Entre Ódio e Saudade - Apollo MC

1.

Mariah estava sentada na cadeira do salão, os cabelos cobertos por uma toalha branca enquanto a cabeleireira aplicava a tinta nas mechas loiras. A luz suave do lugar refletia nos fios, criando um brilho que deixava Mariah ainda mais confiante. A cada toque da escova, ela se sentia renovada, pronta para o que quer que a noite trouxesse. Enquanto esperava o tempo de pausa, seu celular vibrou na mesa ao lado.

Era uma mensagem de Kakau, sua melhor amiga. "E aí, Mariah! Vai rolar uma resenha aqui em casa, com o Jota e o pessoal das batalhas. Você vem, né? Não pode faltar!"

Mariah sorriu ao ler a mensagem. Era exatamente o que ela precisava para dar um ânimo na semana. "Claro! Já estou indo!", respondeu rapidamente, já imaginando a diversão que a aguardava. Assim que a cabeleireira terminou, Mariah se despediu e foi para seu apartamento.

Ao chegar, a ansiedade tomou conta dela. "O que vestir?" pensou, olhando para o armário. Após alguns minutos, encontrou o conjunto off-white que havia recebido de uma loja, algo que sempre a fazia sentir-se poderosa e confortável. Com a peça perfeita escolhida, ela se apressou em se trocar e, em seguida, dedicou um tempo a sua maquiagem. Com um toque de delineador e um batom nude, ela estava pronta para a noite.

Depois de conferir seu reflexo uma última vez, Mariah pegou a bolsa e saiu, decidida a aproveitar cada instante daquela resenha. O caminho para a casa de Jota foi preenchido pela expectativa. A música alta e a energia vibrante que sempre acompanhavam esses encontros a deixavam animada.

Ao chegar na casa, a música já ecoava do interior. O cheiro de comida e bebida invadia o ar, e Mariah mal podia esperar para se juntar a todos. Assim que entrou, ela foi recebida por Kakau, que a puxou para um abraço apertado. "Que bom que você veio! A festa está demais!"

Mariah cumprimentou todos os amigos, dando risadas e trocando algumas palavras, mas não conseguiu evitar de notar uma presença que sempre a deixava um pouco irritada: Apollo. Ele estava lá, parado perto do bar improvisado, sorrindo de um jeito que a fazia sentir uma mistura de raiva e confusão. O perfume dele pairava no ar, tão forte que mesmo a distância de alguns passos era suficiente para fazer Mariah se lembrar de sua presença. "Por que ele sempre tem que estar aqui?", pensou, tentando ignorá-lo.

As bebidas começaram a fluir, e logo todos estavam envolvidos em conversas animadas, rindo e brincando. A energia da festa crescia à medida que o álcool fazia efeito, e Mariah não demorou a se juntar à alegria coletiva, esquecendo, por um momento, qualquer sentimento negativo que tivesse em relação a Apollo.

No entanto, a tensão entre os dois era palpável. A cada riso, a cada olhar fugaz, Mariah sentia uma chama se acender e se apagar dentro dela. Era uma sensação estranha, porque, por um lado, ela o desprezava; mas, por outro, havia um magnetismo que não conseguia ignorar. Quando as bebidas começaram a acabar, as conversas ficaram mais soltas, e a dignidade de todos estava se esvaindo, dando lugar a risadas escandalosas e histórias embaraçosas.

Foi quando Apollo se aproximou dela, interrompendo seu momento de reflexão. Ele estava mais próximo do que o habitual, o que fez seu coração disparar. "E aí, Mariah. Então, qual vai ser?" ele perguntou, com um sorriso provocador que exibia sua confiança habitual.

Mariah revirou os olhos, tentando manter a postura. "Qual vai ser oque? Tá chapado!" respondeu, com um tom que misturava sarcasmo e um pouco de nervosismo. Na verdade, a proximidade dele estava mexendo com ela de um jeito que não deveria.

Apollo deu um passo mais perto, a expressão dele agora mais séria. "Só estou tentando entender o que acontece entre nós. A gente se odeia, mas é como se houvesse sempre essa... tensão, sei lá."

Ela sentiu o rosto esquentar, mas não queria dar o braço a torcer. "A gente se odeia porque você é insuportável, Apollo. E eu não estou aqui para jogar joguinhos de amor ou qualquer coisa do tipo."

"Insuportável, né?" Ele riu, mas havia um brilho em seus olhos que indicava que ele não estava tão ofendido quanto parecia. "Se você realmente quisesse, poderia parar de me tratar assim. A verdade é que você não consegue me ignorar."

Mariah hesitou. Ele tinha razão. Por mais que tentasse se afastar, havia algo nele que a atraía, como um imã. Mas isso era exatamente o que ela queria evitar. "É melhor você ficar longe de mim, Apollo." ela disse, decidida.

"E se eu não quisesse ficar longe?" ele questionou, desafiador.

O olhar dele fez Mariah sentir um frio na barriga, e, por um momento, ela se pegou pensando se era realmente apenas um jogo ou se havia algo mais profundo por trás de toda aquela animosidade.

A festa continuava ao fundo, risadas e músicas misturadas, mas naquele instante, só havia eles dois. Mariah percebeu que aquela noite poderia ser o começo de algo que nunca esperou ou um deslize para algo que sempre temeu.

Ambos estavam em um ponto de virada, e a escolha de continuar com a rivalidade ou explorar a conexão estava apenas começando.