Capítulo Treze

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- Camila? - chamou, a voz carregada de ansiedade.

Nenhuma resposta.

Ela empurrou a porta do quarto e entrou, e o que viu fez seu mundo desmoronar. Camila estava caída no chão da sala, o corpo em posição de defesa, coberto de marcas e hematomas. O sangue manchava o chão ao redor dela, e seu rosto, tão familiar e amado, estava irreconhecível de tanto que havia sido machucado. Rosamaria sentiu seu estômago revirar, e o desespero apertou sua garganta.

- Não... Camila... - A voz de Rosamaria quebrou enquanto ela se ajoelhava ao lado da ex-mulher, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Ela a havia avisado, ela tentou... mas agora era tarde demais.

Alguns dias antes....

A festa na casa da Letícia estava a todo vapor. A música alta preenchia cada canto, adolescentes se divertiam e se agarravam, nada muito diferente do esperado para uma noite como aquela. Mas tudo mudou quando Felipe, namorado de Letícia e aluno do terceiro ano, apareceu com os amigos e várias caixas de bebidas alcoólicas. O clima descontraído logo se transformou em algo mais descontrolado.

Clara foi embora cedo, temendo a reação da mãe conservadora, mas Alice permaneceu. Sozinha, observava o caos ao seu redor com uma mistura de tédio e preocupação.

Do outro lado do salão, Maya, sua eterna rival, estava completamente fora de si. Bebendo como se fosse a última noite de sua vida, ela já tinha beijado várias pessoas e mal conseguia se manter de pé. Embora não quisesse admitir, Alice sentiu uma ponta de preocupação ao ver o estado da garota.

- Se preparem para a festa! - Maya gritou, rindo enquanto tentava, desajeitadamente, tirar a blusa. Ela cambaleava, claramente bêbada, sem a menor noção do que estava fazendo.

Os olhos de Alice se arregalaram. Ela sabia que Maya estava prestes a fazer algo de que se arrependeria. Com esforço, apoiada em suas muletas, Alice foi até ela. Com cuidado, puxou Maya pelo braço e a levou para um canto mais reservado da casa, longe dos olhares curiosos. Pegou um copo d'água e o empurrou para as mãos da garota.

- Qual é o seu problema?! - Alice explodiu, furiosa. - Você perdeu a cabeça? Como você acha que eu vou sair daqui com você desse jeito? Minha mãe vai nos matar! - Ela balançou a cabeça, exasperada. - Você é completamente irresponsável!

Maya, em vez de retrucar como sempre fazia, apenas a encarou com um sorriso desafiador, seus olhos vidrados. Mas havia algo a mais naquele olhar, uma tristeza mal disfarçada.

- Vai, Alice, me dá um sermão, como se você fosse tão perfeita... - Maya riu, com uma amargura na voz. - Mas quer saber? Eu tô pouco me lixando. Porque, sinceramente, nada disso importa.

- Como assim "nada disso importa"? - Alice rebateu, confusa. - Você tá se destruindo, e por quê? Só porque quer atenção?

Maya apertou o copo com força, tentando manter a fachada durona. Sua voz saiu entrecortada, mas ainda carregada de arrogância.

- Você não entende nada, não é? - Ela bufou. - Meus pais estão se separando, e tá sendo um inferno! Mas é claro que ninguém sabe, porque eu não saio por aí me fazendo de vítima como certas pessoas. - Seus olhos brilharam com as lágrimas que ela teimava em segurar.

Alice ficou em silêncio, o impacto das palavras de Maya tirando-a de seu eixo. Por um momento, a irritação foi substituída por algo mais suave. Maya, sempre tão orgulhosa e insuportável, estava claramente machucada. E Alice, embora ainda irritada, não pôde deixar de sentir compaixão.

- Maya... - Alice começou, a raiva se dissipando, mas foi interrompida.

- Não precisa sentir pena de mim, tá? - Maya cortou, sua voz agora baixa e mais vulnerável, apesar da tentativa de manter o tom ácido. - Eu tô bem. Sempre estive.

Amor em jogo - Rosamaria Onde histórias criam vida. Descubra agora