Apolo ☀️

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Hermes sempre fora um deus ocupado, com suas tarefas constantes de mensageiro entre os deuses e os mortais. E S/n, sua serva, estava acostumada a acompanhar seu ritmo acelerado, sempre prestando serviços a ele com dedicação e humildade. Apesar disso, Hermes a tratava como uma simples mortal, alguém que existia para ajudá-lo em suas incumbências, sem grandes demonstrações de afeto ou consideração.

Um dia, porém, Zeus convocou Hermes para uma missão especial, que exigiria sua atenção durante várias semanas. Sabendo que precisaria deixar S/n em algum lugar seguro, ele decidiu deixá-la aos cuidados de Apolo, seu meio-irmão, que habitava um majestoso palácio banhado pela luz do sol e rodeado de jardins floridos.

Apolo, o deus do sol e da música, era conhecido por sua beleza e talento incomparáveis. Quando Hermes apareceu à sua porta, pedindo-lhe que cuidasse de sua serva, ele aceitou com relutância. Afinal, não via por que deveria dedicar seu tempo a uma mera mortal. Mas, ao conhecer S/n, algo dentro dele mudou. Ela era diferente das outras mortais que ele encontrava. Havia uma graça e uma serenidade em seus gestos, e a forma com que ela o olhava, sem medo, mas com uma leve curiosidade, o intrigava.

Os dias se passaram, e Apolo começou a observar S/n com mais atenção. Ele a via passear pelos jardins, admirando as flores e o canto dos pássaros, e, ao contrário de muitos, ela não o reverenciava como se ele fosse intocável. Ela simplesmente o tratava com gentileza, como se ele fosse alguém comum, e não um deus.

Uma tarde, enquanto ela recolhia algumas ervas no jardim, Apolo decidiu se aproximar. Ele ficou ao seu lado, observando-a em silêncio, e então perguntou:

— Por que não tem medo de mim, S/n? Sou um deus, e você é uma mortal. Não teme que eu possa machucá-la ou até mesmo ignorá-la?

Ela levantou o olhar, surpresa pela pergunta, mas respondeu com calma:

— Eu sempre respeitei os deuses, mas nunca os temi. Aprendi a servir com Hermes, e ele nunca me tratou com gentileza, mas também nunca me causou mal. Com você, sinto que é diferente. Há algo em seus olhos que me diz que não preciso temer.

As palavras dela tocaram Apolo de uma forma que ele não esperava. Durante anos, ele se acostumara com a adoração dos mortais, mas a forma direta e sincera com que S/n falava fazia-o sentir-se humano, quase vulnerável. O interesse dele por ela crescia a cada dia, e ele se via cada vez mais envolvido por aquela simples mortal.

Com o passar das semanas, Apolo e S/n passavam longas horas juntos, conversando sobre o mundo, sobre música, e ele até a ensinou a tocar sua lira, algo que nunca imaginara fazer com um mortal. A conexão entre eles se tornou profunda, e Apolo não podia mais negar o que sentia. Ele havia se apaixonado por ela, mesmo sabendo que S/n pertencia a Hermes.

Certa noite, enquanto estavam sozinhos no salão iluminado pela luz das estrelas, Apolo, incapaz de conter seus sentimentos, tomou a mão dela e a puxou para perto.

— S/n, eu nunca imaginei que poderia me sentir assim. Você trouxe uma luz para minha vida que eu desconhecia. Mas você pertence a Hermes... e ainda assim, eu quero que fique ao meu lado. Quero que escolha estar comigo, mesmo sabendo que talvez isso possa significar desafiar o próprio destino.

S/n olhou para ele, e Apolo viu em seus olhos uma mistura de tristeza e afeição. Ela sentia o mesmo por ele, mas também sabia que sua vida estava atada a Hermes. Mesmo que seu coração fosse capaz de amar Apolo, seu destino não lhe pertencia. Com os olhos marejados, ela acariciou o rosto dele suavemente e disse:

— Apolo, eu jamais poderei esquecer o que vivemos aqui, mas minha vida pertence a outro. Não posso ficar, mesmo que meu coração queira. Eu sou apenas uma mortal, e a escolha não é minha.

As palavras dela atingiram Apolo como uma lança. Ele, que era um deus, acostumado a ter o que desejava, percebeu que, naquele momento, não havia nada que pudesse fazer. O destino a levaria de volta a Hermes, e ele teria que aceitar essa realidade.

Quando Hermes voltou, encontrou S/n no jardim, pronta para partir com ele. Apolo observou de longe, seu coração pesado. Ele sabia que nunca esqueceria a breve, mas intensa paixão que vivera com ela, e que, por mais que ele fosse o deus do sol, uma parte de seu mundo sempre seria envolta em sombras.

E assim, S/n partiu com Hermes, deixando Apolo para trás, carregando consigo as memórias de um amor impossível, um amor que, apesar de verdadeiro, nunca poderia ser.

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Cap a pedido de um leitor! 

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