Pov João
um mês para a descoberta.
– João, você tá bêbado. Isso não é uma boa ideia — Pedro diz firme, mas cuidadoso.
A rejeição me faz sentir um frio na barriga e um peso na consciência. Tento me recompor, forçando um sorriso envergonhado.
– É, você tem razão. Me desculpa, Pedro — murmuro, sentindo a vergonha tomar conta do meu corpo.
– Melhor você ir pra casa... está ficando tarde — ele sugere, olhando para o relógio.
– Verdade — concordo, tentando abrir o aplicativo do transporte no meu celular. No entanto, minhas mãos estão suadas e a tela parece embaçada, não sei ao certo o que estou fazendo.
Pedro parece perceber a minha dificuldade e diz:
– João, você está sem condições de ir embora sozinho. Pode deixar que eu peço um Uber e te deixo em casa.
– Não, Pedro, não se preocupa com isso, eu tô bem, sério! — tento insistir, mas minha voz não parece sair tão convincente quanto eu gostaria.
– Vamos, o carro chega em 5 minutos — ele diz, com um tom decidido.
Acabo cedendo indo de encontro com nossos amigos, para nos despedimos.
Pov Pedro
quarta-feira.
Acordo com o despertador vibrando na minha orelha, e o arrependimento bate na mesma hora.
Eu nunca vou a festas, nunca mesmo, mas o Zebu conseguiu me convencer ontem, justo no início da semana.
Quem em sã consciência vai em uma festa plena terça-feira?
Pensei que talvez seria bom para minha pesquisa...
Levanto, visto a primeira roupa que vejo, faço um café rápido e antes de sair, me despeço do Quito, meu gato, mas mais que isso, meu companheiro.
Com minha família morando longe e sem muito contato, ele é o único que tenho por perto.
Dirijo meu Corsa rumo à faculdade, um presente que ganhei de meus pais antes de sair de BH, foi um gesto de confiança, mas também de despedida. Eu sempre me dei muito bem com eles e amo aquela cidade, mas como toda pessoa que pensa grande demais, senti que precisava partir.
Eu precisava me deixar, pra descobrir onde eu estava, entende?
Conquistar minhas próprias coisas, aprender a conviver comigo mesmo.
Quando chego à faculdade, vou direto para a sala de aula. O Zebu já está lá, jogado na cadeira como sempre
— E aí, cara? — ele fala sem nem levantar os olhos
— E aí. Ressaca de ontem? — pergunto, me sentando ao seu lado
— Um pouco, mas tô tranquilo — responde, dando de ombros – Fiquei muito feliz que você e a Malu se deram bem com os amigos da Mari, é muito importante pra mim.
– É, eles são bem gentis – digo pensando um pouco – E agora que vocês estão juntos pra valer vamos conviver bastante, então fico feliz por eles serem boas pessoas.
– Com certeza, acho que agora não somos mais um grupo de três, somos sete!
– Sete é meu número da sorte, isso quer dizer que vamos criar uma linda amizade. – ofereço um sorriso gentil ao meu amigo, que por mais que tente disfarçar, sei bem que estava muito nervoso para esse encontro de apresentação.
O professor entra, e a aula começa. Me tirando de todos os meus pensamentos sobre como a noite passada foi um tanto quanto... estranha.
[...]
Aproveito meu tempo livre para complementar meu trabalho. Querendo ou não, ter ido na festa me ajudou bastante.
Preencho o documento com observações importantes sobre os fatos que vivenciei ontem. Nesses ambientes as pessoas costumam agir de formas extremas em busca de uma felicidade inexistente, e eu consegui perceber bastante disso, nele.
Passo a tarde inteira pesquisando sobre sociólogos e como eles veem os ambientes festivos, vejo que muitos deles relacionam festas com cultura, o que é um ponto importantíssimo.
Para mim, apesar de ser um importante momento de descontração e formação/identificação cultural, ir a milhões de festas não passa de uma necessidade desesperadora de liberação de dopamina para o nosso cérebro, que nos ajuda a esquecer dos problemas do mundo real momentaneamente, mas que quando acaba, todas as preocupações caem sobre nós da pior maneira possível, ocasionando problemas psicológicos.
E é dessa forma que eu termino o capítulo sete do meu trabalho de Antropologia, denominado "O comportamento social no meio festivo jovial".
👁️
Oiii, voltamos!! o que acharam da festa??
Queremos muito saber o que vocês estão achando!!
Nos vemos no próximo 🩵.
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Pupila Maior.
FanfictionO que significa aproveitar cada segundo da vida acadêmica? Para João Vitor, ou melhor, Romania, como é conhecido pelos seus colegas de faculdade e amigos de farra, aproveitar a vida universitária é estar presente em todas as festas e ser o centro d...