𝐔𝐦 𝐑𝐞𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨

𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏 - 𝐒𝐮𝐫𝐩𝐫𝐞𝐬𝐚

𝐔𝐦 𝐫𝐞𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟏

"Entre a sombra do passado e a luz do presente, o desejo oculto aguarda, onde o ódio se transforma em chama e a verdade anseia por ser revelada."

Aeron on

- De novo? - questionei, tentando manter a calma enquanto minha chefe vociferava do outro lado da linha.

- TRAGA O RELATÓRIO IMEDIATAMENTE, AERON! - gritou ela, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, o telefone foi brutalmente desligado na minha cara.

- Muito trabalho aí, fofuxo? A bruxa está uma fera hoje, hein? - Heitor, meu melhor amigo e colega de trabalho, comentou com um sorriso malicioso. Nós nos conhecemos na faculdade e agora dividimos o espaço na recepção da GoldFanny, ambos atuando como secretários.

- Nem me fale! - revirei os olhos, exasperado. - Você tem sorte de não lidar com a S/N. Ter o Ji-wo como chefe deve ser bem mais tranquilo. - Suspirei, pegando os relatórios e meu tablet, já me preparando para enfrentar o furacão que era minha chefe.

- Concordo com você - disse Heitor, rindo. - Trabalhar para aquele pedaço de mal caminho é um privilégio. O problema é ter que ver aquele homem todo dia e não poder nem sonhar em beijá-lo! - Ele fez um bico desanimado, revelando, mais uma vez, sua paixão não correspondida pelo dono da empresa, Ji-wo. Eu já havia tentado, inúmeras vezes, convencê-lo a esquecer essa obsessão, mas ele simplesmente não me ouvia.

- Melhor não falar essas coisas por aqui - alertei, olhando ao redor. - As paredes dessa empresa têm ouvidos. Agora, preciso levar esse relatório antes que a megera venha até aqui e comece a gritar de novo. - Virei-me, pronto para ir à sala de S/N, mas parei abruptamente ao vê-la parada bem à minha frente.

- Então, me considera uma megera, senhor Aeron Torres? - A voz dela cortou o ar, fria e cortante. Fechei os olhos, amaldiçoando minha própria sorte. - Não tem nada a dizer? - Seu tom de voz transbordava rancor, e quando abri os olhos novamente, me deparei com um semblante rígido, carregado de desprezo.

Curvando-me ligeiramente, tentei me redimir: - Mil desculpas, senhorita. Não se repetirá. Eu jamais quis ofendê-la.

S/N continuava ali, de braços cruzados, sua postura imponente exalando poder e autoridade. Cada detalhe de sua presença parecia lembrar-me da hierarquia em que me encontrava.

- Vou fingir que nunca ouvi isso, e então? O relatório que pedi e não foi até a minha sala me entregar, acha que pode ignorar minhas ordens, Aeron? - disse ela, com uma voz cortante que ecoou pelo ambiente.

- Eu não ignorei nada, senhorita. - Mantive a calma, mas havia uma ousadia em meu tom. - Eu só estava esperando o momento certo para entregar o relatório.

Ela se aproximou, e a tensão no ar era palpável. - Espero que você tenha algo melhor para me mostrar do que suas desculpas.

- Na verdade, estou cheio de surpresas. - Respondi com um sorriso provocador, sabendo que estava jogando com fogo.

Ela me olhou, os olhos brilhando com uma mistura de raiva e desejo. - Você acha que pode brincar comigo, Aeron? Isso é muito arriscado.

- Arriscado é me subestimar, Senhorita S/N. - A ousadia tomou conta de mim, e por um momento, esqueci que estava jogando com minha carreira, então ouvi um burburinho dos funcionários.- Você sabe que eu não sou o tipo que recua facilmente.