GAON
Depois da festa que nós tínhamos ido em plena quarta-feira, tudo que fiz foi pensar no que tinha acontecido entre eu e Jungsu, ele não era a pessoa mais fácil de lidar em relação a sentimentos.
Tudo que tínhamos trocado até então eram alguns amassos, um beijo aqui, um carinho ali, nada além disso. Jungsu não conseguia aceitar sua própria sexualidade e queria fingir que o que tínhamos não passava de uma mera demonstração de fraternidade. Eu sabia que não era, ele também sabia, mas preferia tratar daquele jeito.
Isso me machucava mais do que eu esperava, porque meus sentimentos estavam sendo correspondidos, mas não do jeito que eu gostaria. Ainda assim, não podia interferir no processo de descoberta de Jungsu. Me perguntava se deveria falar com ele sobre o que aconteceu; ele estava bêbado, eu não. Eu lembro do que aconteceu, mas não comentei nada, porque achei que talvez ele se sentisse desconfortável.
Eu sabia que não valia a pena guardar aquilo só para mim, seria uma atitude ruim. Peguei o celular e procurei pelo número de Jungsu na lista de contatos. Eu tinha salvo o número com um apelido que inventei para ele quando éramos mais novos: Susu. Ele detestava, mas eu gostava de chamá-lo assim.
Ao encontrar o número, apertei para ligar e esperei ele atender. Assim que Jungsu disse "Alô", senti um nervosismo crescendo no peito. Comecei a mexer a perna esquerda, com medo de como ele poderia reagir. Fiquei em silêncio por um tempo, o que fez ele estranhar a ligação.
— Oi, Ji? Você tá aí? Por que ligou?
— Jungsu, eu preciso te contar uma coisa que aconteceu na festa de ontem. Tenho quase certeza que você não lembra. — Minha voz vacilou um pouco no final da frase, por conta do medo da reação dele.
— Aconteceu algo? — Ele fez uma pausa, seguida de um suspiro. — Pode contar, Gaon.
— Bem, ontem... - Hesitei, o medo de que ele não acreditasse ou achasse que eu estava o pressionando me fez travar. — Ontem, a gente se beijou, várias vezes. E... você disse que queria me namorar. Eu não acreditei de início, mas... queria saber se você estava falando sério ou se eu tô só... ficando louco.
Jungsu ficou em silêncio. Isso me deixou mais nervoso.
Dois, três minutos se passaram e ele não disse nada. Meu nervosismo começou a se transformar em raiva. Não aguentava mais esperar por uma resposta. Estava cansado de guardar todos os meus sentimentos, de sentir tudo sozinho, sem poder dizer nada. Eu entendia que era o processo de descoberta dele, que ele precisava de tempo, mas eu não merecia alguém que me desse esperanças e, no dia seguinte, aparecesse namorando uma garota. Isso estava me destruindo.
— Olha só, Jungsu — comecei, sabendo que, se não falasse agora, nunca falaria. — Eu não aguento mais isso, tá? Eu não aguento ser seu prêmio de consolação. Entendo que você tem seu tempo, que seus pais não são as melhores pessoas do mundo, mas, porra, você acha que tá tudo bem pra mim? Acha que é fácil você me usar desse jeito? — A tristeza começou a me dominar, superando a raiva. — Você me dá esperanças pra depois jogar tudo no lixo e...
O som da chamada encerrando cortou minhas palavras. Jungsu tinha desligado, sem nem tentar conversar. Me sentei na cama, sentindo o gosto amargo do arrependimento na garganta. As lágrimas romperam as barreiras e começaram a escorrer pelo meu rosto. Sentia raiva dele, raiva de mim por ter acreditado que ele pudesse gostar de mim, que um dia ele tivesse coragem de assumir o que éramos. Eu estava terrivelmente enganado.
Tentei mandar mensagens para pedir desculpas, mas Jungsu me bloqueou em tudo. Aquilo só fez o pranto aumentar. Se arrependimento matasse, eu desejaria ter morrido.
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Meu querido baterista • Jooil
RomansaJooyeon tinha uma vida um tanto conturbada e costumava dizer que cartas de amor ou até mesmo paixão era coisa de gente boba, era o que ele dizia para seus amigos, antes de encontrar Gunil. ⚠️ - possíveis gatilhos: Violência, sh (automutilação)