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- Aɴᴀ Jᴜ́ʟɪᴀ -

"Querida Eu:
Lembre-se de olhar
Apenas para Jesus."


Hoje tem culto de jovens na igreja e eu estou em frente ao espelho arrumando meu vestido longo branco com flores azuis e meu cabelo finalizado semi-preso.
Passo um perfume, pego minha bíblia e caminho até a sala.

- Monteiro já está esperando a gente lá fora. - Meu irmão fala assim que chego na sala.

- Então vamos né. - Ele me olha de cima a baixo. - O que foi? - pergunto.

- Está toda arrumadinha. - ele implica. - Quem vê assim até pensa que tu toma banho todos os dias né.

- Guilherme, não implique com sua irmã. - Minha mãe fala saindo da cozinha.

- Vamos se não vamos nos atrasar. - Ele revira os olhos. - Beijos mãe. - ele abraça minha mãe e eu faço o mesmo logo depois.

- Tchau meus filhos amados, que Deus proteja o trajeto de ida e o trajeto de volta. - Ela diz na porta de casa.

- Oi tia. - Gabriel abaixa o vidro e comprimenta minha mãe.

- Olá Biel. - Minha mãe comprimenta de volta.

- Oi tia. - Iza, que saiu do carro, abraça minha mãe. - Como a senhora está se sentindo hoje? - Ela sorri.

- Estou me sentindo muito bem hoje, e você querida? - Minha mãe responde com um sorriso gentil.

- Também graças a Deus. - Ela desfaz o abraço. - Vamos? - Ela olha para mim e só agora reparo que meu irmão já esta dentro do carro.

- Claro. - Digo caminhando até o banco da frente. Gostaria de entrar no banco detrás porém sabia que isso era indiscutível. - Oi. - Comprimento Gabriel.

- Oi, como está? - Ele sorri rapidamente que me faz questionar se esse sorriso realmente existiu.

- Estou bem, e você? - Pergunto desviando o meu olhar de seu rosto é me concentrando na estrada.

- Estou bem também. - Ele responde ainda concentrado na estrada e a conversa finaliza.

Fico tão concentrada no caminho até a igreja que nem percebo quando chegamos.

- Ana? Você vai descer agora? - Gabriel pergunta.

- Ah. - Digo saindo de meus pensamentos. - Vou sim, desculpa. - Sorrio envergonhada por minha falta de atenção.

Saio do carro e vou em direção a igreja, assim que entro percebo que ela está mais cheia que o normal.

- Oi. - Um garoto se aproxima de mim e fala.

- Oi. - Responde dando um leve sorriso em sinal de simpatia.

- Você é nova por aqui? - Ele pergunta é coloca as mãos nos bolsos.

- Em partes sim. - Digo e ele faz uma cara confusa. - Eu morei aqui até os 14 anos, depois fui para Portugal e voltei agora com 17.

- Ah, agora eu entendi. Você é bem nova né.

- Sim. - Rio com a a sua afirmação. - Porque?! Você é muito velho?

- Não. - Ele ri. - Tenho apenas 20 anos.

- 3 aninhos de diferença apenas, não é muita coisa.

- É, não é não. - Ele ri. - Meu nome é João, prazer. - Ele estende a mão.

- O meu é Julia, prazer. - Aperto a sua mão. - Você é novo aqui na igreja?

- Sou, sou sim. To vendo se esse mundo cristão é pra mim. - Ele diz e sorri. - Tive uma adolescência apocalíptica e quando decidi voltar a estudar, uma menina da minha sala começou a me contar sobre Cristo e eu decidi ver como é que era esse mundo cristão.

- Cristo é para todos João, para os assassinos que se arrempem, para os drogados que almejam uma nova vida... Cristo é para todos, ele morreu por todos, basta a gente querer ser de Cristo. - Assim que eu termino de falar, Gabriel chega e coloca o braço no meu ombro, que, devido a diferença de altura, parece mais que ele esta me usando como apoio.

- Oi, sou o Gabriel, prazer. - Ele estende a mão.

- João, prazer. - Ele comprimenta apertando a mão dele.

- Só vim avisar que o culto já vai começar e é melhor vocês entrarem se não quiserem perder uma parte do culto. - Ele sorri mas eu consegui perceber que o sorriso era meio falso.

- Você quem vai pregar hoje também? - Pergunto para Gabriel enquanto entramos na igreja.

- Não, hoje eu vou tocar. - Diz sem olhar para mim.

- Entendi.

𝐀𝐭𝐞́ 𝐐𝐮𝐞 𝐄𝐥𝐞 𝐕𝐞𝐧𝐡𝐚 • Rᴏᴍᴀɴᴄᴇ Cʀɪsᴛᴀ̃ᴏOnde histórias criam vida. Descubra agora