Ana Flávia Castela é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do loca...
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Virei uma esquina e vi Eduarda parada com Odorico do lado de fora do nosso dormitório.
Nós três acabamos ficando na mesma mesa durante a orientação aos calouros, e eu soube na hora que ele seria o providencial terceiro elemento da nossa amizade.
Ele não era muito alto, mas passava bem dos meus 1,62 metro.
Os olhos redondos equilibravam as feições longas e esguias, e os cabelos descoloridos geralmente estavam espetados na parte da frente.
— Gustavo Mioto? Meu Deus, Ana Flávia, desde quando você começou a pescar nas profundezas do oceano? — Odorico perguntou, com um olhar de desaprovação.
Eduarda puxou o chiclete da boca, fazendo um fio bem longo.
— Você só está piorando as coisas ao rejeitar o cara. Ele não está acostumado com isso.
— O que você sugere que eu faça? Durma com ele?
Eduarda deu de ombros.
— Vai poupar tempo.
— Eu disse pra ele que vou lá hoje à noite.
Odorico e Eduarda trocaram olhares de relance.
— Que foi? Ele prometeu parar de me encher se eu dissesse que ia. Você vai lá hoje à noite, não é?
— É, vou — disse Eduarda. — Você vem mesmo?
Sorri e fui andando.
Passei por eles e entrei no dormitório, me perguntando se Gustavo cumpriria a promessa de não flertar comigo.
Não era difícil sacar qual era a dele: ou ele me via como um desafio, ou como sem graça o bastante para ser apenas uma boa amiga.
Eu não tinha certeza de qual das alternativas me incomodava mais.
Quatro horas depois, Eduarda bateu à minha porta para me levar até o apartamento do Vetuche e do Gustavo.
Ela não se conteve quando apareci no corredor.
— Credo, Ana Flávia! Você está parecendo uma mendiga
— Que bom — eu disse, sorrindo para o meu visual.
Meus cabelos estavam aglomerados no topo da cabeça em um coque bagunçado.
Eu tinha tirado a maquiagem e substituído às lentes de contato por óculos retangulares de aros pretos.
Vestindo uma camiseta bem velha e gasta e uma calça de moletom, eu me arrastava em um par de chinelos.
A ideia me viera à mente horas antes, parecer desinteressante era a melhor estratégia.
O ideal seria que Gustavo perdesse instantaneamente o interesse em mim e colocasse um ponto final em sua ridícula persistência.
E, se ele estivesse em busca de uma amiga, meu objetivo era parecer desleixada demais até para isso.