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São Luís 📍
27/02/2024

O celular de Dielly continuava vibrando incessantemente. Cada nova notificação de Márcio parecia uma pequena explosão, minando sua recém-descoberta coragem. Ela olhou para o aparelho por um longo momento, hesitando, enquanto o olhar de Benjamin, silencioso e compreensivo, pesava sobre ela.

— Talvez eu deva responder — murmurou Dielly, mais para si mesma do que para Benjamin.

— Você não precisa — respondeu ele, suavemente, mas com firmeza. — Você tem o direito de escolher quando e se quer falar com ele.

Essas palavras ecoaram dentro dela, tão simples e ao mesmo tempo tão revolucionárias. Pela primeira vez, alguém sugeria que ela tinha o poder de escolher. Mas o medo ainda estava lá, rastejando como uma sombra que ela não conseguia dissipar completamente.

— Se eu não responder agora, ele vai ficar pior — disse ela, a voz entrecortada. — Ele pode... — Dielly não terminou a frase. O que Márcio poderia fazer era uma pergunta que ela tentava evitar.

Benjamin suspirou e, com um gesto cuidadoso, colocou a mão no ombro dela. Era um toque leve, quase imperceptível, mas carregado de empatia.

— Você não está sozinha nisso. Ele só tem o poder que você dá a ele. Sei que é difícil, mas se você continuar cedendo a esse controle, vai ficar cada vez pior.

As palavras de Benjamin ressoaram dentro de Dielly. Ela olhou para o celular mais uma vez, mas, em vez de responder imediatamente, ela deslizou o aparelho sobre a mesa e respirou fundo.

— Talvez... eu possa esperar — disse, com uma pequena chama de determinação. — Só por hoje.

Benjamin sorriu de forma encorajadora. — Isso já é um grande passo.

Eles voltaram ao trabalho, mas Dielly sabia que a batalha verdadeira estava apenas começando. Ela tentou se concentrar nas anotações, nos detalhes do projeto de história, mas os pensamentos sobre Márcio e o que ele diria quando finalmente a visse de novo continuavam voltando, ameaçando quebrar a frágil calma que ela havia construído.

Horas depois, quando o trabalho estava finalizado, Dielly agradeceu a Benjamin e começou a juntar suas coisas para ir embora. Ele a acompanhou até a porta, onde eles se despediram com um sorriso genuíno.

— Boa sorte, Dielly. Se precisar de algo, qualquer coisa, me manda mensagem, ok?

Ela assentiu, tocada pela gentileza dele. — Obrigada, Benjamin. Eu vou tentar.

Dielly saiu da casa de Benjamin com um misto de sensações. Sentia-se mais leve por ter conseguido passar algumas horas sem ceder à pressão de Márcio, mas a realidade da situação ainda pairava sobre ela como uma nuvem pesada.

Enquanto caminhava de volta para casa, o céu começava a escurecer e a inquietação dentro dela aumentava. Quando finalmente chegou à sua rua, ela viu a figura de Márcio encostada em sua moto, esperando do lado de fora de sua casa.

Seu coração disparou.

Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentá-lo. Mas não esperava que fosse agora.

— Onde você estava? — perguntou Márcio, a voz fria e controlada, assim que ela se aproximou.

— Estava fazendo o projeto de história — respondeu Dielly, tentando manter a calma, mas o tom de sua voz a traiu.

— Na casa daquele nerd? — A pergunta saiu carregada de desprezo. Márcio deu um passo à frente, seus olhos fixos nela de forma ameaçadora.

Dielly sentiu um nó se formar em sua garganta, mas se forçou a respirar fundo. Ela não queria discutir ali, na frente de todos, mas sabia que não podia continuar cedendo.

— Sim, na casa dele. Porque era onde tínhamos que fazer o trabalho — disse ela, tentando soar firme.

Márcio a encarou por alguns segundos, sua expressão dura e implacável. Ele apertou os punhos ao lado do corpo, como se estivesse contendo algo.

— Eu te avisei para não falar com ele — rosnou, a voz baixa e cheia de fúria contida.

Dielly deu um passo para trás, sentindo o medo que sempre a dominava nessas situações. Mas então, algo dentro dela se rebelou. Ela se lembrou das palavras de Benjamin, da sensação de alívio que sentira ao se afastar, mesmo que por pouco tempo, daquele controle sufocante.

— Márcio, eu não sou sua propriedade — disse ela, a voz trêmula mas decidida. — Eu não vou deixar você me dizer com quem eu posso ou não falar.

Ele pareceu surpreso por um momento, como se aquela reação fosse inesperada. Mas rapidamente sua expressão mudou para algo ainda mais sombrio.

— Você acha que pode falar assim comigo? — Ele deu outro passo em direção a ela, a raiva crescendo em seus olhos. — Depois de tudo que fiz por você?

Dielly sentiu o medo crescer novamente, mas, desta vez, ao invés de se calar, ela continuou.

— O que você faz por mim não justifica o que você me faz sentir, Márcio. Eu não vou mais viver com medo de você.

O silêncio que seguiu foi denso, pesado. Márcio a encarou, os olhos brilhando de fúria, mas havia algo mais ali. Um reconhecimento, talvez, de que ela estava finalmente se afastando de seu controle.

— Isso não acabou, Dielly — disse ele, com um tom de ameaça velada, antes de virar as costas e subir em sua moto. O som do motor rasgou o silêncio da rua enquanto ele acelerava e desaparecia na esquina.

Dielly ficou parada ali, o coração batendo forte no peito, mas pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se livre.

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Oiii gente😝
Da uma ⭐ pra nois aí vai

Isso é uma história de Ficção , nenhum fato dela é verídico na vida real 😁
É apenas uma brincadeira de amigas bem mal feita😍

new chancesOnde histórias criam vida. Descubra agora