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O silêncio profundo que envolvia a Ala Hospitalar foi quebrado por um leve movimento. Na penumbra, as luzes fracas das tochas que pendiam nas paredes iluminavam a figura de Regulus Black, que começava a mexer-se após dias em coma. Seus olhos lentamente abriram-se, piscando repetidamente contra a luz suave. Ele se sentia perdido entre sonhos e realidade, os eventos passados ainda dançando à margem de sua consciência.

A primeira sensação que tomou conta de Regulus foi a dor. Seu corpo parecia pesado, como se tivesse sido esmagado por uma onda interminável de cansaço. Ele sentiu a garganta seca, uma lembrança vívida do líquido que forçou a engolir na caverna. Cada movimento de seus músculos lembrava-o das sombras e das vozes que o atormentaram, o puxando para a escuridão do lago.

Seu olhar vagou pelo teto da Ala Hospitalar antes de se concentrar nos rostos ao seu redor. Perto de sua cama, flores e presentes acumulavam-se em pequenos arranjos organizados, lembranças dos muitos visitantes que passaram por ali durante sua recuperação. No entanto, naquele momento, a ala parecia vazia e serena. Uma tranquilidade inquietante, como o silêncio que precede uma tempestade.

Naquele instante, passos suaves ecoaram pelo corredor. Sirius Black, incapaz de encontrar paz em qualquer lugar que não fosse ao lado de seu irmão, fazia sua rotina noturna de visita. Nos últimos dias, Sirius quase não havia dormido. Sua mente estava cheia de preocupação e culpa. Ele não conseguia evitar a sensação de que poderia ter feito algo para impedir o que aconteceu com Regulus. O medo constante de perder o irmão para sempre consumia-o a cada segundo.

Ao entrar na ala e ver a figura de Regulus se movendo, Sirius parou abruptamente. Seus olhos se arregalaram, e ele sentiu um aperto no peito.

"Reggie?" Ele chamou com a voz rouca, lutando contra as lágrimas que já começavam a brotar. O som de sua voz, carregada de esperança e desespero, parecia quebrar o frágil silêncio que havia se formado ao redor.

Regulus virou lentamente a cabeça na direção da voz familiar. Seus olhos, ainda enevoados, focaram em Sirius com dificuldade.

"Si... Sirius?" Ele murmurou, a voz falhando, tão fraca que parecia vir de um lugar muito distante. Mesmo assim, a conexão entre os dois irmãos era inegável.

Sirius correu até o lado da cama, ajoelhando-se ao lado de Regulus. Suas mãos trêmulas agarraram com força a mão de seu irmão mais novo, como se temesse que ele desaparecesse novamente.

"Você está aqui... você está vivo..." Sirius repetia, como se quisesse convencer a si mesmo.

Regulus piscou, tentando sorrir, mas seus lábios mal se moveram. Ele ainda estava confuso, sua mente revivendo as alucinações que tivera na caverna.

"Eu... eu achei que... tinha morrido..." Sua voz estava entrecortada, e ele parecia ainda perdido entre as memórias da caverna e o presente.

Sirius balançou a cabeça, as lágrimas finalmente escorrendo livremente por seu rosto.

"Não, você está vivo, Reggie. Graças a Kreacher, conseguimos te encontrar. Nós... nós quase te perdemos, mas você voltou."

Por um momento, os dois irmãos ficaram em silêncio, apenas sentindo o conforto da presença um do outro. Apesar de todas as brigas e desentendimentos que tiveram ao longo dos anos, naquele momento, nada disso importava. Tudo o que Sirius queria era ter seu irmão de volta, e tudo o que Regulus desejava era descansar.

Com o passar das horas, a mente de Regulus começou a clarear, e as memórias do que havia acontecido na caverna começaram a se alinhar. Ele lembrou-se da missão: destruir o medalhão de Salazar Sonserina, uma horcrux que continha parte da alma de Voldemort. A decisão de ir sozinho, a coragem de enfrentar aquele desafio mortal, e o momento em que tudo deu errado. Regulus sentiu-se puxado para a escuridão, para as profundezas daquele lago amaldiçoado, cercado pelos Inferi. O frio, o desespero, a sensação de ser engolido por sombras... tudo voltou com força total.

Beneath the Stars - JegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora