Capítulo 38

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🖤 KAREN GASPAR 🖤

Acordei com uma dor familiar, uma cólica que há meses não sentia. Fazia tempo que minha menstruação não dava sinais de vida, e eu já tinha começado a me acostumar com essa ausência, mas aquela dor trouxe de volta um sentimento estranho de apreensão. Patrick estava na cozinha, provavelmente preparando o café da manhã, e eu, ainda deitada, sentia meu estômago se revirar.

Quando ele entrou no quarto, com aquele sorriso doce que sempre conseguia me acalmar, eu não sabia como começar. Mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele notou minha expressão.

— Está tudo bem, amor? — ele perguntou, aproximando-se com cuidado e se sentando ao meu lado.

— Acho que estou com cólica — murmurei, levando as mãos à barriga — E fazia meses que eu não sentia dor.

Patrick me olhou preocupado, mas logo se levantou, sem hesitar, e saiu do quarto. Minutos depois, ele voltou com uma barra de chocolate e remédios na mão, sempre aquele cavalheiro atencioso.

— Aqui, isso deve ajudar — disse ele, me entregando o chocolate e um copo d'água — Mas, Karen, quando foi a última vez que você menstruou?

Fechei os olhos por um momento, sentindo o peso da pergunta. Eu sabia a resposta. Desde maio. Fazia meses. Minha menstruação estava atrasada, mas eu evitava pensar no que aquilo significava.

— Desde maio, Patrick — respondi com a voz baixa — Eu estou com medo.

O sorriso tranquilo dele se abriu lentamente, como se uma ideia estivesse tomando forma em sua cabeça. Ele olhou para mim, seus olhos brilhando.

— Você acha que pode estar grávida? — ele perguntou, a voz carregada de esperança.

Eu não consegui responder imediatamente. Um medo profundo me consumiu. Não era a primeira vez que eu pensava nisso, mas a ideia de estar grávida me aterrorizava. Não depois de tudo. Não depois da perda. A simples menção da palavra "grávida" fez meu coração disparar.

— Não... Patrick, não, — eu disse, sentindo as lágrimas encherem meus olhos — E se eu estiver? E se eu perder de novo? Eu não sei se consigo passar por isso outra vez. E se eu não estiver? O que está acontecendo comigo?

Ele rapidamente se aproximou e me envolveu nos braços, me acalmando com aquele abraço reconfortante que sempre me fazia sentir segura.

— Karen, calma — ele sussurrou, acariciando meu cabelo — Nós vamos descobrir juntos, tá? Vamos fazer um teste, só para termos certeza. E, se não for isso, a gente procura um médico, vê o que pode estar acontecendo.

Eu sabia que ele estava certo, mas o medo ainda me paralisava. O abraço dele, no entanto, me dava forças. Acenei com a cabeça, ainda insegura, mas concordando.

QUEBRA DE TEMPO

A tarde já começava a se despedir quando Patrick me levou ao médico. O medo ainda estava lá, pulsando a cada passo, mas a presença dele me dava força. Não era só o medo de perder outro bebê, mas o medo de não conseguir ser suficiente para enfrentar essa batalha mais uma vez. No caminho para o consultório, Patrick falava calmamente, tentando me distrair, enquanto eu olhava pela janela do carro, sentindo o mundo girar ao meu redor.

Assim que chegamos, o ambiente estéril e silencioso do consultório só aumentou minha ansiedade. Patrick apertou minha mão, nos guiando até a sala de espera. Meu coração batia acelerado enquanto esperávamos pelo médico, e tudo que eu conseguia pensar era: "Será que estou pronta para isso de novo?"

Promete - Katrick 2Onde histórias criam vida. Descubra agora