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As semanas se passaram e clara sentia que estava enraizada naquele navio, amou as histórias contadas pelo pai sobre suas navegações e se sentiu mais segura depois que os outros companheiros vinham até seu consultório sem receio e com confiança

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As semanas se passaram e clara sentia que estava enraizada naquele navio, amou as histórias contadas pelo pai sobre suas navegações e se sentiu mais segura depois que os outros companheiros vinham até seu consultório sem receio e com confiança.

(Pov'1)

O vento suave bagunçava meus cabelos enquanto eu esfregava o convés. As tábuas desgastadas exigiam esforço, mas o trabalho árduo me ajudava a manter a mente ocupada. Afinal, só fazia 1 mês e 2 semanas que eu tinha embarcado nesta tripulação.

Levantei os olhos disfarçadamente, sentindo aquele olhar familiar que sempre me fazia perder o foco. E lá estava Ace, encostado na amurada, me observando com aquele meio sorriso. Ainda não conseguia acreditar que ele estava aqui, no mesmo navio que eu.  Ficamos um bom tempo separados mas, ao olhar para ele agora nesse mesmo navio, parecia que tudo tinha voltado à tona de uma vez só.

Ace tinha aquele ar de líder, com a postura firme, o olhar atento e o sorriso leve, como se soubesse exatamente o que se passava na minha cabeça.

- Está se esforçando demais, Clara. - A voz grave dele cortou o silêncio do convés.

Meu coração disparou ao ouvir meu nome em seus lábios. 1 mês e duas semanas e eu já estava sentindo coisas que pensei ter deixado para trás.

- Não tem como fugir do trabalho. - Respondi, tentando soar despreocupada.

- Especialmente quando o comandante da segunda divisão está de olho. - Ele deu uma risada leve e desceu lentamente até onde eu estava, como se não tivesse pressa. Ace se agachou ao meu lado, próximo o suficiente para que eu sentisse o calor de sua presença. O tempo parecia ter parado entre nós, mas era estranho estar ali novamente, depois de tanto tempo separados.

O vento suave bagunçava meus cabelos enquanto eu organizava meus instrumentos médicos no convés. Fazia apenas dois dias que eu tinha entrado para esta tripulação, e ainda estava me adaptando ao papel de médica dos tripulantes. No entanto, a rotina me ajudava a me concentrar, afastando os pensamentos que surgiam sempre que eu o via.

O peso das expectativas estava sempre presente. Eu assumi o papel vital de cuidar da saúde dos tripulantes.

- Sabe... é importante que o médico esteja sempre preparado. - Eu disse com um sorriso discreto, tentando esconder o quanto sua presença me afetava.

- E bom ver que você se preocupa com  nossos companheiros, mas também deve cuidar de você. - Ele disse para mim.

Eu desviei o olhar, fingindo continuar a organizar meus materiais.

- Eu não me esforço apenas como médica, mas também para me sentir satisfeita comigo mesma. - Eu expliquei a ele.

Desde que cheguei, li os laudos médicos dos meus companheiros e fiz uma avaliação para cada um deles, quero provar que sou eficiente no que eu faço, isso é tudo para mim. Agora não estou aqui apenas pelo Ace, mas também pelos meus novos colegas.

Ace permaneceu abaixado ao meu lado, sua presença inegável. Eu tentava me concentrar nos meus instrumentos médicos, fingindo que a proximidade dele não mexia comigo, mas era impossível. Seu cheiro, a sensação de que seus olhos não desgrudavam de mim, tudo parecia muito intenso.

- Sabe, clara. - Ele começou, em um tom que me fez prender a respiração.

- Sempre gostei de ver você tão dedicada... Mas parece que não está me dando atenção suficiente. - Sua voz carregava uma malícia suave, e, sem que eu pudesse evitar, senti o calor subir até o rosto.

Tentei rir para disfarçar.

- Estou ocupada, Ace. É meu trabalho manter esses tripulantes em pé, você sabe disso. -

- Ah, eu sei. - Ele disse, inclinando-se um pouco mais perto, sua voz agora Num sussurro.

- Mas é difícil ignorar o fato de que está mais bonita do que me lembro.-

Senti meu corpo se enrijecer ao ouvir aquilo. Não sabia o que responder, e o jeito como ele estava tão próximo, com aquele tom de brincadeira que sempre usava, só tornava tudo mais complicado. Ele se aproximou um pouco mais, até que eu senti seu ombro roçar no meu, de propósito, quase provocando. Meu coração começou a martelar mais forte, e, por um segundo, perdi o foco no que estava fazendo.

- Você sempre foi assim? Tão focada no trabalho que esquece o que está ao seu redor? - Ele perguntou, com um sorriso brincalhão nos lábios.

Eu engoli em seco, tentando manter a postura.

- Não é isso. Só estou tentando me concentrar. -

- Sei... - Ele disse, a voz carregada de insinuação. - Mas acho que está se concentrando na coisa errada agora.

Ace estava perigosamente perto. Seus olhos me analisavam com um brilho que eu conhecia muito bem, mas havia algo diferente agora, algo mais intenso. O tom provocador que ele usava me deixava nervosa, mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim não queria que ele se afastasse.

Havia algo no tom dele, no jeito despreocupado, mas intenso ao mesmo tempo, que fazia com que meus pensamentos se embaralhassem.

A tensão no ar se dissipou um pouco quando marco, com seu jeito sempre calmo, deu uma leve risada.

- Ace, você é impossível. - Disse ele, balançando a cabeça, sem deixar de lançar um olhar brincalhão na minha direção.

- Mas cuidado para não distrair demais a nossa médica. Ela tem um trabalho importante a fazer. - O sorriso de marco era discreto, mas o suficiente para mostrar que ele também sabia brincar, mesmo que não no mesmo nível de Ace.

Eu respirei aliviada, sentindo que, apesar do controle que ele exercia, o comandante da primeira divisão tinha uma leveza que tornava sua presença mais fácil de lidar.

- Distração? - Ace repetiu, colocando a mão no peito como se estivesse ofendido. - Eu? Eu estou só... supervisionando. Quer dizer, alguém precisa garantir que ela não se sobrecarregue. -

Marco riu baixo e lançou um olhar direto para mim, ainda com aquele tom divertido.

- Supervisionando... É isso que estão chamando agora? - Senti meu rosto corar novamente. Eles dois tinham uma dinâmica estranha, mas marco, mesmo mais sério, sabia muito bem como entrar na provocação sem perder o controle da situação.

- Acho que posso me virar sozinha. - Respondi, tentando me colocar no meio daquela troca com mais confiança.

- Tenho certeza que pode. - Marco disse, seu olhar suave com um toque de brincadeira.

- Mas sabe como é... Com o Ace por perto, nunca é demais ficar de olho. -

- Ei! -  Protestou ele, com um sorriso nos lábios.

- Não vai me culpar por tudo, Marco. A clara está fazendo um ótimo trabalho. Eu só estou aqui para... observar de perto. -

Marco apenas balançou a cabeça, ainda rindo.

- Sim, claro. Mas vou garantir que a observação não atrapalhe. Então, vou deixar vocês em paz por agora. Mas lembrem-se, o trabalho sempre vem em primeiro lugar. -

Com um último sorriso, marco deu as costas e foi em direção ao restante do convés, deixando para trás aquele clima mais leve, mas ainda carregado da sensação de que ace não perderia a oportunidade de continuar suas provocações assim que ficássemos sozinhos novamente.

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