05|𝙵𝚒𝚖 𝚍𝚎 𝚗𝚘𝚒𝚝𝚎

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Observo o clube, as pessoas dançando, casais nos próprios mundinhos, pessoas querendo esquecer da vida, esquecer dos problemas. Imagino o que cada pessoa deve fazer, qual profissão, quais hobbies, quais paixões. Era bom criar histórias para rostos desconhecidos que nunca veríamos novamente.

Começa a tocar uma música que eu reconheço instantâneamente, foi umas das trilhas sonoras frequentes da minha playlist depois do meu término com Carol. Me pego sofrendo com a letra que parecia uma facada no meu coração a cada palavra.

"Caminho pelo mapa de ponta a ponta
Eu corro pro mar só pra te ver
No som, no dicionário impossível
O meu vocabulário é pra te ler
No rádio tudo soa tão estranho
Te escuto na voz de algum qualquer
Saudade parece não ter tamanho
O mundo sem ti, nem vi, nem é"

A cada verso da música, sinto uma vontade imensa de chorar, pois me recorda intensamente de Carolina. Quem foi o insensível que decidiu tocar "Canção de Hotel" da Anavitória em uma balada? Só pode ter sido alguém que não tem coração. Elas eram as favoritas minhas e de Carolina, e agora cada acorde parece uma facada, revivendo a dor e as memórias dos tempos mais felizes que compartilhamos.

Lembro-me de cantar baixinho “Cor de Marte” no ouvido de Carol, enquanto dançávamos abraçadas no meu apartamento, depois de uma noite cheia de comida boa e risadas. Era um tempo de simplicidade e tranquilidade, onde tudo parecia perfeito e sereno. Nos entregamos completamente ao momento, imersas em nossa própria bolha, como se não houvesse mais ninguém no mundo além de nós duas. Agora, ao relembrar aqueles momentos, sinto uma dor profunda e um sentimento de perda, como se parte de mim tivesse ficado ali, congelada no tempo.

Vejo Gabi se aproximando com nossas bebidas na mão. É uma pena que fossem sem álcool, após o início da noite, uma bebida forte era tudo que ela precisava.

Limpo discretamente as lágrimas que continuam a escorregar pelo meu rosto, desafiando meu controle de ferro. Faço um esforço consciente para desviar meus pensamentos para outro assunto, mas, apesar das minhas tentativas, eles inevitavelmente retornam à morena, como se não houvesse escape.

Pelo que Alice soube, a ponteira mais baixa teve uma temporada fenomenal no Minas e estava prestes a se transferir para o Vakifbank na Turquia. Havia grandes expectativas de que ela se tornasse uma das melhores jogadoras da atualidade. Gabi realmente merece, pois joga muito e corre atrás dos sonhos. Além disso, Alice ficaria feliz em ter uma amiga na Turquia, mesmo que em clubes opostos e rivais.

— Aqui está um drink sem álcool para a princesa Merida — diz Gabi, fazendo graça. Dou uma risada leve com a comparação, que já ouvi muitas vezes devido aos meus cabelos ruivos. A referência também vem de uma festa à fantasia na casa de uma amiga em comum delas, onde Alice se vestiu de Merida e cacheou os cabelos com babyliss. Foi divertido.

— Obrigado, Gabi — disse, sorrindo para ela. Gabi sentou no sofá ao meu lado e fixou o olhar em um ponto específico.

Seguindo o olhar de Gabi, notei Sheilla conversando com seu ex-marido. Alice lembrava que, da última vez que ouviu falar, Sheilla havia terminado com ele e estava iniciando o processo de divórcio. Inclusive, Sheilla tinha começado um rolo com Gabriela, o que não tinha sido uma surpresa, era uma questão de tempo. O pouco que estive na presença das duas, a química e vontade de dar dava pra sentir a quilômetros de distância.

— Eu queria fazer uma coisa, você topa? — perguntou Gabi, virando-se para mim. Assenti com a cabeça, já imaginando que direção tomaria. Precisava de uma distração naquele momento, e preferia que fosse algo que não envolvesse minha melhor amiga e quanto menos prejudicial melhor.

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⏰ Última atualização: Sep 22 ⏰

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