5.

111 9 1
                                    

Mariah saiu do transe de pensamentos que a havia tomado durante a corrida. O suor escorria em sua testa enquanto ela voltava para casa, deixando que a água da ducha levasse o cansaço e as dúvidas que ainda rondavam sua mente. Não era fácil equilibrar os sentimentos que ela guardava por Apollo, e fingir que ele não a afetava era uma batalha constante. Depois de se arrumar, Mariah se lembrou do convite que havia recebido para a Batalha da Aldeia, um evento de rimas que prometia ser acirrado, especialmente com competidores como Tavin, Apollo, Jota e Dudu.

O evento era de duplas, mas antes das duplas, havia as batalhas individuais. Tavin e Jota foram para o embate no individual, e, após rimas afiadas e reações entusiasmadas da plateia, Tavin saiu vencedor, levando a multidão à loucura. Enquanto isso, Mariah estava conversando com as meninas à parte, um pouco distante da adrenalina das batalhas. Ela se sentia aliviada por poder desviar sua atenção de Apollo por alguns momentos. Estar ali para apoiar os amigos era importante, mas evitá-lo parecia ser a maior tarefa da noite.

As batalhas seguiam, e Mariah já estava em meio a uma conversa distraída com Kakau e Lili quando, de repente, sentiu uma mão passar de leve por sua cintura. Ela soube instantaneamente de quem era. Só poderia ser ele. Apollo.

— Sai daqui, folgado! — gritou, sem esconder a irritação na voz.

Apollo, no entanto, apenas abriu um sorriso malicioso, o mesmo sorriso que ela tanto detestava, mas que, para seu completo desespero, sempre a fazia rir. Ela tentou resistir, mas o riso escapou antes que pudesse se conter, e todas as meninas ao redor notaram. Kakau, sempre a mais curiosa, foi a primeira a perguntar:

— E aí, o que tá rolando entre vocês dois, hein?

Mariah rapidamente negou com a cabeça, sua expressão séria retornando.

— Nada. Nada mesmo. Odeio esse cara — respondeu ela, tentando soar convincente, embora o calor que sentia nas bochechas indicasse o contrário.

— Hmm, sei... — Lili disse, com uma sobrancelha levantada, em um tom que indicava que ninguém ali acreditava nas palavras de Mariah.

Mariah se afastou um pouco, irritada consigo mesma por ter deixado Apollo tirar uma risada dela tão facilmente. Como alguém podia ser tão irritante e, ao mesmo tempo, fazer seu coração bater mais forte? Era um mistério que ela odiava tentar desvendar.

Mais batalhas se seguiram, e ela tentou focar sua atenção nos competidores. Jota e Dudu enfrentavam uma dupla rival, e a tensão da plateia só aumentava. Apollo estava ali perto, vibrando com cada rima bem-feita. Ele também competiria nas duplas com Tavin mais tarde, mas Mariah não queria nem pensar em assistir a essa parte.

Mesmo assim, ela não pôde evitar que seus olhos vagassem em direção a Apollo, notando a postura confiante e o jeito descompromissado que ele tinha em meio ao caos. Ele estava tão imerso nas batalhas quanto sempre, mas, vez ou outra, ela percebia seu olhar pairando sobre ela, como se ele estivesse tão ciente dela quanto ela estava dele.

As meninas ainda conversavam, mas a cabeça de Mariah já estava longe. Era confuso e frustrante se ver sentindo qualquer coisa além de raiva por Apollo. Não fazia sentido. Eles se odiavam, não era? Pelo menos era isso que ela dizia para si mesma. No entanto, os olhares trocados e os pequenos momentos de interação diziam outra coisa.

Enquanto a noite avançava e o evento chegava ao seu auge, Mariah decidiu se concentrar no que importava: seus amigos estavam ali para se divertir e competir. E ela estava lá para apoiar, mesmo que o cenário ao redor fosse confuso para ela.

Quando Apollo voltou a encará-la após a última batalha da noite, ele lançou um olhar que fez seu coração acelerar de novo, mas desta vez ela não cedeu. Respirou fundo, jogou os cabelos para o lado e se afastou, determinada a manter a distância. Ela não podia deixar ele se aproximar novamente, pelo menos era isso que ela tentava acreditar.

O problema era que, no fundo, talvez houvesse algo que ela não estava pronta para admitir.

Entre Ódio e Saudade - Apollo MCOnde histórias criam vida. Descubra agora