A noite estava silenciosa no convés do Moby Dick, com o som suave das ondas batendo no casco do navio. Os piratas do Barba Branca tinham acabado de sair de uma batalha feroz contra uma frota inimiga. A tripulação estava exausta, mas vitoriosa. Clara, como médica da tripulação, estava ocupada cuidando dos feridos que chegavam um após o outro à enfermaria improvisada no convés. Seus pensamentos, porém, estavam voltados para Ace, que ainda não tinha voltado.
Clara tentava manter a calma, mas seu coração estava acelerado. Ela sabia que Ace tinha enfrentado o comandante inimigo, um guerreiro implacável, durante a batalha. Ela só conseguia pensar se ele estava bem. De repente, ela ouviu passos pesados e olhou para a entrada da enfermaria. Lá estava ele, Ace, sujo de sangue e fuligem, com a jaqueta rasgada e um sorriso no rosto, como se tudo estivesse sob controle.
- Você se machucou? - Perguntou Clara, caminhando rapidamente até ele.
- Ah, são só arranhões. - Disse Ace, tentando minimizar os ferimentos.
Quando ele tentou se mover, no entanto, seu corpo fraquejou por um momento, e Clara percebeu que ele estava mais ferido do que queria admitir. Sem dizer uma palavra, ela o guiou até uma cadeira e começou a examinar os cortes profundos no abdômen e no braço dele. Enquanto tratava as feridas, o silêncio entre os dois era carregado de sentimentos.
- Você precisa ser mais cuidadoso. - murmurou Clara, enquanto limpava o sangue de uma ferida no braço dele. Seu toque era delicado, mas firme.
- O que você acha que eu sentiria se algo acontecesse com você? -
Ace a observava em silêncio, seus olhos fixos no rosto concentrado de Clara. O brilho das lâmpadas penduradas acima refletia em seus cabelos, e ele sentiu uma onda de ternura crescer dentro de si. Apesar da dor dos ferimentos, a única coisa que realmente importava para ele naquele momento era ela.
- Clara. - Ace finalmente disse, pegando a mão dela, interrompendo o que ela estava fazendo por um instante.
- Eu posso lutar contra qualquer um, enfrentar qualquer coisa... Mas o que me assusta mesmo é te ver preocupada comigo assim. -
Clara parou por um momento, o coração acelerando. Ele sempre tentava esconder suas preocupações com sorrisos e bravatas, mas, naquele momento, ele estava sendo sincero.
- Você sempre me assusta quando volta assim, todo machucado. - Disse ela, os olhos se encontrando com os dele.
Ace sorriu, um sorriso suave, diferente de seu habitual sorriso provocador. Ele puxou Clara para mais perto e a beijou suavemente na testa.
- Eu sempre volto pra você. E vou sempre ficar bem, porque tenho você cuidando de mim. -
Clara corou levemente, mas deu um pequeno sorriso. Ela sabia que Ace era teimoso e sempre se colocava em situações perigosas, mas, naquele momento, tudo o que importava era que ele estava ali, ao seu lado.
Enquanto Clara cuidava dos últimos curativos no braço de Ace, o silêncio entre eles era confortável, mas carregado de emoções não ditas. A noite estava tranquila, mas o coração dela batia rápido, mais pela proximidade de Ace do que pelos cuidados médicos. O toque das mãos dela, cuidadoso e atento, era também cheio de carinho, e Ace sentia isso a cada movimento.
- Pronto - Ela disse, terminando de envolver o braço dele com uma faixa.
- Agora você só precisa descansar. -
Ace olhou para Clara, seus olhos escuros refletindo a luz fraca das lamparinas penduradas no convés. Ele segurou delicadamente a mão dela, fazendo com que Clara levantasse o olhar. Por um momento, eles apenas se olharam em silêncio, a tensão no ar crescendo à medida que a conexão entre eles se tornava mais palpável.
- Você sabe que eu odeio te ver assim, tão machucado. - Clara disse baixinho, mas sua voz traiu um pouco de preocupação e algo mais - um desejo que ela tentava esconder.
Ace se inclinou para mais perto, o calor de seu corpo irradiando contra Clara. Ele deu um sorriso suave, mas havia algo diferente em seus olhos, uma mistura de afeto e desejo.
- Eu sei. - Ele murmurou, sua voz baixa e rouca.
- E é por isso que eu sempre volto...-
Depois de tratá-lo, Clara o observou descansar, seu peito subindo e descendo suavemente enquanto ele adormecia. Ela se aproximou, sentindo o calor do corpo dele, e ficou aliviada por ele estar bem, mesmo que só por aquela noite.
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Flames [Concluído.√]
FanfictionEu lembro do dia em que Ace decidiu sair de casa como se fosse ontem. A luz da manhã entrava pela janela, mas a atmosfera estava carregada de uma tristeza que eu não conseguia ignorar. Ele arrumava suas coisas com determinação, mas meu coração se ap...