One-shots Ror

Nikola Tesla 📚

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Era uma noite fria e silenciosa em Nova York. O som da chuva contra as janelas da mansão ecoava pela casa vazia, um som quase reconfortante em meio ao silêncio constante que preenchia os espaços. S/n estava sentada na poltrona da sala de estar, as mãos sobre o colo, os olhos fixos na porta do laboratório de Nikola Tesla. Era como se aquela porta fosse um portal para outro mundo, um mundo no qual ela não tinha lugar.

Tesla era um homem extraordinário, mas ser casada com ele significava estar em segundo plano, sempre. Suas invenções, suas ideias, suas obsessões... elas preenchiam cada minuto, cada segundo da vida dele. Quando se casaram, S/n acreditava que poderia ser diferente. Ela sabia que o trabalho era importante para ele, mas não imaginava que se tornaria seu único amor.

Dias, semanas, meses se passavam, e Tesla raramente emergia do laboratório. Quando o fazia, estava sempre distraído, os pensamentos a quilômetros de distância, vagando por teorias e projetos que S/n nunca poderia compreender. Eles mal trocavam palavras, e os momentos juntos se tornaram fugidios como sombras ao pôr do sol. O amor que ela nutria por ele era sufocado pela solidão, enquanto ele mergulhava cada vez mais fundo em seus experimentos, em busca de uma grandeza que, aos poucos, destruía o casamento.

Certa noite, após semanas de ausência, Tesla apareceu na sala, seus olhos brilhando com uma ideia nova. Mas S/n não se levantou para recebê-lo. Ela olhou para ele com o coração pesado. Havia um abismo entre os dois que não podia mais ser ignorado.

— Nikola... — começou S/n, com a voz trêmula.

— Eu sei que demorei, mas finalmente fiz uma descoberta revolucionária! — Tesla interrompeu, incapaz de ver a angústia nos olhos da esposa. — Você precisa ver o que estou criando. Vai mudar o mundo, S/n. Finalmente, o mundo verá a verdade sobre o que eu posso fazer!

S/n respirou fundo. Ela sabia que nunca haveria espaço para ela nos planos dele. Não como esposa, não como parceira. A verdade dolorosa é que ela sempre seria uma sombra, uma presença esquecida no canto de sua mente brilhante.

— E quanto ao nosso mundo, Nikola? — Ela perguntou, quase em um sussurro. — Quando foi a última vez que você olhou para mim? Que se lembrou de que existo?

Tesla franziu a testa, confuso. Ele não entendia o que ela queria dizer. Para ele, o amor era algo inabalável, sólido como a ciência. Ele não via que estava falhando com ela, não compreendia que seu afastamento emocional estava destruindo o que restava do casamento.

— Eu... S/n, estou fazendo isso por nós. Pelo futuro! — ele respondeu, quase defensivo.

— Mas não temos futuro, Nikola — ela disse, sua voz cortante. — Eu sou apenas uma espectadora da sua genialidade, e isso não é suficiente para mim.

Tesla ficou em silêncio, as palavras dela penetrando lentamente em sua mente, mas a realidade que ele vivia era tão diferente da dela que, mesmo naquele momento, ele não conseguia abandonar sua obsessão.

S/n se levantou, sentindo o peso de sua decisão. Ela amava Tesla, sempre amaria, mas não podia mais viver assim, invisível, ignorada. O gênio dele exigia sacrifícios, e ela já havia sacrificado o suficiente.

— Eu te amei, Nikola. Mas esse amor... não é mais suficiente — disse ela, antes de sair da sala, deixando-o parado ali, sozinho, mais uma vez.

Tesla permaneceu onde estava, o silêncio envolvendo-o como um manto. Seus pensamentos ainda giravam em torno de suas invenções, mas agora havia uma nova sensação misturada ao seu trabalho: o vazio.

Mas, assim como o som da tempestade lá fora, a dor de S/n se dissiparia com o tempo. Tesla voltaria ao seu laboratório, ao único amor que realmente conhecia: sua ciência.

E S/n? Ela seguiria seu caminho, sabendo que havia amado um homem que nunca poderia realmente ser seu.

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Fim