𝗣𝗿𝗼́𝗹𝗼𝗴𝗼

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  O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pela respiração pesada de Jocelyn, ela gemia de dor, seus dedos cravados no lençol branco ensopado de suor. Os gritos abafados ressoavam, enquanto a parteira a instruía a fazer mais força. Entre o suor e a dor, um choro preencheu o ambiente. Clary, seu bebê, seu tesouro, estava nos braços da parteira, que sorriu ao entregar a pequena nos braços de Jocelyn. Os olhos cansados de Jocelyn se encheram de lágrimas ao olhar para o rostinho angelical da filha. Mas, então, veio a surpresa, quando Jocelyn gritou de dor novamente.

— Tem... outro bebê. — A parteira informou com espanto, suas mãos já movendo-se habilmente para realizar outro parto.

— O quê? Não... não pode ser. — Jocelyn murmurou, o medo crescendo dentro dela. Ela não estava preparada para uma segunda criança, não podia ser mãe de outra.

  Minutos depois, o segundo choro encheu o quarto. Jocelyn, ainda segurando Clary, virou a cabeça, incapaz de olhar para a segunda menina.

— Não. — Ela disse, sua voz trêmula. — Eu não posso... eu não posso ficar com ela. — A parteira, surpresa, segurava o bebê com cuidado, mas o olhar firme de Jocelyn deixou claro que essa criança, por razões que ela não explicaria, não faria parte de sua vida.

Ela não queria acreditar e nem aceitar que eram gêmeas, não podia ser. Uma já era perigosa o suficiente, o risco era grande demais. A presença de Valentine ainda pesava sobre ela, como uma sombra sempre presente, mesmo longe. O medo de que ele encontrasse Clary, de que ele usasse sua filha, a consumia. E agora, havia uma segunda criança. Como ela poderia proteger ambas? Ela olhou para a garotinha, mas, ao contrário de Clary, ela se recusava a segurá-la. A criança chorava no colo da parteira, enquanto Jocelyn mantinha os olhos fixos em Clary, a única que ela podia salvar.

Alguns dias se passaram desde o nascimento, e o medo de Jocelyn só crescia. Ela sabia que não podia manter as duas, não havia escolha, então tomou uma decisão.

Naquela manhã, Maryse Lightwood estava saindo do Instituto quando viu um cesto na porta e dentro um pequeno embrulho.

— Pelo anjo...— Ela diz ao ver um bebê dormindo tranquilamente. Com delicadeza, ela abaixou-se e pegou a criança nos braços, percebendo que era uma garotinha, seus olhos brilharam.

  Antes que Maryse pudesse processar o que estava acontecendo, uma voz infantil ao seu lado interrompeu seus pensamentos.

— Mãe, quem é essa? — Alec, com apenas nove anos, olhava curioso para o cesto. — Maryse se agachou novamente para ficar na altura do filho, suas mãos acariciando o rostinho da menina.

— Não sei, Alec. Mas parece que ela precisa de nós. — Maryse responde e Alec passa a mão delicadamente no rostinho da pequena.

— Podemos ficar com ela? Posso ser o irmão mais velho dela? — Alec pergunta, olhando encantado para a pequena.

  Maryse sorriu, sentindo seu coração amolecer. Ela sabia que a garotinha havia chegado ali por uma razão.

— Sim, Alec. Nós podemos ficar com ela. — A Lightwood mais velha responde.

— Ela tem um nome? Como vamos chamá-la? — Alec pergunta.

— Que tal escolher um nome? — Maryse sugere.

— Ela tem cara de Cassandra, e aí eu posso chamar ela de Cassy. — Alec diz e Maryse sorri.

— Eu achei perfeito. — A mais velha responde.

15 anos depois.

  Quinze anos se passaram desde aquele dia, e Cassy já não era mais a criança deixada na porta do Instituto. Ela era uma caçadora de sombras, e uma das mais fortes aos olhos da Clave.

𝐀𝐋𝐖𝐀𝐘𝐒 𝐖𝐈𝐋𝐋 𝐁𝐄 𝐘𝐎𝐔 | 𝐍𝐎𝐕𝐀 𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀̃𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora