Oitavo

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Jennie

Hoje, tudo está dando errado. Meu dia já começou mal quando percebi, esta manhã, que minhas férias acabaram. E agora, essa maldita supervisora arruinando minha foda.

“O que diabos esta acontecendo aí dentro?” A mulher bate forte na porta do banheiro.

“Eu falei para você trancar a porta,” eu sussurro para Sarah.

“Eu tranquei,” ela responde, olhando para o espelho e arrumando o cabelo e a roupa.

“Então como diabos ela conseguiu entrar?” pergunto, fazendo o mesmo.

“Eu sei que tem alguém aí dentro! Abram essa porta agora. Vocês precisam ir para a cerimônia de boas-vindas,” a mulher grita, batendo na porta com tanta força que, por um momento, penso que ela pode derrubá-la.

“Vamos logo. Se ela quisesse, conseguiria as chaves e abriria,” digo, indo em direção à porta. Não é a primeira vez que tento me esconder no banheiro e falho. Abro a porta e olho para cima, vendo a mulher alta parada ali, com as mãos nos quadris, parecendo furiosa.

“Jennie Kim. Por que não estou surpresa?” Ela me dá uma olhada de cima a baixo e depois encara Sarah. “Vocês nunca aprendem,” diz, massageando as têmporas.

Sarah passa por mim, saindo do banheiro visivelmente irritada. Ela pega o casaco da cama e, sem olhar para trás, sai do quarto.

“Estou atrasada, Sra. Miller?” pergunto, tentando um sorriso, mas ela não reage. Apenas aponta para a porta. Se eu fosse traduzir esse gesto, seria algo como “Caia fora e vá para a maldita cerimônia”.

Dou uma última olhada no espelho e saio do quarto. A Sra. Miller me acompanha até o auditório, como se estivesse garantindo que eu não tentasse fugir.

“Você parece minha sombra, credo,” digo quando finalmente chegamos. Ela bufa e, felizmente, me deixa em paz.

Eu poderia fugir agora mesmo, mas não faço ideia de onde minha peguete está, então não vale a pena. Encontro um lugar e passo o tempo analisando a multidão, vendo se tem meninas atraentes entre as novatas. Depois de alguns minutos observando todo mundo, alguém cobre meus olhos por trás.

“Adivinha quem é?” Ouço uma voz familiar. Ela tira as mãos e eu me viro.

“Você não sabe o quanto eu senti sua falta, Soph!” Eu abraço Sophia apertado. Mal a vi durante as férias porque ela viajou para a Espanha. “Tenho fofoca para te contar. Adivinha com quem eu estou ficando?”

“Oi?” Ela olha ao redor e me puxa pelo braço. “Espera, vamos sair daqui primeiro.” Ela me arrasta pela multidão e saímos do auditório. “Agora me conta—quem é sua nova vítima?”

“Ei, pera lá tembem” digo, dando-lhe um empurrãozinho de brincadeira. “A menina sortuda com quem estou ficando é a Sarah Angelle. conhece?”

A boca de Sophia se abre em choque. “Achei que você estivesse ficando com a Judy! A Sarah é aquela garota com o cabelo loiro falso, né?” Eu confirmo com a cabeça. “Nossa, ela é tão…" ela hesita "diferente de você.”

“Por que todo mundo quer que eu namore a Judy? Eu nunca quis isso, e nem acho que ela gosta de mim desse jeito,” respondo.

“Bom, vocês duas seriam o casal mais perfeito e popular da escola,” ela dá de ombros. “E ela é incrivelmente linda, você não pode negar isso.” Lembro-me do que Sarah disse sobre Judy mais cedo no quarto. O fato de Judy ser virgem não me surpreendeu; eu a conheço bem o suficiente para saber que ela tem padrões altos ao escolher um parceiro e raramente se interessa por alguém. Mas quem sabe o que ela faz quando ninguém está olhando?

Estou prestes a responder a Sophia quando ouço uma voz grave chamando meu nome. Viro-me e vejo as duas últimas pessoas com quem eu queria me encontrar—meus pais.

“O que vocês estão fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa?” pergunto, preocupada.

“Viemos te buscar. Vamos para Londres. O embaixador quer uma reunião com seu pai. Vá arrumar sua mala,” minha mãe diz calmamente.

“Agora?” pergunto, sem acreditar no que ouço. “E a escola? Não posso sair agora!” digo, sabendo que essa viagem para Londres será um pesadelo. Terei que lidar com os assuntos políticos do meu pai, que são a coisa mais entediante do mundo, e a única pessoa que conheço lá é meu irmão. Meu pai está sempre me comparando a ele—basicamente, é o inferno.

“Já falei com a diretora,” meu pai diz, olhando para o relógio.

“Eu não quero ir,” respondo, sentindo a frustração crescer dentro de mim.

“Isso não está em discussão. Já perdi tempo vindo aqui pessoalmente para te buscar. Você vai conosco, e ponto final. Agora, vá arrumar sua mala,” ele ordena.

Furiosa, me viro e começo a andar, puxando Sophia, que esteve silenciosa ao meu lado o tempo todo, pelo braço.

“Não acredito que você vai ter que ir embora,” ela diz tristemente. “Ele disse que você não tem escolha.”

“Isso é o que vamos ver, Soph,” murmuro com os dentes cerrados.

Elite Hearts (Chaennie) (prbt)Onde histórias criam vida. Descubra agora