𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟖 - 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐨 & 𝐃𝐞𝐬𝐞𝐣𝐨

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𝐔𝐦 𝐑𝐞𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨
𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟖

"Cada toque era uma provocação, cada olhar uma promessa não dita. Entre o calor dos corpos e o perigo do controle, ambos sabiam que resistir seria impossível por muito mais tempo."

Aeron on

A chuva caía forte enquanto eu acelerava pelas ruas quase desertas, tentando chegar o mais rápido possível ao prédio de S/N. Cada segundo que passava parecia me sufocar ainda mais, a preocupação pesando no peito. Quando finalmente cheguei ao prédio, estacionei o carro de qualquer jeito e saí correndo em direção à entrada.

Minha respiração estava pesada quando cheguei à portaria, e o porteiro, um homem de meia-idade, me olhou de cima a baixo com uma expressão desconfiada.

- Preciso entrar, é urgente! - falei apressado.

Ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas, sem entender.

- Desculpe, senhor, mas para onde o senhor deseja ir? - perguntou, mantendo a postura formal.

- O apartamento de S/N - respondi, sem esconder a impaciência.

- S/N... - ele repetiu, como se tentasse se lembrar de quem eu estava falando. - Ah, certo, a senhorita do 1203, mas eu preciso confirmar com ela antes de liberar a entrada. Faz parte das regras.

Eu mal podia acreditar. Em uma situação como essa, e ele queria seguir regras?

- Isso é sério? - falei, a voz tingida de raiva. - Ela me ligou, está em apuros. Preciso subir agora!

- Senhor, são as normas. Eu preciso ligar para ela. Só um momento, por favor.

A raiva borbulhava dentro de mim, mas eu sabia que ficar discutindo só atrasaria ainda mais. O porteiro discou o número de S/N e, após alguns segundos que pareceram uma eternidade, ele acenou com a cabeça.

- Pode subir. Apartamento 1203 - disse, liberando o portão.

Sem perder mais tempo, passei correndo pela portaria e entrei no elevador. Apertei o botão repetidamente, como se isso fosse acelerar o trajeto até o andar de
S/N. Quando as portas finalmente se abriram, corri pelo corredor, meus olhos escaneando os números nas portas até encontrar o que procurava. 1203.

Toquei a campainha com força, o coração batendo forte no peito. A porta se abriu lentamente, revelando S/N, com o rosto inchado de tanto chorar. Seus olhos vermelhos, a expressão abalada, ela mal conseguia me encarar.

Ela deu um passo para o lado, abrindo espaço para eu entrar. Entrei, o coração pesado de preocupação, observando o estado dela.

- O que aconteceu? - perguntei, tentando controlar a ansiedade, mas ela apenas balançou a cabeça, enquanto as lágrimas voltavam a escorrer.

- Ei... S/N...

Ela tentou falar, mas a emoção a sufocava. O soluço interrompido pelo choro profundo a impedia de formar palavras. Sem pensar duas vezes, eu a envolvi em meus braços, algo que nunca imaginei que faria. Mas, naquele momento, ela parecia tão vulnerável, tão desesperada por conforto.

Ela me abraçou com força, as unhas cravadas nas minhas costas, como se tentasse se ancorar em mim para sobreviver à tempestade emocional que estava atravessando. O choro dela enchia o ambiente, afundando o rosto no meu peito. Seus soluços eram altos, seu corpo tremia.

Eu nunca havia visto S/N assim. Sempre tão firme, controlada e inabalável. A mulher à minha frente não se parecia com a chefe impassível que eu conhecia. Ela estava despedaçada.

𝐔𝐦 𝐑𝐞𝐜𝐨𝐦𝐞𝐜̧𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora