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Selena.
No dia seguinte, fui chamada para o escritório do diretor. A sensação de peso em meu estômago era inevitável, como se algo estivesse prestes a mudar, mas eu não sabia se para melhor ou para pior. Quando entrei na sala, lá estavam eles — o casal de missionários que eu havia visto no refeitório, sempre simpáticos, sempre sorridentes. Mas, para minha surpresa, Demion também estava lá, no canto da sala, encostado na parede com aquele sorriso provocador que me dava arrepios.
O diretor indicou que eu me sentasse, e eu obedeci, tentando não olhar muito para Demion, que parecia se divertir com a situação de algum jeito estranho.
— Selena, — o diretor começou, cruzando as mãos sobre a mesa. — Tenho uma notícia importante para você. O Sr. e a Sra. Mendez, o casal de missionários que vem visitando o orfanato, expressaram o desejo de adotar você e... Demion.
Eu não soube como reagir de imediato. Olhei para o casal, que sorria para mim como se fosse a coisa mais natural do mundo. Minha mente estava em um turbilhão. Adotar nós dois? Juntos? Isso nunca tinha acontecido antes. Ninguém jamais se interessou por mim, e muito menos por nós dois ao mesmo tempo.
— Gostamos muito de você, Selena, e de Demion também, — disse a senhora Mendez, sua voz suave e maternal. — Sentimos que poderíamos ser uma família. Queremos dar a vocês uma casa, um lugar para chamar de lar.
Tentei sorrir, mas tudo parecia confuso demais. Por que alguém gostaria de adotar nós dois? O casal parecia tão bondoso, mas eu não podia evitar sentir que havia algo mais por trás disso. Talvez fosse o olhar de Demion, ainda me observando com aquele sorriso travesso que nunca parecia desaparecer.
O diretor me observava atentamente, esperando minha reação. Por um momento, senti o coração apertar, como se estivesse sendo pressionado para uma escolha que não me pertencia. Olhei de soslaio para Demion, que agora tinha os braços cruzados, Clairemente satisfeito com a surpresa.
— O que você acha, Selena? — perguntou o diretor, seus olhos firmes, mas com uma tentativa de gentileza.
Antes que eu pudesse responder, Demion se mexeu, quebrando o silêncio.
— Parece que a 'maldição' vai ter que ir junto, hein? — ele disse com aquele olhar frio.
Engoli em seco. Era isso que ele pensava de mim, da situação. Ele sabia o quanto aquilo me afetava, o quanto eu odiava essa história da maldição que todos acreditavam. E agora, o casal queria adotar os dois, como se fossemos um pacote.
— Nós gostaríamos muito de ter vocês conosco, — continuou a senhora Mendez, sem perceber a tensão no ar. — Achamos que vocês têm muito potencial.
Eu forcei um sorriso, ainda incapaz de processar tudo, enquanto o olhar de Demion continuava a me queimar. Não me importava de ser adotada, mas junto com ele? Isso parecia demais.
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Eu estava sentada na beira da cama, minhas mãos tremiam enquanto dobrava as poucas roupas que eu tinha. Cada peça de roupa que eu guardava na mala parecia pesar uma tonelada, como se a própria notícia da adoção me esmagasse aos poucos.
Era para eu estar feliz, certo? Afinal, era isso que eu sempre quis. Uma chance de sair daqui, de começar de novo.
Mas ser adotada com Demion? Isso era demais.
Eu joguei uma camiseta na mala com força, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim. Eu finalmente teria a minha chance de ser normal, de viver uma vida sem os sussurros sobre maldições e sem os olhares de pena ou medo. Só que, ao invés de liberdade, parecia que eu estava sendo condenada. Por que ele?
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A hospedeira do caos - DARK ROMANCE
Lãng mạnSelena e Demion cresceram juntos em um orfanato, unindo-se em meio a segredos, medos e uma conexão profunda que desafiava as dificuldades da vida. Quando finalmente são adotados por um casal amoroso, a esperança de um novo começo renasce, mas o pas...