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Mariah caminhou até a cozinha, sua mente ainda processando o breve encontro com Apollo. Aquele sorrisinho provocador dele havia mexido com ela mais do que gostaria de admitir, mas decidiu que não deixaria aquilo estragar a noite. Precisava de mais bebida, algo que a fizesse relaxar e, quem sabe, esquecer o incômodo que ainda queimava no fundo do peito.

Ela entrou na cozinha e avistou Apollo e Neo conversando próximos à bancada. Estavam despreocupados, rindo de algo que só eles entendiam. Mariah pegou uma garrafa de Vodka e começou a mexer nela, tentando não parecer afetada pela presença de Apollo. Porém, enquanto se servia, as vozes dos dois começaram a ficar mais claras, e foi então que ela percebeu que o assunto era ela.

Instintivamente, ela se aproximou um pouco mais, quase escondida atrás da porta da cozinha, mantendo uma distância que permitisse ouvir a conversa sem ser notada. E então, Apollo falou, com a voz firme e decidida, o que ela menos queria escutar.

"Eu não amo mais ela, irmão, pode confiar. Eu tô gostando da Larissa agora, e chega. Mariah foi um capítulo fechado com cadeado na história da minha vida, e joguei a chave fora."

A frase ecoou na mente de Mariah como um soco no estômago. Sentiu o mundo ao redor desacelerar por alguns segundos, enquanto tentava assimilar o que acabara de ouvir. O queixo de Mariah caiu levemente, e a Vodka em sua mão quase escorregou. O gosto amargo das palavras de Apollo era pior do que qualquer bebida.

Ela sabia que eles estavam em fases diferentes, que o passado tinha ficado para trás, mas ouvir Apollo falar sobre ela dessa maneira, como se ela não tivesse significado nada, como se tivesse sido apenas uma fase sem importância, a machucou profundamente. O nó em sua garganta começou a apertar, e o coração bateu mais forte. Lágrimas começaram a se formar, mas Mariah se recusava a deixar que elas caíssem. Não ali, não na frente dele.

Ela sabia que precisava sair dali antes que qualquer reação escapasse. Colocou a garrafa de Vodka de volta na mesa sem fazer barulho, e deu dois passos para trás, pronta para fugir da cozinha. Seus pensamentos estavam uma bagunça, misturados entre raiva, dor e, talvez, um toque de arrependimento. Capítulo fechado com cadeado? Ele realmente acreditava nisso?

Apollo continuou falando com Neo, sem perceber a presença de Mariah ali. Ele parecia confiante de suas palavras, mas também um pouco distante, como se estivesse tentando convencer mais a si mesmo do que ao amigo. Neo balançou a cabeça, concordando, e mudou de assunto, sem perceber o impacto que aquela conversa estava causando.

Mariah saiu da cozinha rapidamente, com o coração disparado. Ela queria sair dali, sumir por algumas horas, ou talvez dias. Queria estar em qualquer lugar que não fosse aquela casa, onde a presença de Apollo, agora mais pesada do que nunca, parecia sufocá-la. O sorriso confiante que ela havia mantido horas antes desmoronou completamente.

Ela andou até a varanda, onde algumas pessoas ainda conversavam e riam, mas ela não via ninguém. O mundo ao seu redor ficou embaçado, e a única coisa que conseguia sentir era a dor afiada no peito. Apollo tinha sido tudo para ela em um momento da vida, e por mais que tentasse seguir em frente, parte dela ainda esperava que ele sentisse o mesmo. Mas agora, com aquelas palavras ecoando em sua mente, qualquer esperança se despedaçou.

Sentada em um canto, Mariah fechou os olhos e respirou fundo, tentando acalmar a mente. Ela não podia desmoronar ali, não naquela festa, não na frente de tantas pessoas. Sabia que seu controle emocional seria testado naquela noite, mas não imaginava que seria assim. Tentou se lembrar de que, mesmo que Apollo dissesse que o "capítulo" deles estava encerrado, a história dela continuava, com ou sem ele.

"Você é forte, Mariah," murmurou para si mesma, como uma forma de mantra, tentando encontrar algum conforto nas palavras. Mas a verdade era que ela se sentia mais frágil do que nunca. Sabia que seguir em frente era necessário, mas ouvir da boca dele que ela não era mais importante na vida dele... isso doía mais do que qualquer outra coisa.

Ainda na varanda, Mariah olhou para o mar que brilhava ao longe, imaginando-se longe dali, correndo pelas ondas e deixando tudo para trás. A bebida em seu corpo a deixava tonta, mas a dor no peito era muito mais forte do que o efeito do álcool. Apollo, que ela tinha amado tão profundamente, estava realmente seguindo em frente. E agora, ela precisava fazer o mesmo, mesmo que cada passo fosse pesado.

Após alguns minutos, quando finalmente conseguiu respirar normalmente de novo, Mariah pegou o celular e decidiu sair daquela festa de vez. Não queria mais estar perto de Apollo, de Neo, ou de qualquer outra pessoa que pudesse tentar fazê-la se sentir melhor. Tudo o que ela queria naquele momento era se afastar.

Ela chamou um carro de aplicativo e, enquanto esperava, olhou para o horizonte mais uma vez, tentando encontrar algum tipo de paz naquele caos que sentia por dentro. Talvez fosse só uma questão de tempo, talvez o tempo curasse tudo, como dizem. Mas naquele momento, a dor era real, e parecia insuportável.

O carro chegou, e Mariah entrou sem olhar para trás. Ela sabia que, se olhasse, poderia se arrepender de ter ido embora, poderia querer confrontar Apollo de novo, exigir respostas que já não importavam. Era melhor assim, partir antes que o coração quebrasse mais uma vez.

Entre Ódio e Saudade - Apollo MCOnde histórias criam vida. Descubra agora