CAPÍTULO UM | SOB A SUPERFÍCIE

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Raven Heights

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Raven Heights.

Atualmente.

O som da chuva batendo contra as janelas da mansão Thorn ecoava em um silêncio opressivo. Evelyn estava sentada no elegante sofá de veludo azul, com uma taça de vinho na mão, observando a tempestade. O líquido rubro refletia a luz suave dos lustres, enquanto as gotas desciam pelas vidraças como lágrimas silenciosas. O luto a envolvia como um manto pesado, e a dor da perda do pai ainda estava cravada em seu coração. Ele, o homem que sempre a protegira, agora estava irremediavelmente ausente, e o mundo à sua volta parecia desmoronar.

A mansão, que antes era um símbolo de segurança e luxo, agora se tornara uma prisão de solidão. Com apenas 23 anos, Evelyn era a única herdeira de um império construído sobre sombras e segredos. Sua vida fora marcada por festas glamourosas, roupas de marcas renomadas como Dior e Valentino, e um círculo social repleto de privilégios. Mas, nesse momento, cada uma dessas coisas parecia uma fachada vazia, um eco distante de uma realidade que já não existia.

Após o funeral, um pensamento perturbador começou a se consolidar em sua mente. Evelyn sabia que seu pai tinha inimigos — muitos inimigos. Ele não era um homem justo, e sua morte poderia ter sido um movimento em um jogo muito maior. As perguntas a atormentavam: quem tinha coragem de eliminar um homem tão poderoso? Teria sido um rival, alguém da elite que ele havia traído?

Foi então que o nome de Dante Cross surgiu. Um novo lutador na cidade, ele havia conquistado o submundo das lutas clandestinas com sua brutalidade e habilidade. Evelyn soube de seu nome em sussurros apressados entre seguranças e funcionários da mansão, sempre acompanhados de uma mistura de respeito e medo. Ele representava tudo o que ela não conhecia, um mundo de dor e luta que a fascinava e aterrorizava ao mesmo tempo.

No dia seguinte, determinada a encontrar respostas, Evelyn decidiu procurá-lo. O simples ato de fazer isso lhe deu uma sensação de controle que havia lhe escapado. A ideia de ir ao centro de luta onde Dante competia a deixava nervosa, mas a urgência de descobrir a verdade superava seu medo. Vestiu uma blusa preta de seda e uma saia lápis de couro que acentuava suas curvas, os saltos altos da Gucci fazendo ecoar seu passo firme. O perfume Marc Jacobs que usava parecia quase um escudo, um desejo de se armar contra o desconhecido.

Ao entrar na arena, a atmosfera a envolveu como um manto de eletricidade. O cheiro de suor e adrenalina era opressivo, e os gritos da multidão reverberavam em seus ouvidos, misturando-se em um frenesi caótico. Seu olhar percorreu o local até encontrar Dante, que estava se preparando para a próxima luta.

Ele era tudo o que as histórias diziam — um homem alto, com mais de um metro e noventa, músculos definidos que se destacavam sob a luz do ringue. Suas tatuagens, que serpenteavam pelos braços e peito, contavam uma história de dor e luta, cada linha um reflexo de sua vida marcada pela violência. O cabelo escuro, quase negro, caía em ondas desordenadas, e seus olhos, de um azul profundo e penetrante, pareciam desmascarar qualquer um que ousasse encará-lo. Ele emanava uma aura de perigo, uma força que atraía e repelía ao mesmo tempo.

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