Capítulo 16: O Conflito e a Partida

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O dia seguinte à tragédia foi marcado pela dor intensa e pela tensão. Benício, ainda em estado de choque, segurava Yara Elisa em seus braços, enquanto tentava encontrar um sentido para a perda irreparável de Arani. O peso da responsabilidade sobre seus ombros parecia mais do que ele podia suportar, mas havia uma força viva em sua filha que o mantinha firme.

No entanto, a paz que ele desejava era interrompida quando o pai de Arani, um homem de olhar feroz e coração partido, se aproximou. A dor pela perda da filha transparecia em cada palavra que ele pronunciava.

— Você! — gritou, apontando o dedo em riste para Benício. — É tudo sua culpa! Sua ganância e suas mentiras tiraram minha filha de mim!

Benício tentou manter a calma, mas a acusação era como um golpe em seu peito. Ele sabia que não havia palavras que pudessem curar aquela dor ou aliviar o peso da culpa que carregava.

— Por favor, eu só queria amá-la! — implorou, a voz embargada. — Eu não sabia que isso aconteceria!

— Não vou permitir que você leve minha neta! — O pai de Arani avançou, tentando puxar Yara de seus braços.

Mas, antes que a situação se agravasse, o pajé interveio, colocando-se entre os dois homens. Ele, com sua presença serena, trouxe um pouco de calma ao tumulto.

— Acalme-se — disse o pajé, sua voz firme, mas compassiva. — A menina precisa ficar com o pai. Infelizmente, a vida às vezes é cruel, e este bebê precisa de Benício.

Ele se voltou para Benício e abençoou a criança, suas palavras ecoando como um encantamento nas mentes dos presentes.

— Yara Elisa, você será próspera em sua vida, independente do que ocorrer. E se um dia desejar retornar a esta aldeia, será bem-vinda, assim como sua mãe foi.

Abençoado pelas palavras do pajé, Benício sentiu uma onda de esperança surgir em seu coração, mesmo diante da dor. Ele olhou para Yara, que dormia tranquilamente em seus braços, e soube que precisava ser forte por ela.

Na manhã seguinte, após a despedida do povo e de Arani, Benício arrumou suas coisas, incluindo a caixa colorida que Arani havia preparado para a filha. Era um tesouro de lembranças e promessas, e ele estava determinado a honrar cada uma delas.

Com Yara Elisa aninhada contra seu peito, ele partiu da aldeia, o coração pesado, mas com a determinação de criar uma vida para eles dois na fazenda. O caminho de volta foi longo e silencioso, mas ao olhar para a pequena, Benício prometeu a si mesmo que faria o possível para que Yara conhecesse as raízes de sua mãe, e que nunca faltaria amor em sua vida.

Enquanto a paisagem mudava ao seu redor, ele se perguntava como seria o futuro, mas uma coisa era certa: Arani viveria em suas memórias e na história que ele contaria a Yara sobre sua mãe, uma verdadeira guerreira

Yara Elisa: Entre Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora