Capítulo 03 - Elevadores

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A luz suave do sol filtrava-se pela pequena fresta da cortina, tocando o rosto de Rey enquanto ela ainda se debatia no limiar entre o sono e a vigília de início de manhã. O frio não era cortante, mas era o suficiente para fazer qualquer pessoa preferir permanecer debaixo das cobertas, aquecida e confortável. Mas não foi o frio da manhã nem o sol que a despertaram; foi o som frenético de seu celular, que ecoava pelo apartamento silencioso como um alarme indesejado, cortando o silêncio da manhã.

Com um esforço sonolento, Rey espichou o braço, tentando tatear a mesinha ao lado da cama onde o celular estava carregando. Seus olhos permaneciam semiabertos, pesados como se estivessem grudados. Depois de um tempo parecendo uma eternidade, os dedos finalmente encontraram o aparelho e, com um toque hesitante, ela atendeu.

- Desliga essa porcaria! - a voz abafada e sonolenta de Hannah ecoou do quarto ao lado, refletindo a irritação matinal.

Era cedo, muito cedo, nem seis e meia da manhã ainda.

Finalmente conseguindo pegar o celular, Rey se ajeitou na cama de barriga para cima. Apenas um olho se abriu para encarar o teto, enquanto a preguiça ainda parecia dominá-la.

- Alô? - sua voz saiu arrastada, quase um sussurro sonolento.

- Bom dia, eu falo com a senhorita Rey? - uma voz masculina soou do outro lado da linha, clara e firme.

- É ela... - murmurou, lutando para manter a consciência.

- Ótimo! Meu nome é Igor Smith. Você entregou seu currículo aqui no Café Aurora esses dias. - quando ouviu aquilo, os olhos de Rey se arregalaram, e ela se sentou de imediato, o sono evaporando de sua mente. - Gostaria de saber se ainda teria interesse na vaga.

- Claro! - disse com uma empolgação talvez exagerada, sua voz um pouco alta demais. - Quer dizer, com certeza. Tenho interesse sim!

Seu coração começou a bater mais rápido. A oportunidade de um emprego finalmente estava diante dela. E, ainda que fosse cedo demais para as comemorações, Rey sentiu uma onda de alívio e excitação atravessá-la.

- Pode vir aqui amanhã às sete da manhã? - Igor perguntou, a voz clara e objetiva.

- Claro, posso sim! - Rey respondeu, a animação tomando conta dela.

- Ótimo, senhorita Rey. Vou deixar a papelada pronta e amanhã conversamos melhor.

- Maravilha, muito obrigada! - Rey sorriu, sentindo a empolgação pulsar em suas veias enquanto o telefone desligava.

Ela segurou o aparelho firme contra o peito e, num impulso de alegria, saiu correndo do quarto em direção ao de Hannah, gritando de felicidade.

- Ai! O que foi? Já viu a hora? - Hannah murmurou, confusa e sonolenta, enquanto Rey subia na cama dela, usando o colchão como trampolim.

- A cafeteria que eu mandei currículo me chamou para conversar amanhã! - Rey gritou, a energia vibrante irradiando dela.

Hannah, que ainda tinha os cabelos bagunçados e vestia um pijama parecido com o de Rey, deu um grito alto e se levantou na cama, juntando-se à dança de celebração.

- Chamaram? - perguntou, os olhos agora arregalados de surpresa. Quando Rey assentiu, Hannah explodiu em empolgação. - Ai meu Deus, minha reza deu certo!

As duas começaram a pular juntas, rindo e gritando, completamente alheias à hora da manhã e ao fato de que poderiam estar acordando os vizinhos. O quarto de Hannah parecia um mini palco de comemoração, um espaço onde a alegria e a amizade criavam uma atmosfera mágica.

BALLET - REYLOOnde histórias criam vida. Descubra agora