𝟎𝟎𝟑

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Caminhei com Gunil até em casa, o silêncio era um tanto constrangedor, todas as tentativas que tínhamos de tentar iniciar um assunto eram vagas e sem graça, ainda me sentia um pouco tonto pelo efeito da bebida, esperava que fosse só isso.

Antes de ir para casa, passei rapidamente na casa de Gunil para pegar minhas roupas, cobri meu cabelo com o capuz deixando apenas a franja a mostra.

Atravessei a rua e vi minha mãe regando as flores, era comum que ela fizesse isso aquele horário, ela não parecia preocupada com meu paradeiro, o que era de se esperar vindo dela, minha mãe nunca foi alguém que demonstrava amor genuíno por mim, era tudo falso, sempre foi tudo falso.

Ela me via sofrer e incentivava meu pai a fazer o que fazia, desde o princípio era assim, ela fazia questão de me dizer todos os dias o quanto eu sou indesejado, o quanto eu acabei com a vida dela e outras coisas mais.

Suspirei pesadamente, abri o pequeno portão e caminhei para dentro de casa, sabia que ela tinha me visto, mas realmente não me importava em me dar nem mesmo um 'bom dia'.

Meu pai estava na sala fumando como sempre, assim que me viu me olhou de cima a baixo e me deu um tapa na bunda, isso me fez querer correr para o meu quarto, mas se o fizesse o pior poderia acontecer.

— Onde você estava? — Ele perguntou dando mais uma tragada em seu charuto.

A única coisa que consegui fazer foi colocar as mãos dentro dos bolsos casaco, mantive meu olhar fixo no corredor que ia da sala até a cozinha.

— Estava na casa de Seungmin, estávamos fazendo um trabalho da escola, acabamos tarde demais então decidi ficar lá para não voltar sozinha para casa.

— Trabalho? Por acaso você está fazendo sexo com algum desse garotos que você anda? Eu já disse que não quero você andando com eles, então por que continua? — Sentia seus olhos em minhas costas, respirei fundo torcendo para que nada acontecesse depois, todo dia era a mesma coisa, porém quanto mais eu podia evitar era melhor.

— Não, pai, eu não estou fazendo nada com eles, eles são apenas meus amigos.

Meu pai disse mais alguma coisa que não consegui entender, pois sai andando até a escada, subindo para o meu quarto.
Ao chegar no topo da escada soltei um suspiro aliviado como se eu estivesse prendendo a respiração durante todo esse tempo, estar na presença de meu pai era sempre desconfortável mesmo que se estivéssemos em silêncio absoluto.

- 🎸-

A dor de cabeça parecia reverberar pela minha cabeça, como se cada batida do meu coração fizesse a pressão aumentar. Apaguei assim que minha cabeça tocou o travesseiro, mas o descanso durou pouco. Quando acordei, o incessante vibrar do meu celular me trouxe de volta à realidade. Meus olhos, ainda pesados, se arregalaram ao ver o que acontecia na tela: notificações, dezenas delas. Mensagens de amigos, colegas da escola e até pessoas desconhecidas. Todas com o mesmo vídeo: eu e Gunil. Nós nos beijando.

Meu estômago revirou, e o pânico começou a subir pela minha garganta, mas não tive tempo nem de processar o que estava acontecendo. Antes que eu pudesse reagir, a voz da minha mãe ecoou pela casa, cortante e furiosa, me chamando pelo nome. Cada sílaba parecia carregada de ódio, e o som de seus passos subindo as escadas fez meu coração disparar.

Ela irrompeu em uma série de insultos que cortavam como lâminas. "Puta", "vagabunda", "prostituta"... E esses eram os mais suaves. Instintivamente, corri para o banheiro e travei a porta, o celular ainda em minhas mãos trêmulas. Do outro lado, minha mãe batia com força, sua raiva tão intensa que eu podia sentir as vibrações da madeira. Ela gritava, exigindo que eu abrisse a porta, até que, de repente, a casa ficou em silêncio.

Meu querido baterista • JooilOnde histórias criam vida. Descubra agora