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Apollo estacionou seu carro em frente ao prédio onde Mariah morava, o coração pesado e a mente cheia de pensamentos conflitantes. Ele sempre havia conhecido aquele lugar, tinha memórias dela riscando a porta com um sorriso largo e perguntando se ele tinha trazido suas guloseimas favoritas. Agora, tudo parecia diferente; a leveza havia se dissipado, e um peso de angústia pairava entre eles.

O porteiro acenou ao vê-lo, um reconhecimento silencioso entre eles. Apollo sorriu de volta, um gesto cordial, mas sem ânimo. Ele seguiu até o elevador, subindo até o andar de Mariah. Quando chegou ao apartamento, a porta estava entreaberta, e ele a empurrou suavemente.

Mariah estava jogada no sofá, sua cabeça reclinada para o lado, e os olhos semicerrados. "Ei, você está bem?" Apollo perguntou, observando-a com preocupação. A expressão dela era um misto de cansaço e embriaguez, e ele se perguntava se tinha feito a escolha certa ao buscá-la.

"Estou... só cansada," Mariah respondeu com a voz arrastada, enquanto tentava se sentar. "Acho que exagerei um pouco." Ela deu um leve sorriso, mas Apollo percebeu que não era um sorriso genuíno.

"Vamos arrumar sua cama," ele disse, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. Mariah balançou a cabeça em concordância, ainda meio tonta. Apollo a guiou até o quarto, onde as cobertas estavam jogadas de qualquer jeito. Ele a ajudou a se sentar na cama enquanto arrumava os lençóis e as travesseiras, a mente agitada com a lembrança das risadas que eles costumavam compartilhar naquele mesmo espaço.

"Pronto," ele disse, satisfeito, e se virou para ela. "Você precisa descansar." Mariah assentiu, olhando para ele com uma expressão que ele não conseguia decifrar.

Ele se afastou, mas antes de sair, decidiu deixar uma camiseta dele ao lado dela. "Aqui, use isso como pijama," ele sugeriu, passando a peça para ela. "É mais confortável do que aquela roupa."

"Obrigada, Apollo," Mariah murmurou, tocando a camiseta com os dedos como se estivesse absorvendo seu cheiro. Havia uma sensação de nostalgia e conforto naquela simples peça de roupa.

Apollo estava prestes a sair do quarto quando, de repente, ouviu a voz sonolenta de Mariah chamá-lo. "Espera!" ela resmungou. "Fica um pouco... por favor?" O pedido dela fez com que ele hesitasse. Havia algo em seu tom que o fez querer ficar, mesmo sabendo que a situação era complicada.

"Mariah, você vai se arrepender de manhã," ele disse, inclinando-se para sussurrar em seu ouvido. O ar quente de sua respiração fez com que um calafrio percorresse a espinha dela.

"Não ligo para o amanhã agora," ela respondeu, puxando o cobertor para mais perto e se aconchegando. Apollo suspirou, sabendo que ela estava em um estado vulnerável. A tentação de ficar era imensa, mas ele estava consciente do risco.

"Só por um tempo, então," ele disse, mais para si mesmo do que para ela. Ele se sentou na beira da cama, observando Mariah se acomodar. Com o coração acelerado, ele se deitou ao seu lado, sentindo uma mistura de segurança e ansiedade.

Mariah fechou os olhos, e a proximidade de Apollo a fez sentir-se protegida. Ele a puxou suavemente para mais perto, suas respirações se sincronizando. Ela sentia o calor do corpo dele, a familiaridade de estar ali, e isso a fez relaxar.

O quarto estava em silêncio, exceto pelo som suave de suas respirações. Apollo olhou para o teto, a mente girando com memórias de momentos que compartilharam juntos, risadas e brigas. "O que estamos fazendo?" ele murmurou para si mesmo, mas a resposta parecia distante e irrelevante. O momento era precioso, e ele não queria quebrá-lo.

Mariah, ainda meio sonolenta, se virou para encará-lo. "Por que você é tão insuportável?" ela perguntou, uma mistura de carinho e brincadeira em sua voz. Apollo não conseguiu conter um sorriso. "Você é que é complicada," ele respondeu, a provocação flutuando entre eles.

Ela deu uma risada baixa, mas logo seus olhos se fecharam novamente. Apollo observou enquanto seu rosto se relaxava, a expressão de despreocupação voltando. A imagem dela dormindo tão próxima dele fez seu coração apertar de uma maneira estranha, mas confortante.

O tempo passou, e a escuridão do quarto envolvia os dois, criando uma bolha de privacidade em meio a um mundo repleto de complicações. Apollo se perdeu em pensamentos, perguntando-se se havia uma chance de que, apesar de tudo, eles pudessem encontrar o caminho de volta um para o outro.

Finalmente, o cansaço tomou conta dele, e ele acabou fechando os olhos. As horas se arrastaram, e ele não se importava mais com o que viria depois. A única coisa que importava era aquele momento, aquela noite. A vida fora das paredes do apartamento parecia distante e irrelevante.

Quando a manhã finalmente chegou, os primeiros raios de sol entraram pela janela, aquecendo o quarto. Apollo acordou antes de Mariah, notando a forma como ela se aconchegava mais contra ele enquanto sonhava. Ele sorriu, admirando a maneira como a luz iluminava seu rosto.

"Isso é insano," ele pensou, lembrando-se das palavras que dissera a ela na noite anterior. Era verdade que ele temia o que poderia acontecer quando ela acordasse e visse a realidade novamente. Mas, por enquanto, ele estava disposto a ignorar o mundo e aproveitar a paz que aquela manhã trouxe.

O cheiro de café começou a se espalhar pelo apartamento, e Apollo sabia que logo a realidade se imporia. Ele desejou que aquele momento de tranquilidade pudesse durar mais, mas a vida continuava, e ele precisaria lidar com as consequências da noite anterior.

Com um último olhar para Mariah, ele se levantou da cama e caminhou até a cozinha, ciente de que a manhã trazia perguntas e inseguranças, mas também a possibilidade de um novo começo. A única certeza que tinha era que, independentemente do que acontecesse, aquela noite mudara algo entre eles. A conexão que havia sido perdida poderia estar prestes a ser reencontrada.

Entre Ódio e Saudade - Apollo MCOnde histórias criam vida. Descubra agora