Entre Negócios e Desejos

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Entre Negócios e Desejos

A vida sempre me ensinou que, para sobreviver neste mundo, é preciso tomar decisões difíceis. Cresci com essa lição, forjada pela ruína de minha família e pelos anos de luta para restaurar o nome Rutherford. Quando conheci Henry Whitmore, sabia que me envolveria em algo mais arriscado do que todos os negócios anteriores. Mas, para ser franco, foi exatamente isso que me atraiu.

Eu me lembro bem daquele dia. Henry estava em sua sala luxuosa, olhando pela janela com o olhar afiado, como se pudesse enxergar além do que os outros viam. Ele se virou para mim, os olhos cheios de uma astúcia perigosa. Fez uma proposta que nenhum homem com minha ambição recusaria: uma sociedade. Eu me tornaria o braço direito dele, assumindo partes importantes de seus negócios e, claro, colheria os frutos disso. Estava ciente das armadilhas, mas o risco nunca me assustou.

Agora, com ele morto, a situação tomou outro rumo. Lady Eleanor, sua viúva, restou no centro de tudo. Nossa interação começou como qualquer transação de negócios, mas logo percebi que ela era mais do que aparentava. Forte e determinada, mas carregava uma tristeza que a fazia parecer mais vulnerável.

Na última vez que estive com ela, enquanto discutíamos os detalhes dos negócios inacabados de Henry, meu olhar vagou por ela de uma maneira que não deveria. Os lábios de Eleanor se moviam com uma calma estudada, mas minha mente já não acompanhava suas palavras. A suavidade de sua pele, o modo como os fios de seu cabelo se moviam levemente... havia algo nela que me atraía profundamente, de uma forma que eu evitava admitir.

Tentei me concentrar nas questões que Henry havia deixado para trás, mas minha mente continuava traindo minha razão. Imaginava-a de uma maneira que não deveria - seu corpo junto ao meu, a suavidade de seus gestos se entregando a algo que nunca poderíamos discutir. A tensão entre nós crescia a cada encontro, e eu sabia que precisava manter o controle. Mas, às vezes, quando a noite caía e eu estava sozinho em meu escritório, deixava minha mente vagar.

Esses pensamentos eram como um veneno. Eu sabia que Henry ainda assombrava cada canto daquela mansão, que a sombra dele pairava sobre Eleanor e sobre mim. Ele não era apenas meu sócio; sua presença ainda governava boa parte dos segredos que envolviam nossas vidas. O desejo que sentia por ela era, de certo modo, um desafio ao homem que já não estava mais entre nós. E esse pensamento me incomodava tanto quanto me excitava.

Eu a olhava e imaginava como seria tocá-la, explorá-la de maneiras que ninguém jamais ousara. Mas Eleanor não era apenas uma viúva solitária; ela era parte de algo muito maior. Havia segredos, e eu sabia que, para chegar aonde queria, precisaria navegar por essas águas turvas. Sentia-me cada vez mais envolvido por ela, mas também sabia que o perigo nos cercava.

Essa era a minha maldição: sempre querer o que não poderia ter.

No fundo, me pergunto se ela percebe a tensão entre nós, se sente o mesmo desejo que eu tento suprimir. De qualquer forma, amanhã a verei novamente, e a cada encontro, essa atração proibida só cresce. Mas devo lembrar a mim mesmo que, antes de tudo, sou um homem de negócios. E negócios, por mais sombrios que sejam, sempre vêm em primeiro lugar.

O Mistério WhitmoreOnde histórias criam vida. Descubra agora