Ana Flávia Castela é uma boa garota. Ela não bebe nem fala palavrão. E acredita que seu passado sombrio está bem distante, porém, quando, para cursar a faculdade, se muda para uma nova cidade, seu recomeço é rapidamente ameaçado pelo bad boy do loca...
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Depois de um bom tempo, ele se reclinou no travesseiro e me puxou de encontro ao peito.
— A Eduarda está bem? — ele me perguntou, com o olhar fixo no teto.
— Ela está preocupada, mas vai ficar bem.
— Ainda bem que eles não estavam lá.
Cerrei os dentes.
Eu não tinha nem pensado no que poderia ter acontecido se eles não tivessem ido para a casa dos pais do Vetuche.
Um lampejo das expressões aterrorizadas das garotas no porão, lutando contra os homens para tentar escapar de lá, passou pela minha mente.
O rosto horrorizado de Eduarda substituía o das garotas sem nome naquela sala.
Senti náuseas só de pensar em seus lindos cabelos loiros sujos e queimados com o restante dos corpos dispostos no gramado.
— É mesmo — falei, sentindo um calafrio.
— Desculpa. Você já passou por muita coisa hoje. Não preciso acrescentar mais uma cena de terror.
— Você também estava lá, Gu.
Ele ficou quieto por um longo tempo e, bem quando abri a boca para falar, respirou fundo.
— Eu não fico com medo com frequência — ele disse por fim. —Fiquei com medo naquela manhã, quando acordei e você não estava aqui. Fiquei com medo quando você me largou depois de Las Vegas. Fiquei com medo quando achei que ia ter que contar pro meu pai que o Gael tinha morrido no incêndio. Mas, quando te vi através das chamas no porão... eu fiquei apavorado. Eu consegui chegar até a porta, estava a menos de um metro da saída, mas não consegui sair.
— Como assim? Está maluco? — falei, virando a cabeça para olhar em seus olhos.
— Nunca estive tão lúcido na vida. Eu me virei, encontrei o caminho até aquela sala, e você estava lá. Nada mais importava. Eu não sabia se a gente ia conseguir sair dali vivos ou não. Eu só queria estar onde você estivesse, não importa o que isso significasse. A única coisa que eu tenho medo, é de viver sem você, Beija-Flor.
Eu me inclinei e beijei seus lábios com ternura.
Quando nossa boca se separou, eu sorri.
— Então você não precisa ter medo de mais nada. Nós estamos juntos para sempre.
Ele suspirou.
— Eu faria tudo de novo, sabia? Não mudaria um segundo da nossa história se significasse que estaríamos aqui, agora, neste momento.
Senti os olhos pesados e inspirei fundo.
Meus pulmões doíam, ainda ardendo por causa da fumaça.
Tossi um pouco e depois relaxei, sentindo os lábios mornos de Gustavo na minha testa.