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– Precisa de algumas persianas nessas janelas, acho que esse papel de parede pode ficar se tirarmos toda a decoração de flores falsas.

Héstia bebe seu café enquanto me encara, seus olhos são muito parecidos com os de Hiro, mas novamente eu estou delirando aqui, o toque quente das mãos dele faz meu corpo queimar e faz com que eu me contorça no lugar tentando me aliviar de alguma maldita forma.

– Olha, eu não ligo que você mexa em todo esse lugar, só me faça ter mais clientes, esse lugar mais parece o deserto do Atacama. — Ela tira o avental e se espreguiça e novamente estou lembrando do jeito de Hiro quando acorda abrindo as cortinas para o sol entrar.

Eu limpo minha garganta tentando não deixar transparecer que estava olhando para Héstia por tempo demais e me levanto tirando uma das toalhas de mesas medonhas.

– Vamos reorganizando aos poucos, para que quando alguém entrar perceba que a decoração está melhorando a cada visita, o que acha? — Digo enquanto tiro outra toalha de mesa.

– Certo, faça o que você quiser, eu preciso fechar a cafeteria mais cedo, tenho um jantar de família. — Héstia revira os olhos, muito animador este encontro pelo visto.

– Quando você vai sair para comprar as decorações que nós combinamos?

– Na semana que vem, preciso entrevistar algumas pessoas para poder deixa-la no caixa, eu não consigo dar conta de tudo.

Pego meu notebook e o guardo em minha bolsa e por um impulso digo.

– Eu já trabalhei alguns meses em cafeterias, se você quiser, posso trabalhar aqui por enquanto, mas terá que me pagar bem, pois farei duas funções.

Héstia sorri e me abraça, ela tira o anúncio da janela e me entrega.

– O emprego é seu.

Eu nunca pensei que voltaria a trabalhar em uma cafeteria, mas não tenho vergonha nenhuma de recomeçar de onde eu conquistei boa parte da grana para ir ao encontro de Hiro. Coloco um avental e limpo todas mesinhas de café e varro o chão arrumando tudo em seu perfeito lugar, a princípio é chato e monótono demais, mas de alguma forma me distraio do encontro quente no banheiro.

– Eu já vou indo, estou atrasada. — Héstia sussurra procurando suas chaves na bolsa e eu as vejo em cima do balcão, ela é muito desatenta. Pego as chaves entregando para ela que sorri agradecendo.

– Espero você às sete em ponto.

Aceno para ela e pego minhas coisas, assim que saio pela porta vejo Hiro sentado em seu carro esportivo com as mãos no bolso, ele usa um óculos escuro e masca um chiclete. Sensual, minhas pernas perdem um pouco da força, não consigo tirar a porra dos olhos dele, e ele? Se não for dizer muito, ele também não tira os olhos de mim.

– Eu já te disse que não precisava vir me buscar. — Héstia fala, mas seu sorriso está na porra do seu rosto, começo a contagem de cem para zero rapidamente.

– Não importa, se não fizesse isso alguém comeria meu fígado hoje e além do mais você ficou sabendo que fizeram com o filho do prefeito? Prefiro vir lhe buscar pessoalmente. — Ele fala enquanto abre os braços para a mulher que o abraça apertado, o que vem depois de 70 mesmo? Porra 59 e contando...

– Mas disseram que foi morto em um assalto — ela para por alguns segundos e se vira puxando-o pela barra da jaqueta. – Hiro esta é a Briana ela vai trabalhar comigo agora, finalmente achei alguém que vai mudar a estética dessa cafeteria esquisita. — Hiro sorri de lado e tira os óculos, eu viro o rosto olhando para o meu carro, mas ele estende a mão que eu tento não pegar a princípio, porra estou encrencada. Sua graciosa postura me deixa estática no lugar, tento como que parece usar todas minhas forças para não sair correndo, mas lembro que ontem estava de peruca e totalmente diferente do que eu realmente sou, pelo o menos torço que ele não note muito o meu rosto. Inconscientemente mordo o lábio inferior inchado.

Tainted LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora