Capítulo 32

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🖤 LUNA GASPAR SANTANA 🎻

A manhã começou como qualquer outra. Mamãe e papai praticamente não se falaram durante o café. Papai saiu mais cedo, e mamãe estava atolada no trabalho, como sempre. Eu fui pra escola sozinha, era perto de casa, mas minha cabeça estava em outro lugar. Nada parecia fazer sentido. Tudo o que eu fazia para tentar chamar a atenção dos meus pais parecia só afastá-los ainda mais.

Quando cheguei em casa depois da aula, a casa estava vazia, como de costume. Fui até o escritório da mamãe. Lá, em cima da mesa, estava a câmera fotográfica dela. Era um modelo antigo, mas ela sempre a usava quando tinha tempo livre, o que raramente acontecia.

Peguei a câmera, sentindo o peso dela nas mãos. Era o último presente que a mamãe tinha recebido do meu avô, ela sempre falava isso. Eu sabia que essa câmera significava muito para ela, mas... e eu? Eu significava alguma coisa? Tudo parecia girar em torno do trabalho. Era sempre trabalho, trabalho, trabalho. Eles nunca tinham tempo pra mim.

Talvez se eu quebrasse a câmera..., pensei. Talvez, se eu fizesse algo drástico, ela finalmente me olhasse de verdade. Talvez parasse de ignorar o que eu estava sentindo. Segurei a câmera com mais força, pensando no que fazer. Mas, antes que eu pudesse tomar uma decisão, ouvi o barulho da porta se abrindo.

— Luna! — A voz da mamãe ecoou pela casa, e meu coração disparou. Ela apareceu na porta do escritório, o olhar surpreso ao me ver com a câmera nas mãos. — O que você tá fazendo com a minha câmera?

Ela atravessou a sala rapidamente e tirou a câmera das minhas mãos antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

— Eu... só queria ver... — gaguejei, sentindo o estômago revirar.

Ela olhou para a câmera com tanto cuidado, como se estivesse protegendo um pedaço de si mesma.

— Você sabe o que essa câmera significa pra mim, Luna. — A voz dela estava mais baixa, mas ainda firme — Foi o último presente que meu pai me deu. Eu não posso perder isso.

Eu olhei para ela, a raiva e o arrependimento se misturando dentro de mim.

— Você tá sempre mais preocupada com suas coisas do que comigo... — murmurei, mas ela não me ouviu.

Ela suspirou, passando a mão pelos cabelos, visivelmente frustrada.

— Luna, você tá de castigo — disse ela, sem rodeios — Fica em casa até eu voltar.

Eu não disse nada. Ela pegou o documento que tinha esquecido e saiu de casa rapidamente, a porta batendo atrás dela.

Fiquei ali, sozinha, sentindo o peso da situação. Mas, claro, eu não ia ficar em casa. Peguei meu skate e fui para o parque, onde sabia que Lorenzo estaria. Eu precisava de um tempo fora daqui.

Quando cheguei, vi ele lá, andando de skate como sempre. Fazia tempo que a gente não se falava direito. Ele andava distante, quase me ignorando. Eu não ia deixar isso passar. Comecei a andar na direção dele com o skate e, de propósito, acelerei até "atropelar" ele.

— Ei, olha por onde anda, Luna! — Lorenzo disse, claramente irritado, se levantando do chão enquanto esfregava o braço.

Eu sorri, tentando descontrair, mas ele me olhou de cima a baixo, o rosto fechado.

— O que foi? Não pode mais brincar agora? — perguntei, tentando fazer parecer uma piada.

— Brincar? — Ele revirou os olhos, pegando o skate do chão — Você só faz isso. Se comporta como uma criança.

Promete - Katrick 2Onde histórias criam vida. Descubra agora