Capítulo Três

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— E como está o seu coraçãozinho? — Gattaz perguntou, curiosa.

— Batendo, né, Caroline! — Rosamaria respondeu, rindo, se fazendo de desentendida.

— Você entendeu, besta!

— Está na mesma, você sabe que a única mulher que eu amei foi a Camila, mas ela preferiu seguir em frente — respondeu, com uma risada sem humor.

— Eu nunca pensei que vocês fossem terminar assim, sempre achei que eram feitas uma para a outra.

— Eu também não esperava... — Rosamaria suspirou, visivelmente chateada, enquanto as lembranças inundavam sua mente.

3 de março de 2018

A sala estava silenciosa, exceto pelo tique-taque incessante do relógio na parede. Camila olhava pela janela, onde a luz do sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons avermelhados. O brilho quente parecia contrastar com a frieza que preenchia o ambiente entre elas. Quando Rosamaria entrou, seu olhar era determinado, mas Camila podia ver a exaustão estampada em seu rosto.

— Você não pode continuar assim, Rosamaria!—Camila disse, sua voz quebrando o silêncio, mas forte o suficiente para ecoar entre as paredes— Trabalhar é importante, eu sei, mas você está deixando nossa família de lado!

Rosamaria cruzou os braços, seu tom defensivo imediatamente se acendendo. — E o que você sugere? Que eu jogue tudo para o alto? O vôlei é a minha vida, Camila! Você sabe disso!

— E o que é nossa vida, então?—  Camila respondeu, sentindo a raiva e a frustração se acumularem em seu peito—  Alice e Helena sentem a sua falta! Elas me perguntam por que você nunca está em casa. Por que você prefere ficar no ginásio em vez de estar aqui com a gente?

Rosamaria balançou a cabeça, como se tentasse afastar as palavras.— Eu faço isso por vocês, para garantir que tenhamos um futuro! Não é fácil, você sabe disso!

— Futuro?— Camila quase gritou, a emoção transbordando— Você está tão focada em construir um futuro que está destruindo o presente! Nossos momentos juntos, a nossa família... tudo isso está se perdendo. E eu não posso mais ficar aqui, esperando que você decida voltar para casa!

A tensão na sala era palpável, como se o ar tivesse se tornado denso e pesado. Rosamaria respirou fundo, seus olhos escurecendo.

— Então o que você quer que eu faça? Que eu desista dos meus sonhos? Que eu pare de lutar por nós?

— Eu quero que você escolha a nossa família!— Camila exclamou, a dor em sua voz tornando-se clara. — Eu não posso continuar assim. Se você não pode ver o que está perdendo, talvez seja melhor que a gente se separe. Não posso viver assim, na sombra do seu trabalho.

A última frase caiu como um peso, e por um momento, o mundo pareceu parar. Rosamaria ficou em silêncio, a raiva dando lugar ao desespero. Ela sabia que cada palavra de Camila carregava um peso que nenhuma delas poderia ignorar. O brilho de suas esperanças, sonhos e promessas parecia esmaecer a cada segundo.

— Você não está falando sério...— Rosamaria murmurou, o tom de incredulidade evidente em sua voz.

— Estou, Rosamaria. Se isso é tudo o que você vê, se o vôlei é mais importante do que nós, então eu não posso mais lutar sozinha. —Camila virou-se, não conseguindo conter as lágrimas que agora escorriam por seu rosto. Cada passo em direção à porta era um eco de sua decisão, uma separação que ela nunca imaginou que teria que enfrentar.

Rosamaria a seguiu, mas a distância entre elas parecia insuperável. “Camila, espera...” sua voz era um sussurro, mas a determinação de Camila não vacilou. Ela abriu a porta, o ar fresco da noite invadindo a sala como um lembrete do que estava em jogo.

Amor em jogo - Rosamaria Onde histórias criam vida. Descubra agora