10 - Desespero

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Tudo parecia tranquilo até o momento em que saí do banheiro. O parque, as luzes, os risos distantes... tudo isso desapareceu no instante em que senti um braço forte me puxar e um pano úmido cobrir minha boca e nariz. Tentei lutar, mas minha visão ficou turva, minha força esvaiu. A última coisa que ouvi foi uma voz indistinta, distante, antes de tudo escurecer.

Agora, estava acordando de um pesadelo que se tornava real.

Meus olhos abriram-se lentamente, piscando contra a dor latejante na minha cabeça. O peso nos meus braços e pernas me fez perceber a gravidade da situação. Ao tentar me mover, fui recebida por uma dor ardente que percorreu meus pulsos e tornozelos. Algo estava errado – muito errado.

Correntes.

Grossas correntes de ferro envolviam meus pulsos e tornozelos, apertando com força contra minha pele. O metal estava frio ao toque, mas para mim, aquilo era pior do que qualquer calor. A sensação de queimação vinha de dentro, como se o ferro estivesse drenando minha força, enfraquecendo cada célula do meu corpo.

Eu sabia o que aquilo significava. O metal estava me mantendo fraca, impedindo que eu usasse minhas habilidades para escapar.

Olhei ao redor, tentando entender onde estava. O lugar era uma sala escura, úmida e com o chão de concreto frio sob mim. A luz era escassa, vinda de uma lâmpada que oscilava fracamente acima da minha cabeça, criando sombras longas nas paredes. A sensação de estar presa ali, sozinha, era esmagadora.

Foi então que percebi que não estava sozinha.

Havia uma figura parada nas sombras, observando-me em silêncio. Vestida completamente de preto, com uma máscara que cobria seu rosto, a pessoa parecia intencionalmente ocultar qualquer traço de humanidade. O vazio escuro onde deveriam estar os olhos era perturbador. Meu coração começou a bater mais rápido, o medo subindo pela minha garganta.

― Quem... quem é você? ― Minha voz saiu mais fraca do que eu gostaria, carregada de pavor e incerteza.

A figura não respondeu. Em vez disso, inclinou a cabeça, como se estivesse me estudando. O silêncio era opressor, e o som das correntes roçando no chão ecoava na sala. Senti a queimadura do ferro contra minha pele e me contorci, tentando inutilmente me soltar. Cada movimento parecia apenas aumentar a dor.

― O que você quer?! ― Gritei, minha frustração misturada ao desespero. Não tinha ideia de quem era essa pessoa ou por que estava fazendo isso comigo.

A figura deu um passo à frente, cada movimento calculado e sem pressa. Meu corpo inteiro ficou tenso quando ela se ajoelhou ao meu lado, a máscara ainda escondendo qualquer emoção. Uma mão enluvada tocou meu rosto de maneira inesperadamente suave, dando leves tapas na minha bochecha, como se estivesse me testando.

― Acordada agora, Enid? ― A voz finalmente surgiu, baixa e distorcida pela máscara, sem que eu pudesse identificar seu gênero. Mas havia algo na maneira como falou meu nome, algo cruel e intimidador.

O frio das correntes contra minha pele fazia cada segundo parecer uma eternidade. As correntes, forjadas com ferro puro, eram como uma maldição contra minha natureza de lobisomem. A dor constante, como brasas sob minha pele, me enfraquecia a cada movimento. Tudo dentro de mim gritava para lutar, para me libertar, mas o cansaço estava me dominando.

A figura à minha frente, oculta pelas sombras e pela máscara, estava imóvel. Observava-me com uma atenção perturbadora, como se estivesse estudando cada reação minha. Eu tentava manter a calma, mas o silêncio era ensurdecedor.

― Por que você está fazendo isso comigo? ― perguntei, minha voz rouca de tanto lutar contra a dor. Eu precisava de respostas, precisava entender o motivo por trás dessa tortura.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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Romance | WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora