O Visitante Misterioso

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A chuva caía incessante sobre as ruas de Londres, batendo contra as janelas da imponente Mansão Whitmore. Dentro da sala de estar, o fogo crepitava na lareira, lançando sombras dançantes nas paredes decoradas com retratos de antepassados. Lady Eleanor Whitmore estava sentada em sua poltrona favorita, o olhar perdido no vazio enquanto suas mãos repousavam sobre o vestido de seda negra. Desde a morte de Lord Henry, a mansão havia se tornado ainda mais silenciosa, um reflexo de sua alma vazia.

Mas naquela noite, a calmaria melancólica foi interrompida pelo som de passos firmes no corredor. Eleanor levantou a cabeça, o coração acelerando levemente. Não estava esperando visitas. Minutos depois, a porta se abriu, e o mordomo Oliver Garret anunciou com sua voz grave:

— Lady Eleanor, o senhor Sir Alistair Rutherford está aqui para vê-la.

Eleanor franziu o cenho. O nome não lhe era desconhecido; Sir Alistair fora mencionado por Henry em várias ocasiões, sempre com uma mescla de respeito e cautela. Ela nunca o conhecera pessoalmente, mas sabia que ele era o sócio mais próximo de seu marido em muitos dos negócios obscuros que Henry conduzira.

— Deixe-o entrar — respondeu, com a voz controlada, enquanto se erguia com a elegância de sempre.

Oliver fez um leve meneio de cabeça e abriu a porta para que o visitante entrasse. Sir Alistair Rutherford entrou na sala com uma presença que parecia dominar o espaço. Alto, de ombros largos e com cabelos castanhos levemente desalinhados pela chuva, ele exalava uma aura de confiança e mistério. Seus olhos, de um cinza intenso, focaram-se diretamente em Eleanor, como se tentassem decifrá-la.

— Lady Eleanor, é um prazer finalmente conhecê-la — disse ele, inclinando-se ligeiramente em um cumprimento respeitoso, mas sem perder a postura altiva.

— Sir Alistair — respondeu ela, oferecendo-lhe um breve sorriso de cortesia. — Não esperava sua visita em uma noite tão chuvosa. A que devo a honra?

Alistair tomou a liberdade de se aproximar e, ao ver o convite mudo de Eleanor, sentou-se na cadeira oposta a ela. Sua expressão era enigmática, como se cada palavra estivesse sendo cuidadosamente escolhida antes de ser pronunciada.

— Lamento pelo horário inoportuno, Lady Eleanor. Mas há questões urgentes que precisam ser discutidas — começou ele, sem rodeios. — Questões que dizem respeito ao legado de seu falecido marido.

O nome de Henry ainda era como uma lâmina afiada para Eleanor, cortando-a com lembranças dolorosas. Ela manteve a compostura, porém.

— Estou ciente de que Henry deixou muitos negócios inacabados — disse ela, mantendo o olhar firme. — Mas devo confessar, Sir Alistair, que não sou uma mulher de negócios. Meu interesse é apenas garantir que as propriedades e o nome da família sejam preservados.

Alistair esboçou um sorriso quase imperceptível, como se esperasse por essa resposta.

— Justamente por isso estou aqui — replicou ele. — Alguns desses negócios, Lady Eleanor, são mais complicados do que parecem. E o nome Whitmore... pode estar envolvido em algo mais sombrio do que imagina.

Eleanor sentiu um frio na espinha. Algo na maneira como ele falou despertou um pressentimento inquietante. Ela sabia que Henry era um homem de muitos segredos, mas até que ponto esses segredos poderiam ameaçar o que restava de sua vida?

— O que exatamente você quer dizer, Sir Alistair? — perguntou, sua voz agora carregada de uma ligeira tensão.

Alistair inclinou-se um pouco mais para a frente, seus olhos nunca deixando os dela.

— Quero dizer, Lady Eleanor, que sua segurança — e talvez muito mais — depende de saber exatamente com quem está lidando.

O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo som da chuva. Eleanor percebeu que estava diante de algo muito maior do que poderia ter imaginado. Algo que poderia mudar sua vida para sempre.

— Estou ouvindo — disse ela finalmente, preparando-se para o que quer que viesse a seguir.

Alistair fez um gesto quase imperceptível de aprovação. Levantou-se lentamente, seus olhos fixos nos de Eleanor com uma intensidade que fazia o ambiente parecer mais frio. Ele fez uma pequena reverência e, com um tom de voz baixo e enigmático, disse:

— Em breve, Lady Eleanor. Em breve você entenderá o que quero dizer.

Com essas palavras, ele se dirigiu à porta, e Eleanor o observou sair, sua mente turvada pelas implicações do que acabara de ouvir. A visita de Alistair deixara uma sensação inquietante em seu peito, e ela sabia que a noite que se seguia seria longe de tranquila.

Quando a porta se fechou, o som da chuva parecia mais alto, como se o mundo lá fora estivesse em sintonia com seu estado de espírito. Eleanor se deixou cair na poltrona, a mente cheia de perguntas e o pressentimento de que estava prestes a mergulhar em um mistério profundo e perturbador

O Mistério WhitmoreOnde histórias criam vida. Descubra agora