despedimos.



Pov Pedro

quarta-feira.

Acordo com o despertador vibrando na minha orelha, e o arrependimento bate na mesma hora.

Eu nunca vou a festas, nunca mesmo, mas o Zebu conseguiu me convencer ontem, justo no início da semana.

Quem em sã consciência vai em uma festa plena terça-feira?

Pensei que talvez seria bom para minha pesquisa...

Levanto, visto a primeira roupa que vejo, faço um café rápido e antes de sair, me despeço do Quito, meu gato, mas mais que isso, meu companheiro.

Com minha família morando longe e sem muito contato, ele é o único que tenho por perto.

Dirijo meu Corsa rumo à faculdade, um presente que ganhei de meus pais antes de sair de BH, foi um gesto de confiança, mas também de despedida. Eu sempre me dei muito bem com eles e amo aquela cidade, mas como toda pessoa que pensa grande demais, senti que precisava partir.

Eu precisava me deixar, pra descobrir onde eu estava, entende?

Conquistar minhas próprias coisas, aprender a conviver comigo mesmo.

Quando chego à faculdade, vou direto para a sala de aula. O Zebu já está lá, jogado na cadeira como sempre

— E aí, cara? — ele fala sem nem levantar os olhos

— E aí. Ressaca de ontem? — pergunto, me sentando ao seu lado

— Um pouco, mas tô tranquilo — responde, dando de ombros – Fiquei muito feliz que você e a Malu se deram bem com os amigos da Mari, é muito importante pra mim.

– É, eles são bem gentis – digo pensando um pouco – E agora que vocês estão juntos pra valer vamos conviver bastante, então fico feliz por eles serem boas pessoas.

– Com certeza, acho que agora não somos mais um grupo de três, somos sete!

– Sete é meu número da sorte, isso quer dizer que vamos criar uma linda amizade. – ofereço um sorriso gentil ao meu amigo, que por mais que tente disfarçar, sei bem que estava muito nervoso para esse encontro de apresentação.

O professor entra, e a aula começa. Me tirando de todos os meus pensamentos sobre como a noite passada foi um tanto quanto... estranha.

[...]

Aproveito meu tempo livre para complementar meu trabalho. Querendo ou não, ter ido na festa me ajudou bastante.

Preencho o documento com observações importantes sobre os fatos que vivenciei ontem. Nesses ambientes as pessoas costumam agir de formas extremas em busca de uma felicidade inexistente, e eu consegui perceber bastante disso, nele.

Passo a tarde inteira pesquisando sobre sociólogos e como eles veem os ambientes festivos, vejo que muitos deles relacionam festas com cultura, o que é um ponto importantíssimo.

Para mim, apesar de ser um importante momento de descontração e formação/identificação cultural, ir a milhões de festas não passa de uma necessidade desesperadora de liberação de dopamina para o nosso cérebro, que nos ajuda a esquecer dos problemas do mundo real momentaneamente, mas que quando acaba, todas as preocupações caem sobre nós da pior maneira possível, ocasionando problemas psicológicos.

E é dessa forma que eu termino o capítulo sete do meu trabalho de Antropologia, denominado "O comportamento social no meio festivo jovial".

👁️
Oiii, voltamos!! o que acharam da festa??
Queremos muito saber o que vocês estão achando!!
Nos vemos no próximo 🩵.

Pupila Maior.Onde histórias criam vida. Descubra agora