Jennie
Eu puxei Sophia pelo corredor e, quando chegamos ao nosso quarto, me joguei na cama, olhando para o teto, cheia de raiva.
“Você realmente precisa ir com eles?” Sophia perguntou, encostando-se na parede.
“Eu não vou,” respondi, levantando-me de repente. Peguei minha mala e fui até o guarda-roupa, jogando minhas roupas lá dentro de qualquer jeito.
“O que você vai fazer, então?” Sophia se aproximou, curiosa.
“Vou fugir,” respondi, ainda colocando minhas roupas na mala. “Já chega de deixar que eles controlem minha vida. já deu!”
Sophia riu alto. “Finalmente! Já estava na hora de você enfrentá-los. Eles te tratam como uma marionete há anos.”
Parei por um momento e a encarei seriamente enquanto ela tentava segurar o riso. Sophia é do tipo que sempre acha graça de situações ruins, desde que não seja com ela. “Eu já sei disso, Sophia. Não precisa ficar repetindo”
“Mas, afinal, para onde você pretende ir” ela perguntou, a voz cheia de curiosidade e empolgação.
Fechei a mala e cruzei os braços, olhando para ela. “Para a sua casa.”
“O quê?” As sobrancelhas de Sophia se ergueram em surpresa. “De jeito nenhum. Isso nao vai dar bom.”
“Vai sim. Eu sei que seus pais não estão em casa nessa época do ano, certo?” perguntei, e ela assentiu, relutante. “Então, eu fico lá até meus pais viajarem,” expliquei, simplesmente. “E você vai vir comigo.”
“Você está pedindo demais, não acha?” Ela cruzou os braços. “Primeiro minha casa, agora eu?!” Ela riu um pouco.
“É só por um dia,” revirei os olhos.
“Então por que você arrumou a mala com tanta coisa?” Ela apontou para a minha mala transbordando.
“Porque eu vou deixar uma carta dizendo que fui embora de vez,” expliquei.
O queixo de Sophia caiu. “É só uma viagem chata! Não seja tão infantil,” ela disse, revirando os olhos. “Você quer ser deserdada?”
“Eu estava brincando pô, relaxa,” menti. Na verdade, eu estava planejando escrever a carta, só para ser dramática.
Depois de um pouco mais de discussão, consegui convencer Sophia a seguir meu plano. Decidimos ir para a casa dela antes que meu pai se cansasse de esperar e viesse me arrastar pela orelha. Chamamos um táxi e saímos da escola correndo, rezando para que ninguém nos visse.
Cerca de uma hora depois, chegamos à casa de Sophia. Eu sempre amei estar aqui; às vezes, me sinto mais em casa aqui do que na minha própria casa.
Venho para cá tantas vezes que tenho certeza de que é o primeiro lugar em que meu pai vai pensar. Mas o que ele pode fazer? Invadir a casa? Ele jamais faria isso, sabendo que amanhã estaria na primeira página dos jornais com a manchete: 'Akihiko Kim Não Consegue Controlar a Própria Filha—Como Vai Controlar Nossas Finanças?'.
Depois de nos acomodarmos, olhei ao redor e soltei um suspiro de alívio. “Finalmente longe de todo aquele inferno,” murmurei.
Sophia jogou a bolsa no sofá. “A piscina agora tem hidromassagem. Quer ver?”
“Quero!” Em poucos minutos, estávamos na piscina. Nadamos e rimos, esquecendo temporariamente dos meus pais.
De repente, o toque de um telefone interrompeu a tranquilidade. Eu sabia instantaneamente que provavelmente era meu pai, já que poucas pessoas têm o número privado da casa de Sophia — apenas amigos próximos, família e a escola.
“Deve ser meu pai. Atende pra mim,” pedi, sem vontade de sair da água. “Imita a voz da sua mãe e diz que eu não estou aqui.”
“Imitar minha mãe? Jennie, isso não vai funcionar. Eles vão perceber!” Sophia exclamou, parecendo um pouco nervosa.
“Vai lá, faz isso! Eu confio em você,” insisti, dando um sorriso encorajador.
Relutante, Sophia secou as mãos na toalha e pegou o telefone. “Ok, mas se der errado, a culpa é sua.” Ela pigarreou, tentando ajustar a voz, e atendeu. “Alô?”
Eu nadei em silêncio, tentando não rir ao ouvir Sophia tentando parecer séria.
“Jennie? Não, ela não está aqui. Sophia veio sozinha para casa,” ela disse, tentando soar como sua mãe. Ela olhou para mim com os olhos arregalados. “Sim... sim... Eu entendo. Se eu souber de algo, eu aviso. Obrigada.”
“Era alguém da escola. Estão procurando por você,” Sophia disse. “Disseram que seus pais estão atrás de você.”
Suspirei, já esperando por isso. “Eles devem estar surtando. Mas você foi ótima na imitação” gargalhei.
Alguns minutos se passaram, e eu estava começando a relaxar novamente. Mas, de repente, o telefone tocou outra vez. Sophia e eu trocamos olhares preocupados.
“Já ligaram de novo? Que insistência...” ela murmurou, pegando o telefone. Ela esperou um momento, então pigarreou e atendeu, pronta para imitar a voz da mãe outra vez. “Alô?”
Mas, desta vez, a expressão de Sophia mudou assim que ela ouviu quem estava na linha.
“Ah, oi, Mariana... Não, a Alice não está... Ela saiu da cidade há alguns dias,” Sophia disse, referindo-se à irmã, tentando manter a voz casual. Eu a observei, ainda na piscina, levantando uma sobrancelha curiosa.
“Quem é?” perguntei.
Sophia afastou o telefone da orelha e sussurrou, empolgada: “É uma tal de Mariana, amiga da minha irmã,” disse, claramente pensando em como flertar com a garota.
“Sim, sim... Ela foi visitar uns parentes no interior,” continuou Sophia, acenando discretamente para mim, indicando que talvez tivéssemos sorte com isso. “Ah, sério? Você queria convidá-la para a inauguração do Maple Brew Café hoje?”
Saí rapidamente da piscina e peguei o telefone. “Não importa, Mari. Alice não está, mas eu estou,” falei, confiante.
“E quem é você?” ela perguntou.
“Sou amiga dela, mas agora estou aqui com a Soph aqui,” sorri para Sophia. “O que acha de irmos todas juntas? Você tem outra amiga para ir com a gente?”
“Sim,” ela respondeu, e eu fiz sinal de positivo para Sophia, que quase explodiu de felicidade. Mariana continuou: “Mas como vamos reconhecer vocês?”
“Isso é fácil — somos as mais bonitas e estaremos em um carrão. O que acha?” perguntei, torcendo por uma boa resposta.
“Pode ser,” ela respondeu.
“Nos vemos mais tarde. Beijos,” desliguei e olhei para Sophia, que estava praticamente pulando de alegria.
“Jen, eu te amo! Sério,” ela disse, prestes a soltar fogos de artifício. “Mas como vamos transformar um táxi em um carro de luxo?”
“Não seja tonta, Soph. Vamos com o carro da sua mãe,” respondi como se fosse óbvio.
“Ah, não, não com o carro da minha mãe. Você sabe que eu te apoio em tudo, mas não com o carro dela,” protestou.
“Seus pais estão a quilômetros de distância. Relaxa, vai dar tudo certo. Eles nem vão descobrir,” assegurei. “Você não vai perder essa oportunidade, né?”
...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Elite Hearts (Chaennie) (prbt)
FanfictionRosé, filha de uma cantora famosa, é obrigada a deixar sua vida tranquila para trás e frequentar uma das escolas mais caras e elitizadas do país. Lá, ela conhece Jennie, filha de um político que está em plena campanha eleitoral. Desde o primeiro enc...