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Apollo acordou primeiro naquela manhã, como de costume. O silêncio do apartamento de Mariah estava impregnado de uma leve tensão, mas também de uma sensação de familiaridade. Embora soubesse que ela provavelmente acordaria de mau humor depois da noite anterior, ele não se importou. Sentia um estranho desejo de tentar aliviar as coisas, como fazia antigamente.

Sem pensar muito, Apollo foi para a cozinha. Ele havia passado tantas manhãs ao lado dela durante o namoro que quase tudo ali era automático: o cheiro do café, a torrada, o iogurte que ela sempre preferia. Ele decidiu preparar o café da manhã para Mariah, mesmo sabendo que não seria um banquete, mas sim algo simples — como costumava ser nos tempos em que eram apenas dois jovens apaixonados, tentando construir uma rotina juntos.

Enquanto espalhava o iogurte na tigela e observava a torrada na frigideira, ele não pôde deixar de sorrir com as memórias que surgiam em sua mente. Mesmo que Mariah ainda insistisse em manter uma certa distância emocional, era difícil ignorar os momentos bons que viveram juntos.

Do outro lado do apartamento, Mariah começou a despertar, sentindo o calor do sol entrando pela janela. Ela abriu os olhos devagar, e a primeira coisa que notou foi que Apollo não estava mais deitado ao lado dela. Um súbito pânico tomou conta por um segundo, como se ela tivesse sido abandonada, mas então o cheiro de pão queimado a fez se levantar rapidamente.

Ao entrar na cozinha, ela encontrou Apollo de pé ao lado da frigideira, claramente lidando com uma torrada que havia passado do ponto. Ela se apoiou na porta, cruzando os braços e observando a cena com uma expressão que misturava irritação e uma leve diversão.

"Você ainda não aprendeu a fazer uma torrada decente depois de todos esses anos?" Mariah zombou, erguendo uma sobrancelha enquanto se aproximava dele.

Apollo deu um meio sorriso, envergonhado. "Achei que você não fosse ligar. Afinal, eu estava tentando ser atencioso."

"Sim, claro, muito atencioso," ela respondeu sarcasticamente, pegando a torrada queimada das mãos dele e jogando-a no lixo. Mesmo com a piada, havia um tom suave em sua voz que mostrava que ela apreciava o gesto, mesmo que não fosse exatamente o café da manhã dos sonhos.

Depois de jogarem conversa fora por um tempo, Mariah se sentou à mesa e aceitou o iogurte com um sorriso quase invisível. Ela ainda não ia com a cara de Apollo totalmente — ou ao menos, era o que gostava de dizer a si mesma. Contudo, algo naquela manhã trazia uma sensação de nostalgia que ela não conseguia ignorar.

Enquanto tomava o café da manhã, Mariah observava Apollo de relance, tentando entender por que a presença dele, mesmo depois de tanto tempo e tantos conflitos, ainda a afetava de maneira tão profunda. Era como se uma parte dela quisesse que ele ficasse ali por mais tempo, que ele não fosse embora. Mas, ao mesmo tempo, seu orgulho a impedia de admitir isso.

Apollo, sentindo o desconforto no ar, decidiu que já havia ficado o suficiente. "Bom, acho que vou nessa," ele disse, pegando suas coisas e se dirigindo à porta. "Você vai ficar bem, né?"

Mariah deu de ombros, fingindo indiferença. "Vou, sim. Vai tranquilo." Por dentro, no entanto, ela sabia que, se pudesse, pediria para ele ficar um pouco mais. Mas opa, ela lembrava a si mesma: você odeia ele, Mariah.

Assim que Apollo saiu, deixando um silêncio súbito no apartamento, Mariah suspirou e passou as mãos pelo rosto. Aquele vazio incomodava. Talvez fosse a ressaca emocional da noite anterior, ou talvez fossem todas as memórias que ela tentava reprimir. De qualquer forma, havia algo nela que não estava conseguindo se ajustar à ideia de que ele tinha ido embora outra vez.

Ela decidiu que precisava sacudir aquela sensação. Levantou-se da mesa e foi direto para o banheiro. Um banho era exatamente o que ela precisava para se livrar daquele torpor e da confusão que estava sentindo. Enquanto a água quente caía sobre seu corpo, sua mente continuava girando em torno de Apollo. Como era possível que ele ainda ocupasse tanto espaço em seus pensamentos? Eles não eram mais um casal, e ela precisava parar de agir como se aquilo ainda fosse importante.

Saindo do banho, Mariah se sentiu um pouco mais leve. Vestiu uma roupa confortável e decidiu verificar suas redes sociais, apenas para se distrair. Abriu o Twitter e, sem pensar muito, escreveu uma frase que parecia resumir seus sentimentos:

 Abriu o Twitter e, sem pensar muito, escreveu uma frase que parecia resumir seus sentimentos:

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Ela olhou para a tela do celular, o coração acelerado ao clicar no botão de enviar. Era como se estivesse enviando um recado direto para Apollo, mesmo que não mencionasse nomes. E, claro, ela sabia que seus fãs, sempre atentos, não deixariam aquela frase passar despercebida.

Não demorou muito para que as notificações começassem a chegar. Comentários, curtidas, e mensagens diretas pipocavam em sua tela. Os fãs estavam enlouquecendo, especulando se a frase era sobre Apollo, se eles estariam se reaproximando. Mariah fechou os olhos, exasperada. Por que eu fiz isso?, pensou.

Ainda pensando no caos que provavelmente estava criando, ela decidiu verificar o perfil de Apollo. E, para sua surpresa, ele também havia postado uma mensagem misteriosa logo em seguida:

 E, para sua surpresa, ele também havia postado uma mensagem misteriosa logo em seguida:

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Mariah sentiu o estômago revirar. Era impossível não fazer a conexão entre os dois tweets, e ela sabia que os fãs fariam ainda mais alarde. Era um ciclo que nunca parecia ter fim. Ela desligou o celular e jogou o aparelho no sofá. Não queria mais lidar com aquilo por enquanto.

Decidida a parar de pensar tanto em Apollo, Mariah pegou seu par de tênis e saiu para correr. Ela sempre usava o exercício físico como uma forma de limpar a mente, e hoje, mais do que nunca, precisava disso. Durante cerca de 50 minutos, ela correu pelas ruas do bairro, sentindo o vento bater em seu rosto e tentando focar apenas no som de seus passos contra o asfalto.

Mas, por mais que tentasse fugir, a mente de Mariah sempre voltava para o mesmo ponto. Era frustrante como alguém podia ter tanto impacto sobre ela, mesmo depois de tudo. "Ele tem nome, sobrenome e endereço," ela murmurou para si mesma enquanto continuava a correr, incapaz de se livrar da presença persistente de Apollo em sua vida e em seus pensamentos.

Entre Ódio e Saudade - Apollo MCOnde histórias criam vida. Descubra agora