Capítulo 3: Labirintos da Alma

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Os dias seguintes foram uma tortura para Tábata. A presença constante de Pablo Marçal em sua mente a distraía de tudo. Em eventos públicos, debates ou entrevistas, ela sentia que ele estava sempre lá, observando-a, lendo-a de uma forma que ninguém mais conseguia.

Quando eles se encontravam, tudo parecia um jogo de atração e distância. Olhares furtivos, sorrisos disfarçados. Às vezes, Pablo fazia comentários provocativos, sutis o suficiente para passar despercebidos pelos outros, mas que incendiavam algo dentro de Tábata. Ele parecia saber exatamente o que dizer para desestabilizá-la, mas sempre mantendo uma fina linha entre o profissionalismo e algo muito mais pessoal.

Tábata sabia que estava jogando com fogo. Mas, quanto mais tentava se afastar, mais era atraída por ele. E a tensão entre eles só aumentava.

Foi em um jantar de campanha, num restaurante elegante da Vila Madalena, que tudo começou a mudar. O evento reunia diversas figuras políticas, empresários e apoiadores. Tábata estava com a equipe, mas o ambiente estava carregado demais para que ela se concentrasse em conversas triviais. Ela olhava ao redor, disfarçando o quanto estava incomodada, até que viu Pablo no outro lado do salão, conversando animadamente com alguns empresários.

Como sempre, ele parecia o centro das atenções. Os gestos amplos, o sorriso carismático, a maneira como dominava o ambiente. Mas, quando os olhos dele encontraram os dela, o mundo ao redor pareceu parar. Era como se só existissem eles dois naquele momento.

Ele se aproximou, cumprimentando as pessoas no caminho, e, finalmente, parou ao lado de Tábata.

— E então, deputada, aproveitando a noite? — ele perguntou, o tom provocador de sempre, mas com algo mais nos olhos. Algo mais íntimo.

Ela sorriu de volta, tentando manter a compostura.

— Estou. E você? Conquistando corações por aí?

— Talvez só um — ele respondeu, sem desviar o olhar.

A insinuação foi clara. O coração de Tábata disparou, mas ela manteve a máscara de controle.

— Cuidado com o que você deseja, Pablo — ela respondeu, sua voz ligeiramente rouca.

Marçal inclinou-se um pouco mais perto, o calor de sua presença quase tocando-a.

— Quem disse que eu tenho medo de me arriscar?

Por um segundo, ela ficou sem palavras. A eletricidade entre eles era palpável, tão densa que quase sufocava. Mas, antes que pudessem aprofundar a conversa, alguém chamou Tábata para uma reunião. Ela se afastou, sentindo o corpo todo estremecer.

Nos dias seguintes, a intensidade entre eles só aumentou. Pablo parecia sempre encontrá-la nos momentos mais inesperados — em corredores de eventos, nos bastidores de entrevistas, até mesmo em cafés discretos onde ela tentava se esconder da agitação da campanha.

Uma noite, após um longo debate, Pablo a convidou para um drink. Eles se encontraram em um bar discreto no centro de São Paulo, onde ninguém os reconheceria. Era o tipo de lugar que ambos sabiam que não deveriam frequentar juntos, mas onde a tentação de estarem sozinhos finalmente se materializou.

Eles conversaram sobre política, sobre o futuro de São Paulo, mas, à medida que as taças de vinho se esvaziavam, a conversa foi mudando de tom. O clima leve e político foi substituído por algo mais pessoal, mais intenso. Tábata tentava manter o controle, mas o olhar de Marçal sobre ela era como fogo.

— Você nunca se perguntou como seria se você não tivesse essas amarras? — ele perguntou de repente, sua voz baixa e carregada de insinuações.

Tábata sabia exatamente do que ele estava falando. Ela pensava nisso todos os dias, mas nunca admitiria. Não para ele. Não para si mesma.

— Você está jogando um jogo perigoso, Marçal — respondeu, sua voz soando mais desafiadora do que ela pretendia.

— E você não gosta de correr riscos, Tábata? — ele perguntou, inclinando-se um pouco mais para perto.

Ela sentiu o calor de seu corpo, o cheiro inebriante de sua pele. Os dois estavam tão próximos que bastaria um movimento para cruzar a linha. E, naquele momento, Tábata soube que não conseguiria resistir por muito mais tempo.

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